Richard Whitney
Funcionária exemplar. Profissional conscienciosa e sabedora – dos laboratórios conhecia segredos que, discreta, sugeria mal eram verbalizadas dificuldades ou carências. Jamais arredada do lugar – não lhe lembro faltas ao trabalho, mesmo quando instada a dar meia-volta e regressar a casa por maleitas; algumas sérias. Ficava. Sorria e as rugas desvaneciam-se.
Vez por vez, surgia com o rosto maltratado. Caíra, batera na porta do armário como explicações comuns. Casamento de muitas décadas. Filhos e netos que a amavam. Retribuía com a dádiva que na (im)pessoalidade laboral a caracterizava. Viu-me crescer como mulher e trabalhadora. Conheceu-me aos vinte e três anos. Meus. Continuou na profissão anos a fio além da reforma. O limite de idade remeteu-a à domesticidade exclusiva. Homenageada. Incensada. Mereceu.
Soube agora que, três anos após a saída, está num lar. O marido, culpado da violência que lhe marcava o rosto, finalmente!, fê-la procurar refúgio num sítio tranquilo. Teve sorte – 18000 idosos aguardam instituição que os receba quando a vida conta anos demais para utilidade reconhecida. A paga do lugar é incompatível com o líquido da reforma. Emocional e afectivamente apoiam-na filhos e netos. Reconhecidos pelo feito. Sem possibilidades económicas para tudo.
Ignorando ainda dados últimos do Eurostat - 35% dos portugueses não têm sistema de aquecimento apropriado em casa e 4% sem direito a refeição completa de dois em dois dias –, o local de trabalho mobilizou-se. Bateram fortes os corações. Partes dos salários empregues em bens e ajudas de primeira necessidade que à Srª D. Lourdes satisfaçam. Que lhe lembrem afectos/tributos por anos de dedicação honesta. Ninguém reteve 'quentinhos' apaziguadores da consciência pelas ajudas prestadas. Tomaram, não fossem precisas!
Perdoada seja a lamechice. Partidas da emotividade deixam-me indefesa.
CAFÉ DA MANHÃ
When I was seventeen
It was a very good year
It was a very good year
for small town girls
And soft summer nights
We'd hide from the lights
On the village green
When I was seventeen
When I was twenty-one
It was a very good year
It was a very good year for city girls
Who lived up the stair
And it came undone
When I was twenty-one
When I was thirty-five
It was a very good year
It was a very good year for
blue-blooded girls
Of independent means
We'd ride in limousines
And their chauffeurs would drive
When I was thirty-five
But now the days grow short
I'm in the autumn of my years
And I think of my life as vintage wine
From fine old kegs
From the brim to the dregs
And it poured sweet and clear
It was a very good year
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros