Don Dixon Bill Fogé
Eles levantam ouro nas caixas ATM; nós enviesamos o olho ao ler papelote do saldo cuspido pela máquina. Eles têm petróleo; nós possuímos solo exaurido e ausência de recursos. Eles cavam fossos sociais; nós do mesmo não saímos. Eles têm mulheres subservientes, outras condenadas porque na venta arrebitam os pêlos; nós, assim possamos, fugimos dos ditadores domésticos como da cruz o diabo e, à «fartazana», eriçamos, comummente, inestéticos pêlos sendo casa as narinas/ventas. Eles misturam «esgravata-céus» com adobe e tijolo sem revestimento nas habitações; nós construímos condomínios/clausuras de elite e a maioria vive em prédios roídos e na ruína. Eles cativam turismo de luxo; nós os assalariados medianos duma Europa falida. Eles compram griffes como nós adquirimos atum de lata. Eles têm hotéis de milhares de euros por noite, em que tudo sobe e desce automaticamente, quiçá os atributos enrolados na cama XXL; nós disponibilizamos aluguer de sítios com charme para ricaços e «têzeros» que os pelintras, todos quase, utilizam para ir ‘a banhos’. Eles estão cheios do muito que roda o mundo; nós de nada. Eles não viram o Papa; nós folgámos dia e meio. Eles são uns tristes, mas abanam as ancas; nós trememos dentro e fora. Eles vivem em Abu Dhabi nos Emirados Árabes Unidos; nós em aldeia abandonada na qual se transformou o país todo. Nós temos, entre outras, heranças do Saramago, da Amália, do Nadir Afonso, do Eusébio, mais a Paula Rego, o Querubim Lapa, a Manuela Pinheiro e fado e Fátima e futebol de jeito. Temos a palavra saudade, verdes a rodos, liberdade de nos exprimirmos conforme normas a passo mais apertadas, democracia carnavalesca, juntamos no mesmo palco B. B. King e Rui Veloso. Eles não.
CAFÉ DA MANHÃ
À chegada ao porto de abrigo em Cádis. Frente e verso.
Dia primeiro. O horizonte esquerdo do quarto/casulo era assim.
DESTAQUE - PARTIU EUSÉBIO DA SILVA FERREIRA, PRATIMÓNIO IMATERIAL DO FUTEBOL PORTUGUÊS. O PAÍS ESTÁ DE LUTO.
Ramachandra Babu ilustrador do Gulf News
CAFÉ DA MANHÃ
Autor que não foi possível identificar
Gosto de desporto, pratiquei alguns durante três décadas com entusiasmo e dedicação. Não sei se pelos relatos na rádio que em menina me eram impingidos aos domingos enquanto o senhor Marques, soldado e «impedido» da casa, lustrava com energia e solarina os dourados das fardas do pai, ter criado desgosto pelo futebol. Recordo um objeto de madeira onde os botões encaixavam para serem reluzidos sem que pingo gorduroso do químico deixasse marcas nos tecidos. Aninhava-me ao pé dele, conversava e ouvia-lhe as histórias. Não tardou, fiquei amiga dos filhos, sendo que o mais próximo em idade é hoje entidade respeitada na ciência em Portugal e noutras bandas que ao mundo pertencem. Como não era destituída de curiosidade e entendimento, muito lhe devo por motivações que absorvi e permanecem.
Deve ter sido por essa altura, que reinando o Futebol Clube do Porto em casa, adotei simpatia, jamais disso passou, pelo Benfica idolatrado pelo avô julgo que à conta do Eusébio. Curioso era assistir a desafios entre os dois clubes no convívio amigável e bem-humorado dos avós e dos pais – a mãe tornou-se portista ferrenha, enquanto à avó tanto se lhe dava. A mãe bordava, a avó dormitava. Os golos dum ou do outro clube eram aplaudidos por todos; a tal chegava o amor familiar. Esta tolerância aprendida cedo viria a integrá-la na personalidade que desenvolvi. Não me queixo.
Problema foi ter absorvido superstição, logo eu que a rejeito em qualquer forma e nela evito cair, de enviar «malapata» ao clube do meu coração, a Académica, se jogava. Não ouvia relatos nem via os desafios pela televisão, convencida que perderia pela certa se um mau-olhado algures em mim alojado interviesse. Ficou-me a mania. Ainda no presente, recuso saber de jogos da seleção nacional ou do Benfica ou da Académica. Ressalvo os resultados obtidos que após me preocupam e investigo. Pior: diverte-me ouvir os comentários dos «doutores da bola». Utilizam jargões suntuosos. A propósito do confronto da nossa seleção com os nórdicos, captei este: _ “O Ronaldo teve de comer a relva para marcar o golo.”
Ganhando a seleção por um «tento» - outro termo que adoro do «futebolês» –, sorri ainda o sábado nascera nem há meia dúzia de horas.
CAFÉ DA MANHÃ
Autores que não foi possível identificar
“Da sanzala para o mundo” veio Eusébio da Silva Ferreira que hoje comemora setenta anos. Foi responsável por muitas alegrias do povo português em tempo de desespero. É dito ser inspiração para musical encenado por Carlos Fragateiro que, deseja, reproduza o ambiente de um estádio, com cantores, actores e acrobatas, porque o futebol também pode ser isto.
Podemos desvirtuar a data, dar-lhe somenos importância por se tratar de um ‘homem da bola’. Injustiça - nenhuma actividade é menor quando cumpre o sonho nacional de levar longe o nome do país. E todos precisamos de alegria e esperança chegue donde chegar desde que talento e mérito o justifiquem.
Curiosidade: além de trazer para o desporto crianças e jovens arredando-os doutros caminhos, foi mito no mundo, em particular para Andrea Bocelli. A história adaptada: Bocelli sofria de glaucoma congénito e, lentamente, perdia a visão. Aos doze anos, jogava futebol, foi atingido na cabeça, perdeu definitivamente a visão. O ídolo de infância era Eusébio da Silva Ferreira. Quando Andrea Bocelli se tornou famoso, foi Eusébio que o quis conhecer: as posições inverteram-se.
Hoje, o ‘Pantera Negra’ celebra aniversário e é homenageado na Luz também pelo lançamento do livro escrito por João Malheiro que afirma: _ “Pretende ser uma «biografia popular e barata» do «maior jogador português de todos os tempos». Cavaco Silva e Luís Filipe Vieira assinam os textos de abertura e o prefácio é do maestro António Victorino d’Almeida.” Algumas «têvês» ajudam à festa – “a TVI emite um especial com Judite de Sousa a entrevistar Eusébio no restaurante A ‘Tia Matilde’, onde almoça há 50 anos; a RTP terá às 21h outro especial com Cecília Carmo a entrevistar ‘O Rei’.”
Parabéns Eusébio!
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros