Claude Théberge – City Just Autor que não foi possível identificar - Desserts Peter Ferguson
1ª – Chego-me ao balcão da pastelaria. Um homem, companheira ao lado, fazia encomenda de bolo de aniversário. No momento da escolha dos dizeres precisos, não hesita: _ “Quero-te sempre nua”. Olhos baixos na parceira silenciosa. Foi atendido e saiu. Ela atrás. No entretanto, mudas as gentes que no balcão esperavam vez.
Após o acontecido, o inevitável sururu. As funcionárias comentavam à socapa o insólito pedido. Os clientes riam e soltaram a língua. Uns ficaram pelo gargalhar discreto, outros dividiam opiniões: que sim, que fora de homem valente, que não, que embaraçara inutilmente a futura aniversariante, que a privacidade não se expõe com tamanho descaro. E eu nem que sim nem que não. Cogitava para os botões que não tinha: alguns homens desta sociedade arco-íris progrediram na espontaneidade de transmissão do que lhes vai na alma, ou, em alternativa, exponenciam o tradicional espírito marialva. Qual das duas razões?
2ª – Os colégios particulares continuam a liderar os rankings dos estabelecimentos de ensino com mais sucesso traduzido em todos os níveis dos exames nacionais. Nem admira: os pais são motivados a elevada participação na vida escolar dos respetivos infantes, os recursos familiares permitem complementar aprendizagens, o ensino vai além dos currículos ao abrangerem áreas como a responsabilidade, a disciplina, a saudável competição do aluno com ele mesmo. Nestas vertentes, as atividades extracurriculares em diminuta ou inexistente oferta nos estabelecimentos públicos pelo afogo económico completam a formação das áreas pedagógicas tradicionais. Por outro lado, os altos valores das mensalidades pagos nos colégios privados são a fonte dos meios que legitimam maior qualidade no ensino global. Os pais, normalmente com elevado estatuto social, procuram justificar o investimento na educação dos filhos ou por valores próprios ou pela informação majorada.
CAFÉ DA MANHÃ
Michele Del Campo e autor que não foi possível identificar
Na Refer, na TAP, na Carris e Metro, na ANA fervem greves nas alturas decisivas das necessidades dos cidadãos. Não fora assim, quem notaria as revindicações dos trabalhadores abrangidos por aquelas entidades? Tendo sindicatos tão pobretanas quanto eles e o país – inexistentes fundos que remunerem grevistas inscritos nas fileiras sindicais -, perdido o salário dos trabalhadores à conta de nada? Não seria arguto, muito menos eficaz na força da greve como forma de luta contra as injustiças perpetradas, lesivas dos direitos laborais.
É inaceitável a prepotência do Ministro da Educação ao não acatar a diretiva do Colégio arbitral que rejeitou serviços mínimos na greve dos professores no dia 17 em que ocorre o exame nacional de Português abrangendo a quase totalidade dos alunos do 12º ano seja qual for a área frequentada (Humanidades, Ciências e Artes). Depende de Crato e seus acólitos remarcar o exame referido para outra data não abrangida pelo intervalo de tempo previsto na duração da greve. Talvez, quem sabe, aspira ao cognome de Iron Man. Imerecido, de facto, pela argila mal cozida das medidas até aqui tomadas que não retiraram a condição de reféns aos alunos, suas famílias e professores.
O Ministério continua a transmitir aos portugueses a ideia de serem os professores cambada de madraços. Desautoriza-os. Generaliza a ideia de privilégios incomuns como reduzida carga horária, férias a rodos e proventos a mais quando da profissão deviam fazer sacerdócio. Mentiras que colam na opinião pública. Soubesse esta da burocracia inenarrável às costas dos professores que lhes retira tempo para um serviço educativo de qualidade, das deploráveis condições de segurança nas escolas onde os pais deixam os filhos, outra seria a reação das famílias. Fazer dos professores bodes expiatórios é o rumo populista mais fácil. Desfoca o essencial.
Importa saber os exames nacionais como decisivos para discentes e docentes. Uns e outros consideram-nos momentos altos pela avaliação do trabalho desenvolvido anualmente. O caminho da greve é o último que os professores aceitam, salvo quando reconhecem em perigo a qualidade do ensino que prestam e os direitos dos alunos por via do autismo governamental.
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros