Frente e Verso do ‘Picture Disc’ com as primeiras gravações de Amália Rodrigues
“Fado de Lisboa esteve na origem de tango e bolero, diz o investigador e professor universitário chileno Miguel Angel Vera. Explicou que estes géneros musicais são na verdade um «encontro de famílias» resultantes das travessias do Atlântico Sul feitas por muitos portugueses entre 1880 e 1930. Defende que o fado de Lisboa esteve na origem do tango e do bolero, uma tese que começa numa música que Amália Rodrigues costumava cantar nos seus espetáculos. Miguel Angel Vera mais disse: a investigação começou quando a fadista portuguesa disse que “Fallaste Corazón”, uma canção ranchera, era um fado mexicano.
Miguel Angel Vera, que está a apresentar um disco com dezasseis inéditos de Amália, resultado de pesquisas que fez na América Latina, e designado “De Porto a Porto” com apresentação agendada para esta quinta-feira no “Mouraria”, procurou provas que juntassem numa família vários tipos de canção urbana, todas nascidas em cidades portuárias, como Vera Cruz, Santiago de Chile, Cuba, Callao, Buenos Aires e Guayaquil.
«Não é por acaso que nestes portos que existem músicas que são semelhantes ao fado», acrescentou Miguel Angel Vera, numa referência a géneros como rancheras, boleros, cantineros e cantigas crioulas que têm o mesmo compasso binário que o fado. Este professor chileno descobriu que um quarto das tripulações que faziam travessias rumo ao Atlântico Sul entre 1880 e 1930 eram de origem portuguesa e que, por isso, o fado e as cantigas da América do Sul são «encontros de famílias».”
Fonte: http://www.tsf.pt/PaginaInicial/Vida/Interior.aspx?content_id=3935807
CAFÉ DA MANHÃ
Morte da Severa - autor que não foi possível identificar
Grácio Freitas – Amália, pop arte Grácio Freitas – Mariza, pop arte
Li: “Fernando Pessoa afirmou ao Diário de Notícias, em 1929, que “a canção é uma poesia ajudada” e, referindo-se ao fado, sobre o qual escreveu “Há uma música do povo”, o poeta disse que “não é alegre nem triste". "É um episódio de intervalo”.
“Domou-o a alma portuguesa, quando não existia, e desejava tudo sem ter força para o desejar”, acrescentou Pessoa, referindo que, "no fado, os Deuses regressam legítimos e longínquos".”
Soube: em Abril, é editado o novo álbum de Mariza. Um dos temas, “É ou não é”, foi originalmente interpretado por Amália Rodrigues e criado por Alberto Janes, um dos mais populares compositores portugueses das décadas de 1950 e 1960, autor de alguns dos fados mais conhecidos da nossa fadista maior. A letra mantém atualidade. Vejamos:
“É ou não é
Que o trabalho dignifica
É assim que nos explica
O rifão que nunca falha?
É ou não é
Que disto, toda a verdade,
Que só por dignidade
No mundo, ninguém trabalha!
É ou não é
Que o povo diz que não,
Que o nariz não é feição
Seja grande ou delicado?
No meio da cara
Tem por força que se ver,
Mesmo até eu não meter
Aonde não é chamado!
Digam lá se assim ou não é?
Ai, não, não é!
Digam lá se assim ou não é?
Ai, não, não é! Pois é!
É ou não é
Que um velho que à rua saia
Pensa, ao ver a minissaia:
Este mundo está perdido?!
Mas se voltasse
Agora a ser rapazote
Acharia que saiote
É muitíssimo comprido?
É ou não é
Bondosa a humanidade
Todos sabem que a bondade
É que faz ganhar o céu?
Mas na verdade, não
Lá sem salamaleque,
Eu tive que aprender
É que ai de mim se não for eu!
Proponho: ouvir as interpretações de Amália Rodrigues e de Mariza do “É ou não é”.
CAFÉ DA MANHÃ
Don Dixon Bill Fogé
Eles levantam ouro nas caixas ATM; nós enviesamos o olho ao ler papelote do saldo cuspido pela máquina. Eles têm petróleo; nós possuímos solo exaurido e ausência de recursos. Eles cavam fossos sociais; nós do mesmo não saímos. Eles têm mulheres subservientes, outras condenadas porque na venta arrebitam os pêlos; nós, assim possamos, fugimos dos ditadores domésticos como da cruz o diabo e, à «fartazana», eriçamos, comummente, inestéticos pêlos sendo casa as narinas/ventas. Eles misturam «esgravata-céus» com adobe e tijolo sem revestimento nas habitações; nós construímos condomínios/clausuras de elite e a maioria vive em prédios roídos e na ruína. Eles cativam turismo de luxo; nós os assalariados medianos duma Europa falida. Eles compram griffes como nós adquirimos atum de lata. Eles têm hotéis de milhares de euros por noite, em que tudo sobe e desce automaticamente, quiçá os atributos enrolados na cama XXL; nós disponibilizamos aluguer de sítios com charme para ricaços e «têzeros» que os pelintras, todos quase, utilizam para ir ‘a banhos’. Eles estão cheios do muito que roda o mundo; nós de nada. Eles não viram o Papa; nós folgámos dia e meio. Eles são uns tristes, mas abanam as ancas; nós trememos dentro e fora. Eles vivem em Abu Dhabi nos Emirados Árabes Unidos; nós em aldeia abandonada na qual se transformou o país todo. Nós temos, entre outras, heranças do Saramago, da Amália, do Nadir Afonso, do Eusébio, mais a Paula Rego, o Querubim Lapa, a Manuela Pinheiro e fado e Fátima e futebol de jeito. Temos a palavra saudade, verdes a rodos, liberdade de nos exprimirmos conforme normas a passo mais apertadas, democracia carnavalesca, juntamos no mesmo palco B. B. King e Rui Veloso. Eles não.
CAFÉ DA MANHÃ
Gustavo Fernandes, Manuela Pinheiro
“A decisão da UNESCO foi favorável à candidatura portuguesa e o Fado passou, a partir de ontem, a ser considerado Património Imaterial da Humanidade.” Sinto-me alegre como badalo de igreja ao exultar, oscilando, boas novas.
"Chegaste a horas
Como é costume
Bebe um café
Que eu desabafo o meu queixume
Na minha vida
Nada dá certo
Mais um amor
Que de findar me está tão perto
Leva-me aos fados
Onde eu sossego
As desventuras do amor a que me entrego
Leva-me aos fados
Que eu vou perder-me
Nas velhas quadras
Que parecem conhecer-me
Dá-me um conselho
Que o teu bom senso
É o aconchego de que há tempos não dispenso
Caí de novo, mas quero erguer-me
Olhar-me ao espelho e tentar reconhecer-me."
CAFÉ DA MANHÃ
Gustavo Fernandes
“Deixemos de lado miserabilismos e concentremo-nos nas coisas boas, não como escape mas como realidade. Vivi em Portugal há quinze anos. Agora, de volta, sugiro dez factos, entre muitos, que melhoraram em Portugal desde a minha primeira estadia. Não incluo o bom que era e ainda é fantástico (desde a forma como acolhem os estrangeiros até à pastelaria).
- Mortalidade nas estradas; as estatísticas não mentem _ o número de pessoas que morre em acidentes rodoviários é muito menor, cerca de 2000 em 1993 e de 776 em 2009. A experiência de conduzir na Marginal é agora prazer, não um terror. O tempo do Fiat Uno a 180km/h colado a nós nas auto-estradas está a passar.
- O vinho; já era bom, mas a variedade e a inovação são notáveis, com muito mais oferta e experiências agradáveis. O mesmo sobre o azeite e outros produtos tradicionais.
- O mar; Lisboa, em 1994, era uma cidade virada de costas para o mar; poucos restaurantes ou bares com vista, e pouca gente no mar. Hoje, vemos esplanadas e surfistas em toda a parte. Muita gente a aproveitar melhor um dos recursos naturais mais importantes do país.
- A zona da Expo: era horrível em 1994, cheia de poluição, com as antigas instalações petrolíferas. Agora é uma zona urbana belíssima, com museus e um Oceanário entre os melhores que há no Mundo.
- A saúde: a qualidade do tratamento é muito melhor hoje em dia, apesar das dificuldades financeiras, etc. A prova está no aumento da esperança de vida, de cerca de 74 em 1993 para 78 anos em 2009.
- Os parques naturais; viajei muito este ano do Gerês a Monserrate; tudo mais limpo, melhor sinalizado, mais agradável. O pequeno jardim está, de facto, mais bem cuidado.
- O cheiro. Sendo por natureza liberal nos costumes sociais, não fui grande fã da proibição de fumar, mas, confesso, a experiência de estar num bar ou num restaurante em Portugal é hoje mais agradável com a ausência de tabagismo. E a minha roupa cheira menos mal no dia seguinte.
- A inovação; talvez seja fruto da minha ignorância do país em 1994, mas fico de boca aberta quando visito algumas das empresas que estão a investir no Reino Unido; altíssima tecnologia, quadros dinâmicos e _ o mais importante _ sem medo. Acreditam que estão entre os melhores do mundo, e vão ao meu país, entre outros, para prová-lo.
- O metro de Lisboa. É limpo, rápido, acessível e tem estações bonitas.
- As cores; Portugal tem e sempre teve cores naturais bonitas. Mas a minha memória de 1994 era o aspecto visual bastante cinzento das cidades, desde a roupa até aos carros. Hoje há mais alegria - recordo um português que me disse, talvez com tristeza, que o país estava a tornar-se mais tropical. Em termos de imagem, parece-me um elogio!”
Alexander Ellis, Embaixador Britânico
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros