Deambular por becos esquecidos, redescobri-los nas suas peculiaridades modestas, no comércio ora humilde, ora elegante, nos pináculos das igrejas furando o céu.
No 35 da Ferreira Borges, o Café Restaurante Nicola. Para mim, lugar de paragem obrigatória por acolher os meus pais, mais tarde só a mãe, mais o seu grupo de amigos. Reunidas mesas, assentos colados, marcadas as onze horas, era a conversa, a partilha dos quotidianos particulares, o refletir sobre a realidade portuguesa. O Sr. Raul, tive o gosto de o rever na hora matutina a que arribei, deu novas do grupo há muitos anos servido por ele. Rematámos as memórias com o envio de um beijinho para a minha mãe. Dele não foi formalidade social, mas ternura genuína. Despedimo-nos até um dia futuro.
Nas ruas do sábado pejado de sol, na Visconde da Luz, na antiga Praça Velha e agora Praça do Comércio, animação cultural, mostra de frutos e tradições outonais, coleção de espantalhos a encherem o olho de quem passava ou se detinha. A Baixa Coimbrã mais viva e sedutora.
CAFÉ DA MANHÃ
Aguarela de Júlio Rodrigues
Rematámos a noite na Quinta das Lágrimas. Antes, os nossos passos estalaram o cascalho do parque rente ao Mondego pródigo em vetustas tílias e carvalhos. Os papiros antecipavam a subtil corrida das águas serenas. Como nós. Tu debruçado sobre o rio, eu aproximando-me de mansinho. Ontem, ou anos atrás? Deliberadamente confundo tempos e momentos de afetos encastoados. Como joias de família que aguardam num cofre a luz e a pele.
Na conversa, evitámos a avareza. Mas houve silêncios desejados e alegremente consentidos. No velhinho e vazio largo das «Ciências», lembrámos itinerários - as descidas das ruas torcidas com empedrado gasto em que a chuva mais depressa fazia deslizar os pés do que o corpo. O sol poente avivava as cores do casario amontoado até ao céu, entrecortado pela alegria do arvoredo da Sereia. E foi falador o silêncio que tu e eu respeitámos, receando quebrar a magia, precária como todas.
Consertáramos pernoita na Quinta das Lágrimas. A fartura regada do jantar exigiu cafeína e palavras e caminhada pelas ruas escusas que tricanas e bandos de capas negras em idos calcorrearam. Dizem e acredito no fado de Coimbra como loa à beleza e à eterna crença no amor. Na entrada do palacete da Quinta, a Dona Inês e D. Pedro em obras do Pinto-Coelho detiveram-nos. (...)
Nota: texto integral no “Escrever é Triste”.
CAFÉ DA MANHÃ
A despedida dum tempo lindo, dói. Ficam imagens actuais da cidade que mal amei. A "Lacrima" conta melhor.
CAFÉ DA MANHÃ
Despedida das 'meninas Brojo'
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros