Peter Axford Waldner
Não é fácil. Tem dias e momentos. Ora apetece pendurá-los na corda da roupa esticada fora das janelas do casario ou no quintal, ora desengrenar as roldanas do tempo para que fiquem cristalizados gestos de incondicional amor mútuo. Ora é desejo dar-lhes tabefe certeiro no instante e contexto certos, ora permitir benevolência dialogada pelas maroteiras cometidas. E, de ‘ora’ em ‘ora’, crescem frutos e árvore. E amadurecem. Colhidos um dia. Então, testado o sabor e a firmeza da polpa que a seiva corrida até aos galhos alimentou.
No pomar, existem troncos que frutificaram querendo ou não. Nalguns progride a indiferença pelo gerado; outros apostam na excelência e na generosidade como mais um sentido para os dias - sabem que isto de estar vivo acaba sempre mal. Optam pelo amor e dádiva. Pela autoridade responsável e conversada. Estão presentes, fortes, decididos. Aos poucos, constituídos referência, coordenada perene que vai além da raiz.
Ser pai não é passeio no parque das delícias. Procriar é fácil; difícil é criar filhos como obra saída de cinzel atento e engenhoso. E porque no pomar mais árvores e frutos existem e condicionam e interagem, nem sempre o esculpido corresponde ao esquisso e à dedicação e ao amor. Mas a paternidade é aventura. Escalada cujo impossível cimo apetece alcançar.
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros