A mocidade esplêndida, vibrante,
Ardente, extraordinária, audaciosa.
Que vê num cardo a folha duma rosa,
Na gota de água o brilho dum diamante;
Essa que fez de mim Judeu Errante
Do espírito, a torrente caudalosa,
Dos vendavais irmã tempestuosa,
- Trago-a em mim vermelha, triunfante!
No meu sangue rubis correm dispersos:
- Chamas subindo ao alto nos meus versos,
Papoilas nos meus lábios a florir!
Ama-me doida, estonteadoramente,
O meu Amor! que o coração da gente
É tão pequeno... e a vida, água a fugir...
Florbela Espanca, in "Charneca em Flor"
CAFÉ DA MANHÃ
Manuela Pinheiro – “Procurando Florbela Espanca” Manuela Pinheiro – “Sob a linha D'Água”
Foi no teu olhar que encontrei sempre a minha âncora
mesmo quando foste tu a desencadear os vendavais
a minha barca quase se afundava...
coberta de ondas, tremia e depois se alevantava
mais forte, mais bela, mais segura
e quando fui eu que inventei as tempestades
e fiz tremer o casco dos navios
e fiz nascer a impensável escuridão
de rastos e olhar vazio
atravessei o nevoeiro
perdi a noção do norte e das estrelas
esqueci mesmo o bater do coração
à procura de um arco-íris
e de novo
o teu olhar
a eterna razão que me trazia à tona de água
nadei até ao cais
exausta, confusa, arrependida
seguindo o único farol que me traz de volta a casa
ilumina o resto do caminho
e continua a dar sentido à minha vida
Nota – Poema inspirador da talentosa e mui querida amiga “ERA UMA VEZ” publicado na “Coletânea de Poetas”.
CAFÉ DA MANHÃ
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