Sexta-feira, 12 de Junho de 2015

IDADE MAIOR, VERA LIBERDADE MAIOR

Paul Cézanne - the second version of The Card Pla

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Paul Cézanne – “The second version of The Card Players”, Metropolitan Museum of Art in New York

 

 

 

"Nunca trocaria os meus amigos surpreendentes, a minha vida maravilhosa, a minha amada família por menos cabelo branco ou por uma barriga mais lisa. À medida que fui envelhecendo, tornei-me mais amável para mim, e menos crítico de mim mesmo. Tornei-me o meu próprio amigo...

 

 

 

Não me censuro por comer um cozido à portuguesa ou uns biscoitos extra, ou por não fazer a minha cama, ou por comprar algo supérfluo que não precisava. Tenho o direito de ser desarrumado, de ser extravagante e livre. Vi muitos amigos queridos deixarem este mundo demasiado cedo antes de compreenderem a grande liberdade que vem com o envelhecimento. Quem me vai censurar se resolvo ficar a ler, ou a jogar no computador até as quatro horas da manhã, ou a dormir até meio-dia? Se me apetecer dançar ao som daqueles sucessos maravilhosos dos anos 60 e 70 e 80. Se, ao mesmo tempo, quiser chorar por um amor perdido... danço e choro. Se me apetecer andar na praia com um calção excessivamente esticado sobre um corpo decadente, e mergulhar nas ondas com abandono, apesar dos olhares penalizados dos outros, os do jet set, aí vou eu. Eles, também vão envelhecer.

 

 

 

Sei que às vezes esqueço algumas coisas. Mas há mais algumas coisas na vida que devem ser esquecidas. Eu recordo-me das coisas importantes. Claro, ao longo dos anos o meu coração foi quebrado. Como não se pode quebrar o coração quando se perde um ente querido, ou quando uma criança sofre, ou mesmo quando algum animal de estimação amado morre? Mas corações partidos são os que nos dão força, compreensão e compaixão. Um coração que nunca sofreu é imaculado e estéril e nunca conhecerá a alegria de ser imperfeito.

 

 

 

Sou tão abençoado por ter vivido o suficiente para ter os meus cabelos grisalhos e ter os risos da juventude gravados para sempre nos sulcos profundos do meu rosto. Muitos nunca riram, muitos morreram antes dos cabelos serem de prata. Conforme se envelhece, é mais fácil ser-se positivo e preocupamo-nos menos com o que os outros pensam. Eu não me questiono mais. Ganhei o direito de estar errado. Gosto de ser idoso. A idade libertou-me. Gosto da pessoa em que me tornei. Não vou viver para sempre, mas enquanto cá ando, não vou perder tempo a lamentar-me do que poderia ter sido, e não me vou preocupar com o futuro. Sou livre!"

 

 

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

 

 

publicado por Maria Brojo às 10:06
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Segunda-feira, 22 de Dezembro de 2014

FELIZ NATAL

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CAFÉ DA MANHÃ

 

 

publicado por Maria Brojo às 23:59
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Sexta-feira, 9 de Maio de 2014

NO CALOR DUMA TARDE IDA

  

Théodore Roussel – “Reading Girl”                                                                  Robert C. Kirkpatrick

 

Nos sótãos onde julgamos tudo conhecer, a surpresa acontece em fios de pó; caminho riscado por luz coada pelas janelas esconsas. Do meu, subi a escada de granito e por lá me perdi numa tarde. Abri baús, destapei a cambraia protetora do que fora o meu carrinho de bebé. Abriguei melhor, num merendeiro forrado a chita florida, o mobiliário da «casinha das bonecas». Desdobrei fatos do bebé-chorão, alguns adquiridos na Materna, outros confecionados nos tempos livres da juíza, prima solteira. Nas gavetas e portas da secretária do avô, lá estavam os álbuns filatélicos e numismáticos, mais as partituras das músicas que compunha. Numa estante herdada das tias, desfolhei figurinos de moda do início do século, coleções completas do Reader's Digest, almanaques. Empalidecidos.

 

Pelo ar abafado daquela tarde quente fechei a porta de acesso e despi a musselina. Do vinil em fila, retirei um do Frank Sinatra. Prendi ao alto o cabelo e, mais livre do que vim ao mundo, destapei sofá para aconchego na leitura. Escolhi o almanaque do ano em que nasci. Conselhos domésticos, regras de etiqueta, mãos-cheias de lugares-comuns e primórdios saborosos dos livros de autoajuda.

_ Quando alguém fizer uma pergunta a que não queira responder, sorria e pergunte: 'Porque quer saber?'

_ Diga "Saúde!" quando alguém espirrar.

_ Case com uma pessoa que goste de conversar. Quando a velhice chega, a capacidade de falar e ouvir é o mais importante.

_ Confie em Deus, mas deixe a casa aferrolhada.

 

Dicas intemporais! Escorregaram décadas e as atitudes comummente sensatas, seja lá quais forem e não necessariamente minhas, constam do Larousse das Boas Maneiras – a substituição do irritante “santinho”, o rodeio polido da pergunta inconveniente, o essencial duma parceria amorosa, o amanhã que cada humano rege como motor e produto da engrenagem.

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

Frank Sinatra e Rita Hayworth em “Pal Joey”. Pela qualidade sonora, versão sem legendas mas aprimorada.

 

publicado por Maria Brojo às 08:30
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Quinta-feira, 22 de Novembro de 2012

NA BANALIDADE DOS DIAS

Jan Josef e recriação de obra de Manet

 

Fim-de-semana soalheiro com desfrute fora-de-portas. Contrariedade: gripe, virose ou menu completo duma constipação (pingo, corpo moído, tosse, arrepios e febre). Há um par de anos que me passeava sã e rija como pêro, espantando a Influenza sazonal. Ganho o recorrente desafio dos cabelos torcidos e derramados pelas costas ao sair do ginásio nos dias de briol, tinha por certas defesas eriçadas ou ruindade celular que os microrganismos saltitões recusavam como pasto. Quem na arrogância chafurda, mais cedo do que tarde recebe ensinadela de truz - garganta dorida, nariz arrolhado, latejos na cabeça como tambor rufando num tatoo militar, pela dores os ossos proclamando, um a um, a existência. Achando mal empregue a cama para imobilidade doente, conhecendo dos sofás o (des)conforto estimulante para jogos e várias brincadeiras, prefiro calmarias aconchegantes. Mais eficazes que Ben-u-ron, chutam para canto sintomas.

 

Diminuída a energia do físico, o paracetamol exponencia a do espírito corrosivo. Calhou à OK!TeleSeguro a vez. Na parte de um dia (in)útil, obriguei-me a tirar senha para uma Marta imprimir uma documento. Três mulheres aviavam duas freguesas – uma era manifesto caso de incontinência nas teclas. Tirei a senha vinte e oito, excedendo em seis a última em atendimento. Não me pareceu mal. Entretive a espera “limpando” o telemóvel. Nem saquei do livro por estar a leitura em “ponto de pérola” e não merecer a desfeita de interrupção abrupta. Dez minutos voaram. Esmiucei as funcionárias. Marta nem uma. Sorriso avaro, olhar mortiço, tédio na atitude e na fala. Duas horas depois, quatro clientes aviadas. Mau rácio. Por essa momento, na leitura chegara ao “ponto de estrada”. Homens só os que arribavam e sumiam vindos das entranhas da sede.

 

Duas horas de espera, para enfiar na pasta «papelucho» burocrático.

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

publicado por Maria Brojo às 11:02
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Segunda-feira, 2 de Julho de 2012

SOBRE TRAIÇÕES

Hamish Blakely

 

Sobre a traição é uso relacioná-la com amantes. Porém, outras existem igualmente insidiosas nas famílias, com amigos e conhecidos. Todas deixam chagas que o tempo talvez cicatrize. Somente quando as crostas largam as feridas, é possível às marcas desaparecerem e limpas as memórias. Dúvida que se levanta é se o tempo de vida chega para tal, ainda que as personalidades não se enformem na cápsula dos rancores.

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

publicado por Maria Brojo às 14:49
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Sexta-feira, 4 de Novembro de 2011

«CROCHETEAR»

 Bouguereau, Julie A Miller 

 

Ok. Após corrida matinal à Fnac, café na Brasileira, esqueci-me do SPNI. Mal cheguei, não resisti ao colorido das lãs e dei comigo a «crochetear» sem parança. Logo hoje com tantas notícias para comentar! Ficam para amanhã sem azedarem.

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

 

publicado por Maria Brojo às 17:12
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Sábado, 28 de Maio de 2011

DEGRAUS ROÍDOS PELO CARUNCHO

Autor que não foi possível identificar

 

Na demência senil, sofrimentos e dias/refúgio em conchas individuais. Variante de Alzheimer. Memória ampla do passado que arriba inesperado, esquecimento total do ocorrido há escassas horas. Sofrem amores filiais, da família próxima, outros enlaçados por amizades antigas. O doente não dá conta do mal presente no dia-a-dia, salvo por breves instantes. Nestes, lamenta o estado, sente-se inferior, para tudo obliterar após. E o quotidiano corre alheado, igual como refúgio e segurança.

 

À família consciente de não ser institucionalização remédio, antes agressiva medida que vitimiza o paciente, restam amor e paciência infinitas. E vêm à memória idos graciosos da pessoa completa, neurónios despendendo os mínimos 20 Watts hora próprios de humanos saudáveis – raciocínios perfeitos, humor imbatível, energia e dinâmica muitas, generosidade, dádiva. Filhos e netos lembram do idoso, enquanto são, anos perfumados como maçãs camoesas, glórias perante os amigos nas alegrias das férias vigiadas pelos avós enquanto de meia-idade.

 

As leis do trabalho não facilitam cuidados dos descendentes que não prescindem de cuidar os queridos idosos. Faltas laborais ditadas por acompanhamento de doentes/amores/pais não têm o justo enquadramento legal se a morada for distinta. Que sociedade é esta em que a cada mês fecham centros de enfermagem – quem mora na Ajuda tem o centro mais próximo em Campo de Ouriqe ou noutra colina e para ser aplicada injecção não prescrita pelo médico de família sobem esconso andar, degraus roídos pelo caruncho? Escasseiam apoios de cuidados paliativos. As famílias protectoras merecem apoio médico e de enfermagem domiciliário sem que pela fatalidade tenham de acartar os doentes queridos dumas bandas para outras.

 

CAFÉ DA MANHÃ

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publicado por Maria Brojo às 07:40
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Domingo, 2 de Maio de 2010

VINTE ANOS

Ross

 

Tens sobre a lareira uma fotografia emoldurada em prata. Ao descobrir, num álbum antigo, os teus onze anos definidos a preto e branco, enfeitiçou-me a menina que vi. Linda, sorridente, com o ar «ratão» que preservas. Adoro ver-te pestanejar e transferires para o olhar e lábios a graça que te faz sorrir. Assertiva. Hilariante. Quase sempre, metáfora impagável.


Usaste tranças na adolescência. Bandós até aos vinte anos a pedido da simplicidade elegante que manténs e da moda do tempo. A aguarela que te captou mais tarde, não difere muito da fotografia. Talvez tenhas trocado o ar divertido pelo sonho que da postura e do rosto escorre. Por esse tempo, estavas enamorada do pai. Casariam nesse ano, como cumpria na tradição familiar. Razão menor esta nunca a que te moveu. Ou a mim. Antes o desejo, tal como nas mulheres que na família nos precederam, de não adiar amor e projecto - de afecto sólido, brotar vida.

Um desejo, mãe: _ quando «crescer», gostava de ser como tu.

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

 

publicado por Maria Brojo às 02:11
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Sábado, 20 de Fevereiro de 2010

NEM UM PARDAL!


Privedentsev Gennady

 

Sem partidos acólitos ou carreira política antecedente, não há presidência para ninguém, dizem. Afirmam prova os 7% dos votos da candidatura de Maria de Lourdes Pintassilgo entalada por dois tubarões: Freitas do Amaral e Mário Soares. Talvez. Mas é perigoso esquecer a fadiga dos cidadãos pelos atropelos à dignidade democrática da sociedade rotulada como civil. Nódoa atribuída a candidatos apartidários e sem caminho traçado nos ‘passos perdidos’: falta de experiência política. Apetece gargalhar após insulto burgesso e tamanho às capacidades dos cidadãos. Salvé o carimbo popular no atestado de incompetência passado a demasiados espantalhos no cultivo das governações. Nem um pardal afasta(ra)m, quanto mais bandos de parasitas!

 

A candidatura de Fernando Nobre mostra que a anemia da vontade de intervir dos portugueses começa a diluir-se. Glóbulos vermelhos frescos e por contaminar auguram navegação livre de falsas bússolas. Desejo generalizado: vassourar as moscas que nem voar alto conseguem e apenas rasam chão poeirento. Em decadência, a decência e outros valores morais. Lote de políticos e jornalistas e gentes incluídas no ‘deixa andar’ são alvo que merecem setas expeditas. Todos ganhamos com o anúncio no Padrão dos Descobrimentos.  

 

Meses pela frente, mais haverá para saber e decidir. Preocupação séria é o pesqueiro desaparecido ao largo de Peniche; para cima, o mar ainda não devolveu corpos que o lavraram.

 

Nota: a Felícia Cabrita é arrogante ou somente impressão minha?

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

 

publicado por Maria Brojo às 11:05
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