Luis Castellanos
Chegaram dias cálidos e o amor rodopia «sem rei nem roque». A culpa é da anunciada primavera, dizem, conquanto o apogeu das euforias amorosas arribe lá mais para o verão. A culpa será então do Sol, da praia, do mar, dos corpos desnudos e das noites esticadas até ao amanhecer. Mas o denominador comum entre os arroubos primaveris e as tropelias estivais é a luz derramada sem a timidez dos outros ciclos.
Não fora a teima científica de tudo fazer hipótese a carecer de prova, e nem levaria mais longe esta arenga. A luz é o que é - feixe de fotões isentos de massa e prenhes de energia eletromagnética. Deslocam-se á velocidade que o respeitável Einstein declarou como limite, e são responsáveis, entre outras «minhoquices», pelo efeito fotoelétrico, fenómeno de muito arranjo, mais não seja pelas miraculosas portas que abrem ainda mal nos adivinham. Descrição pouco romântica e sem nada a ver com beijos e frissons eróticos.
Que a luz nos põe bem-dispostos e dá aos latinos genica extrovertida que surripia aos nórdicos, sabemos. Distribui energia positiva, é tónico para a saúde física e psíquica. Parece provado que dias ensolarados e tépidos expandem a afetividade e fazem de nós anjos batendo asas em voo direto ao paraíso dos múltiplos prazeres. Razão da luz ser olhada como adubo emotivo. Logo, fertilizante da paixão. Logo, réu no tribunal interior em que movem ações punitivas os desiludidos a quem a derradeira maré vaza levou o devaneio estival. O recente grande(?) amor. O estupor que mostrou ser depois (a ênfase dramática dá majestade a finais medíocres).
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros