Decretado pela UNESCO. Nos primórdios, havia as galenas que sintonizavam AM, mais tarde, as telefonias como as entendíamos há décadas, as taxas da rádio pagas mensalmente,- de início, sete escudos, depois mais e mais até ao féretro oficioso. Ora escondidos os aparelhos em móveis pomposos, ora expostos para orgulho dos donos, permitiam ouvir o mundo. Invólucros misteriosos que muitos há muito deixavam boquiabertos os ouvintes. Quem estaria lá dentro? Locutores pequeninos? Por esse tempo as ondas hertzianas eram desconhecidas de quase todos. A ciência demorou a ser divulgada em Portugal aos que trabalhavam nos campos ou nas fábricas desde crianças e mal sabiam ler e escrever.
Porque a rádio me permite liberdade no andarilhar por todo o lado que a televisão não autoriza, sempre me declarei ‘menina da rádio’. Até hoje. Legitima a fantasia – como serão os donos das vozes que me enchem o dia? Somente dois conheço e fascinam-me.
Nas populações longínquas das informações atempadas, a telefonia substituía com vantagem as brochuras penduradas em cordas nas feiras. Sem atraso no tempo, as notícias surgiam informando do censurado país e doutros, divulgava música que nos campos eram trauteadas pelos que trabalhavam de sol a sol, enchiam serões reunindo famílias e vizinhos. Nas urbes litorais, os relatos eram ouvidos na praia, as meninas treinavam passos de dança nos respectivos quartos. Mas esta é a realidade dos transístores, aqueles objectos mínimos que acompanham o duche.
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros