Maren Jeskanen
Na declaração de ontem feita por Cavaco Silva, a proposta de resolução da barafunda em que o país está mergulhado combina ficção, horror, mistério e tragédia. O gótico no seu melhor/pior, mas gótico.
Em síntese, propôs arranjo (i)moral entre as três maiores forças políticas pelo número de assentos parlamentares. “Salvação Nacional”, chamou-lhe. Derrocada final, adjetivo eu. Imediatamente, lembrei a trama do “Fantasma da Ópera” escrito por Gaston Leroux e publicado em 1910. Século e dois picos mais tarde, após várias adaptações ao teatro e cinema, jamais alguma nação aplicara o argumento à política interna. Enquanto copiadores encartados de práticas exteriores, temos representante deste atavismo na pessoa de Cavaco Silva. Daqui às minhas suposições foi um pulo: se o “Fantasma da Ópera” que vi em Nova Iorque é o maior êxito de bilheteira reconhecido, se está no Majestic da Broadway desde 1988 e continua a render milhões, se o trio protagonista apaixona espectadores, o Presidente decidiu juntar Erik, Raoul, Christine no subterrâneo decisor que tem orientado mal a vida dos portugueses.
Resta a pergunta: quem fará de Christine nesta união nacional? E de Anjo da Música? E de Carlotta, a arrogante Diva?
Nota: há breves minutos, publiquei aqui.
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros