Mel Ramos
Aprecio boas companhias. Sem que ‘boas’ signifiquem dotes corporais substantivos. Ou também, que a beleza não enjeito. O meu critério foge como enguia aos padrões: beleza convencionada raramente encanta porque normalizada como fruta brilhante isenta de senão. Ora, é o senão que apita o desafio. Entro nele bem ou mal equipada. Na cabeça o conteúdo, do tronco o coração e dos membros os gestos. Espero no outro adversário bom, real e metaforicamente. Por bom entendo melhor que eu, portanto aumentado o leque das escolhas. Regra única: não a ter. Regras são como formas para bolos ou pudins - limitam. Enfadam no arrumar. Tolhem a luz que encadeia e torna o jogo dialogado momento único, sem pontificar qual dos interlocutores arrecada a taça. A bola salta de um espírito para o outro, atirada com precisão, arte, gozo e infinita graça. Brinca com a argúcia. Eleva a criativiadade. Irrelevante a duração da ‘contenda’: relógio parado na contagem dos minutos em cada uma das partes.
Companhias que remetam o ‘boas’ para milho ou para o ‘giro’ comum, são como alho chocho ou cebola melada por dentro – secas, pegajosas, insonsas. Secas ao debitarem pregões; pegajosas pelo ego empanzinado; insonsas se extremam a brandura ou lentidão no ‘passe’.
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros