Quarta-feira, 30 de Outubro de 2013

HALLOWEEN? UMA PEPINEIRA SE A INVEJA FALA

 

Autores que não foi possível identificar

 

Importado, coisa e tal quando pindéricos somos há ror de anos, confesso-me ainda assim farta dos “bolinhos e bolinhós” da tradição portuguesa. Num meio rural, têm graça porque cantarolados pela pequenada conhecida. Numa urbe, são como alfinete de dama segurando bainha caída. Destoam. Mais parecem remedeio de quem a pontes de ferro e ao betão se confina. E é o caso. Por tudo, quem dera vestir-me de «espantalha» com abóbora no arrasto, luzes dentro e carvão na face! De bruxa ‘pin-up’ não dava pela corrente frialdade das noites. Mas gostava. Meia de liga, chapéu de bico, vassoura estilizada, ‘stilettos’ negros de verniz. Boca em coração desenhado pelo batom. Corpete atrevido e manto de renda miúda esvoaçando para lá da vassoura/montada. Assim não sendo, enfio (…)

 

Gil Elvgren

 

Nota: publicado na íntegra aqui. 

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

Das bruxas e bruxinhas, prefiro a Mary Poppins.

 

publicado por Maria Brojo às 23:23
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Quinta-feira, 22 de Agosto de 2013

ESTRADA, BELEZA E OVÁRIOS

 

Rendo-me ao humor de Gil Elvgren e de Graham McKean.                                                                

 

Na comunidade científica, há quem defenda que quanto maior é o nível de estrogénio, a principal hormona sexual feminina produzida principalmente nos ovários, mais bonitas são as mulheres. Por outro lado, estudos criteriosos afirmam o estrogénio como uma das razões das mulheres terem menos acidentes que os homens. Sem sobrepor a minha dúvida metódica ao que os especialistas concluem, custa-me a crer que mistura de estrona, estradiol e estriol, também conhecidas como E1, E2 e E3 respetivamente, tenha o condão de nos poupar aos desconchavos automobilísticos. Mais credibilidade me merece outra razão apontada: a capacidade do cérebro feminino de se desdobrar em várias perceções simultâneas.

 

Não fico surpresa pelo reconhecimento dos benefícios vários da nossa atenção repartida. Displicentemente afirmada como dispersa, se não volúvel, a ela é devida a capacidade de gestão de uma multiplicidade de tarefas psíquicas num dado momento. Executar um gesto profissional rigoroso enquanto delineamos as faltas na despensa e pensamos na Inês que foi para o colégio com uma pontinha de febre. Como a qualquer virtude está associado um defeito, também aqui o mesmo sucede. Os homens são invejavelmente mais eficazes na separação dos compartimentos psíquicos, nomeadamente no modo como dos alhos arredam os bugalhos emocionais. Já para a mulher, lidar com as emoções é enredo como novela sem happy end à vista.

 

Das generalizações, conhecemos abusos redutores; todavia, denominadores comuns existem e nos sexos ajudam ao entendimento. Por isto distingo pela positiva a atitude diferente de alguns homens perante descarada infracção ao código da estrada. Ainda ontem, efetuei inversão da marcha em franco despropósito. Os espectadores da manobra arregalaram o olho, e adivinhei-lhes palavras mal-encaradas ao rematar o quadro com estacionamento em sítio proibidíssimo – garantida a cautela de a ninguém lesar com a manigância. Abandono o carro, piscando desvairado, e vou-me à compra rápida. Ao passar pelos expetantes olhares, em vez de tirada admoestadora ouço piropo. Assim vai a tolerância entre sexos.

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

Em nada associado ao texto, porque gosto. Muito.

 

publicado por Maria Brojo às 09:12
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Segunda-feira, 8 de Julho de 2013

AS LOIRAS DO 5º ESQUERDO

 

Gil Elvgren

No início, eram somente os vizinhos do 5º esquerdo. Eu no 5º direito. Com o rolar dos meses, passaram à condição de amigos. Jantares, passeatas e encontros na «estranja» compunham ramalhete agradável. Nem o primeiro ano de convivência ia a meio, quando começaram os pedidos de arroz, manteiga, azeite, vinho, tampões, acetona, cotonetes, detergentes, gel de banho, pão e o que mais era precisado. Devoluções nem uma! A Cristina deles era remetida para a minha querida Cila. Bondosa, acedia e reportava-me os assaltos ao despenseiro.

 

Num final de dia, novo pedido: cervejas frescas que as deles tinham terminado. Grandes males, grandes remédios, cogitei. Respondi: _ Que não seja por isso. Se me permitem vou lá a casa e arrefeço-vos as loiras em minutos. Levo uma à temperatura ambiente para demonstrar. Num saco, enfiei a lata, sal, uma chávena, uma colher de pau, uma pequena bacia de plástico, gelo. Porta em frente aberta, licença para entrar, fui direita à cozinha.

 

(...)

 

Saber de propriedades coligativas e crioscopia dá muito arranjo!

 

Nota: texto integral aqui.

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

publicado por Maria Brojo às 12:47
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Sexta-feira, 12 de Abril de 2013

UTILIZAR OU NÃO PALAVRÕES

 

Gil Elvgren

 

Em idos, foi por aqui tratado o alívio a dor súbita que verbalizar palavrão constituía. A teoria fora obtida através de investigação conduzida pelos cientistas Richard Stephens e Claudia Umland, da instituição britânica, em Newcastle-Under-Lyme, Inglaterra. Mas, porque a ciência não estagna, os investigadores referidos prosseguiram o estudo.

 

“A nova investigação analisou um grupo de pessoas habituadas a pronunciar palavrões com mais frequência para perceber se sentem o mesmo alívio do que os que o fazem menos vezes. A tolerância foi medida com base na duração em que cada voluntário conseguia manter as mãos no balde de água gelada. Os resultados revelaram que os participantes que tinham o hábito de dizer palavrões com mais frequência conseguiram suportar menos tempo a dor.

 

O estudo mostra que se, por um lado, pode ser uma prática benéfica, também há evidências de que se o fizermos com muita frequência no dia-a-dia, esse poder não terá a mesma força. A equipa de investigadores acredita que o alívio da dor ocorre porque esta forma de expressão desencadeia no organismo a chamada reação de luta ou fuga, acelerando os batimentos cardíacos, uma resposta fisiológica associada ao comportamento agressivo.

 

Dizer palavrões produz para além de uma resposta emocional uma reação física. Esta prática já existe há séculos e assume-se como um fenómeno linguístico humano universal. Os palavrões são uma expressão que contrariam os códigos da linguagem e da educação em vigor, mas podem ser terapêuticos.”

 

Remate subjetivo: palavrão esporádico com justo motivo, sim; sendo habitual, não alivia e transforma o uso da língua portuguesa em linguajar.

 

Nota: informação obtida aqui.

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

publicado por Maria Brojo às 07:45
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Sexta-feira, 13 de Janeiro de 2012

“SORTIDO FINO”

Gil Elvgren, Peter Driben

  •  “Portugueses percebem que Maçonaria serve para subir na vida e 700 mil desempregados deixam de fazer fila no Centro de Emprego e fazem fila na Loja Mozart. Bem dizia o grande Eça de Queiroz que Portugal é uma choldra. E não é que a secretíssima Maçonaria virou tema de conversa nos cafés, entre minis e tremoços, como se fosse o Benfica, sendo os membros da Maçonaria já tão conhecidos como Aimar, Saviola e Cardozo!

Todos os dias, surgem na TV e nos jornais, políticos e empresários com ar embaraçado, negando serem maçons e jurando a pés juntos nunca terem estado numa reunião maçónica. Porra, que exagero, até parece que são acusados de violar putos da Casa Pia na casa de Elvas! E os que se assumem maçons dizem que as reuniões se limitam ao convívio entre membros, como se a Loja Mozart fosse uma espécie de Alunos de Apolo, onde o António Arnaut dança o tango com o Luís Montenegro! O único motivo que deve embaraçar os maçons é que nas Lojas não há mulheres. Querem ver que afinal de contas os clientes do Finalmente não são gays, mas maçons? A.M

 

Comentário: _ Existem mulheres e muitas. Importância semelhante à masculina. E não, as Lojasnada têm de cafés dançantes, embora haja direito a bufete/convívio no final. Cada um contribui. Saber do visto, não da pertença o que também não teria a menor importância. Sublinhado apenas para legitimar objectividade. 

  • “Os resultados duma sondagem da Aximage para o Correio da Manhã dá o PSD com a maior impopularidade desde Junho de 2011. Como escreve o Jornal de Negócios, “há oito meses que a diferença de intenções de voto dos portugueses nos socialistas e nos social-democratas não era tão reduzida”

"As sondagens valem o que valem — fica sempre bem repetir o chavão. (…) Opiniões recolhidas entre 3 e 6 de Janeiro — isto é, antes dos acontecimentos terem ultrapassado o poder de controlo comunicacional do governo Relvas/Portas, perdão, Passos/Portas, e nomeadamente antes da Catrogada, dos sucessivos mini-escândalos de nomeações e da cena dos aventais (que, sejamos justos, afecta mais o partido laranja do governo do que o partido azul, e quase não machuca o PS, apesar da eventual maior preponderância de maçónicos neste).” 

  •  “António Capucho diz que o salário de Eduardo Catroga é "escandaloso" e vai reflectir-se na conta da electricidade. Este senhor que vai presidir este órgão, isso é que é um escândalo, vai ganhar 11, 12 vezes do que por exemplo, ganha o António Costa, presidente da Câmara de Lisboa, ou Rui Rio, Presidente da Câmara do Porto. Mais grave que isso é que se esquece de dizer que o vencimento dele, embora aquilo seja uma empresa privada, vai ser repercutido na factura de electricidade que me chega a casa todos os meses.” 

Comentário: _ Quem assim fala de gago nada tem. De telhados de vidro, nada sei.

  • Numa «têvê», Eduardo Catroga afirmou semelhante a isto: _ Não sei quanto vou ganhar na EDP. Não me movem critérios materiais, mas se a lei o permitir, acumularei o novo vencimento com a reforma.

Comentário: _ A vida dos pobrezinhos é um mistério!

  • “Os deputados suecos recebem cerca de €5400 mensais. Se viverem fora de Estocolmo, recebem um subsídio de refeição de €12; podem ficar, durante a semana, em pequenos apartamentos T1 disponibilizados pelo Estado, com cozinhas e lavandarias comunitárias; e não têm nem secretários, nem assessores, nem automóveis de serviço."

Comentário: _ Se, proporcionalmente com o nível de vida, cá nevasse como lá, a Assembleia esvaziava-se.

  •  Para desanuviar, que as reflexões anteriores são profundas (?!...).Verdade, verdadinha e acontecido com a Dobra do Grito.

Depois de um discurso em que usei a palavra arbitrário, pergunta pornta:

_ O que é isso do arbitrário?

_ Eu sei, eu sei (um ser enusiamado de braço no ar).

_ Então diga lá o que é.

_ Então, é aquela coisa que passa de pais para filhos!

 

Outra com idêntica fonte:

_ Oh professora, o que é um apóstolo?
(alma espera de dedo no ar): _ Eu sei, eu sei.
_ Então diga lá!
_ É aquele acento que se põe em cima das letras.

 

Sem comentários.

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

publicado por Maria Brojo às 09:39
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Quinta-feira, 27 de Outubro de 2011

DA FRENTE PARA TRÁS

Shinichi Noda, Sorayama, Mel Ramos 


2011

Ao despojamento íntimo chegou a mulher actual. Na pele nada protege as margens que o rendilhado pequeno não cobre. Airosa sensação do nada que à própria tenta! Minimalistas por fora, mais complicadas que nunca por dentro. De tal modo elaboradas (baralhadas?) que 1/5 do bolo masculino lida mal com o desejo e a respectiva concretização. O Relatório sobre a Situação da População Mundial em 2011 constata que “Portugal tem a segunda taxa de fecundidade mais baixa do mundo, o que na prática significa que as mulheres portuguesas estão entre as que têm menos filhos.” Neste relatório, “as Nações Unidas admitem que «a falta de mão de obra ameaça bloquear as economias de alguns países industrializados». As baixas taxas de fecundidade significam menos pessoas a entrar no mercado de trabalho, numa tendência que põe em causa o crescimento económico e a viabilidade da segurança social. A ONU diz que em alguns países mais ricos, a falta de jovens «significa incerteza sobre quem vai cuidar dos idosos e sobre quem pagará os benefícios dos mais velhos».” Esta é uma perspectiva utilitária do homem e da mulher enquanto parideira sem atender às razões (texto publicado no SPNI a 24 de Outubro deste ano de 2011).

 

1991

À-vontade na sexualidade, prestígio do corpo, abordagem liberal das relações dos homens e das mulheres. Elas conquistando terreno social, eles surpresos com os avanços nos seus territórios tradicionais. Perdem nas universidades, na prestação de serviços diferenciados e no domínio familiar. Hesitam como prima-dona a quem a figurante ameaça roubar papel e protagonismo. Viram-se para a própria cas(c)a, aprendem a fruir de modo mais solto e gracioso dos afectos. Aventuram-se na ternura exposta. Chorar sim, se for esse o sentir.

 

1981

Elas tomam, maioritariamente, a iniciativa do divórcio, decidem quando, como e com quem geram filhos. Fazem amor e odeiam a guerra. Das flores nascera símbolo de paz, continuava o tempo de delírios comunitários induzidos por substâncias várias. O corpo tenta, seduz, arrebata, mas é contido por limites que a moral convencionada e os preceitos sociais injectaram como adição. A «roupa interior» diminui em tamanho, cobrindo, todavia, o suposto desdém pelo estabelecido. Lá por fora, houvera, década mais trio de anos antes, Woodstock num descarado 69; por cá, nos setenta e meio, a ilusão do «tasse bem».

 

Gil Elvgren, autor que não foi possível identificar

 

1951

Ousadas? Nunca, salvo as delambidas de intimidade descarada. Corpo impressivo, curvas exuberantes, cintura de vespa não isenta de similar do espartilho. Cinto de ligas, cintas, sutiãs inteiros, vestidos rodados e soquetes ou saias esticadas revelando desafiadoras nádegas. Para elas, as delambidas, aquelas que obliquavam o olhar aos maridos das «esposas modestas». Estas, aos trinta, pelo aspecto da «farda» eram velhas sensaboronas, passadas, mães de família com rolos na cabeça ou apressadas na rua com sacos de compras na mão. Ele saía pela manhã, ficando dela a retaguarda familiar. Pelo final da tarde, ele demiti-a da função no acto de meter a chave à porta. No dia seguinte, mais do mesmo. Pelo mundo, os fifties impavam no maravilhoso(?) mundo dos reactores nucleares.

 

Belle Époque

Espantoso período do avanço cultural e tecnológico europeu. Surge o telefone, o telégrafo, a primeira fábrica Ford e o primeiro dirigível de Santos-Dummont. Depois, a belle époque foi iluminada pela lâmpada eléctrica, pelos filósofos nietzschianos e pela sexualidade abordada por Freud. Conheceu a arte da imagem através do cinema, a arte do som através da rádio, a arte de fotografar através da fotografia colorida, a arte da pintura e da música através dos impressionistas. O espírito europeu estava elevado e com ele todos os sentidos que instigavam a produção cultural. À mulher é permitida a curiosidade e o acesso à formação intelectual superior. Tem espírito incendiado e corpo confinado a pouco mais que a procriação. A «roupa de baixo» é muita, grossa, grande e feita à mão.

 

Autor que não foi possível identificar

 

Intemporal

Arenga para comportamento antigo em tudo semelhante ao presente - dois seres humanos, o desejo, a união. Novo ser depois? Manda o acaso, a guerra e a paz, o bem estar económico, social e da família.

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

publicado por Maria Brojo às 08:44
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Quinta-feira, 25 de Novembro de 2010

SUSHI ALENTEJANO

Gil_Elvgren, Adriaen Coorte

  

Greves que envolvam paralisação dos transportes, gerais ou não, têm vantagens para os desalinhados: demoram horas os percursos na procissão das latas rodadas e permitem ver o que o trote veloz apaga. Quanto Outono lindo em Lisboa sem precisar para o reparo de caminhos outros que não os habituais! Para os vindos da Lusíada, o separador de faixas até à Praça de Espanha é um primor de dourados e verdes negros. Sem desvio à direita que rompa a Praça lateralmente, seguindo em frente para desembocar próximo da Mesquita, fica o Bairro Azul. O prédio onde o Solnado viveu pontifica na primeira esquina. Com saudade no coração, espera a rua desaguo de quem pretende virar na mais próxima à direita, rente a outra catedral espanhola (El Corte Inglés) na cidade moura, nunca morcona – esta amo também por razões que o caso não requer e torna elogio o que o vulgo dos futebóis e vaidades ociosas julgam, na aparência, depreciativo. Outras andanças em pouco relacionadas com afectos urbanos.

 

Ora, na rua falada sem o ser, a fila estática, paradinha porque anestesiada ou molengona, vi portas encimadas com indicação inusual: Gustus, Sushi alentejano e Tradicional. Imaginei o pior. Orelha ou focinho de porco crus em finas lâminas, sangue arredado no mínimo, secretos e migas por cozinhar. Após trabalho consciente no papel fura-greves de quem não dá um cêntimo a entidades que muito desbaratam, googlei. Pitéus: “rolinhos de bacalhau com grelos e broa, rolinhos de caldo verde com linguiça, rolinhos de porco preto e javali, de morcela com puré de maçã... Para quem não é dado a fusões deste tipo, as alternativas passam por hamburgalheira ou hamburganheira, uma com alheira e queijo de cabra, a outra com farinheira, ou por um dos pratos da ementa fixa.” Anotei: “preços convidativos. Ao almoço há um menu de sushi por 12,50 euros e um outro com sopa, prato, bebida, sobremesa e café por 8,50 euros. Ao jantar os preços também são económicos. (…) A decoração é alegre e informal, o ambiente é simpático e bem disposto. Em noites de casa cheia, o serviço pode tornar-se muito lento e o tempo de espera excessivo, o que é parcialmente compensado pela simpatia. A relação preço/qualidade é muito boa.” Nã sei, nã vi.

 

Pois é! Nem com tão rasgadas loas lá entrarei. Para alentejano sério tenho o Galito, bem melhor que o Solar dos Nunes ali p’ra Alcântara. 

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

Querida Dobra: _ A harmonia do etéreo une-nos, além da amizade, além da menina, além do dizível.

 

publicado por Maria Brojo às 07:40
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Quarta-feira, 17 de Novembro de 2010

ALGUIDARES, ‘TUPPERWARES’

Gil Elvgren, Lauren Bergman

 

Texto notável do António a propósito do “Também Cor-de-burro Feirante” no passado 11 de Novembro.

 

“alguidar - pois claro, nas feiras e drogarias, como nas prateleiras dos super-mercados, ainda hoje vemos ror de vasilhame plástico para todo o serviço, a bem dizer temos em casa um considerável sortido de tais mercearias, sendo que hoje beneficiam de prerrogativas funcionais e estéticas próprias do altar do design, que chega até às malas de (jovens, quase) senhoras com extraordinários motivos e provocativos, às extensões de cómodas que rastejam em rodinhas e dormem debaixo da cama ou a modernas lancheiras de parafusos, buchas e ferramentas que todo o chefe de família gosta de ter no saguão, dispensa, garagem ou arrecadação para o bric a brac (ia dizer bricolar mas pareceu-me estrangeiro disfarçado) dos fins de semana antes do avisado chamamento final de oficiais entendidos e habilitados!

tupperware - aqui arrisco o segundo p e talvez um processo desta marca porque chamamos toda a caixa e caixinha (pensando melhor, o mini-caixotinho também é de plástico, e além de armazenar, a título temporário, o que tem que armazenar, manifesta-se em articulações porventura sofisticadas senão surpreendentes e desengonçado o bastante para se acrescentar ao rol do anterior ponto alguidaral) seja de que marca for mas com nobre finalidade de evocar um modelo de negócio que é toda uma era de estruturação da sociedade desse tal século XX de tanto empreendedorismo e de inventivo papel no desenvolvimento sócio-profissional da mulher desse tempo em que havia tempo e que estará talvez na origem da actual crise pois apesar de as reuniões terem perdido o chá e passado a agressivo spam televisivo do mil vezes repetido telefone já e se encomendar nos próximos 10 minutos ganha também a tampa das caixinhas completamente grátis mas a verdade é que durante décadas de oiro do negócio tup(insisto)perware para vender caixinhas era precisa a injecção de demonstração e intimidação (como agora para os místicos super-aspiradores anti-fungos e anti-carpetes, os prodigiosos filtros purificadores ou ozonadores de água ou a inimaginável bimbi), havia que invadir a casa do incauto que a quer bem apresentar, para ter e apresentar casa recorre-se ao crédito, para ter crédito há avaliações e garantias, produtos estruturados hipotecários com a sua inevitável globalização e eis-nos em plena lixeira virtual plástico-financeira!!

saco tipo Tianamen - e chegamos ao típico saco a que hodiernamente renegamos virtudes, com honrosas excepções em legítimas e corajosas rebeliões sem flores, porquanto nos entulham os gavetos e as gavetas, os mares e (nos copos) os bares, ameaçando mandar-nos o planeta para o maneta mas que, dizia, tornou possível o consumismo desenfreado que nos formatou a vida inteira, isto considerando que a vida acabou verdadeiramente no dia em que a Lidl, além de despedir grávidas a recibo, concebeu e implementou o saco plástico a cruzado, quer dizer, a centavos depois cêntimos, ou seja e trocando por miúdos, a pagantes e aqui d'el rei que era por uma causa ambientalmente correcta mas certo é que reforçaram na dose do material e tal como o papel higiénico de lá entope tudo indissoluvelmente se bem que mudou para sempre as mentalidades das gentes e até seiras, curioso, sempre disse ceiras, não sei bem se alguma vez escrevi ceiras mas digo sempre ceiras, chegamos a vislumbrar deslumbrados na fila da caixa (também cada vez mais de plástico, irreciclável) dos super mini-mercados que arrasaram o pequeno comércio e agora lutam contra os funcionários públicos chineses que arrendam sem pagar renda os antigos lugares (sim, lugares, da fruta, do pão, do peixe) ou, está bem, dos antigos estabelecimentos comerciais que dantes havia e nos punham os olhos em bico pelos roubos no peso e no preço ao menos agora não, está tudo marcado em mandarim e traduzido a martelo para plotuguês mais difícil de entender que o chinês - não o tal de Tianamen, que se explicou bem aos tanques e lhes mostrou a verdadeiro poder de um par de sacos de plástico chinês”

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

Cortesia do Pirata-Vermelho

 

publicado por Maria Brojo às 07:54
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Domingo, 26 de Setembro de 2010

ROLAVA, TRABALHAVA, PENSAVA NELA

Autor que não foi possível identificar, Gil Elvgren

 

Dos pneus sentia a aderência à estrada An. Corriam à desfilada as margens do alcatrão pela urgência do regresso a casa traduzida no velocímetro _ cedo demais para a polícia impor vigilância apertada na adesão dos condutores aos limites de rotações das rodas. Mais para a tardinha, previsto o regresso maciço dos «fim-de-semanistas» idos para fora da cidade que na semana útil os embrulhava - aderência ao voltar antes de escoado o dia possível não os motivava.

 

Na hora matutina para um domingo vago, pensava na adesão difícil entre os materiais escolhidos para cobrir o armazém. Remodelaria o projecto, exploraria outras opções. Segunda, reuniria a equipa. Que os cérebros em conjunto se atormentassem, que a aderência das placas inovadoras tivesse solução.

 

Rolava. Enfrentou outro afluente do rio de pensares que o preocupava. Pelo decréscimo de encomendas, sentia-se obrigado a reduzir o número de colaboradores no ateliê de arquitectura. Explicaria razões. O mau estar que sentia por quebrar vínculos laborais sabendo as dificuldades que enfrentariam até surgir novo trabalho. Qual seria a aderência de cada um ao facto? E a adesão dos restantes membros da equipa que liderava e nele confiavam?

 

Rolava. Trabalhava. Desistiu. Pensou nela quando se despia.

 

Nota: o texto foi intencionalmente construído para deslindar a confusão comum no discurso escrito e oral entre os termos aderência e adesão, sem que uso certo das palavras fosse respeitado. Qual seria?

 

Um dicionário informa:

 

aderência

s. f.

1. Íntima união ou ligação de partes (por acção!ação própria ou por compressão exterior).

2. Qualidade do que é aderente.

3. Acto!Ato de aderir (2.ª acepção!aceção); apoio.

adesão
(latim adhaesio, -onis, aderência, adesão)

s. f.

1. Acto!Ato de aderir.

2. Força que causa aderência.

3. Fig. Apoio, assentimento, cooperação.”

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

publicado por Maria Brojo às 10:59
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Domingo, 18 de Julho de 2010

BATOM-COLA

Gil Elvgren

 

Ainda maldigo os serviços que receberam, em meu nome, oferta - monografia do Gil Elvegren  que gentil-homem ofereceu. Até hoje a vi e os receptores devem ter-se aboletado com ela. Soube do caso, por acaso, num tu-lá-eu-aqui com o mandador. Não fosse a conversa ter curvado para o presente, jamais saberia as manhas dos (in)fiéis jardineiros do meu trabalho. Obra que presumo ilustrada e do melhor gosto. Como o que teria ao recebê-la. Mas não, evanouie pour toujours.

 

Fosse pela simpatia de amigos que têm a bondade de me mimar, pelo desafio ou irreverência ‘perplexei’. No momento, nem sim, nem não. Matutada durante par de dias a resposta, foi alcançado assentimento. A medo, que novidade desta jamais havia experimentado. Uma coisa é a balbúrdia no bastidor dos desfiles do mui querido Nuno Baltazar na Moda  Lisboa, outra é a passerelle com gentiaga crítica de olho assestado nos deslizes. Não sendo piquena para medos, a menos que chusma de baratas entupisse a passadeira, compareci. Tema do desfile: Pin-Ups. Substância: Lançamento dum aconselhador d’imagem (personal adviser) para quem, na matéria, precisar dos cuidados. Não eu que gosto de me bastar sem intervenção estranha.

 

Caicai em vermelho, preto e branco. Meias pretas com ligas encimadas por rendas e fitas tão rubras como sangue na guelra. Sandálias pretas compensadas e saltos de 9 cm. Desplante a meio do caminho entre aluguer e ‘todo o serviço’ complementado por bandós dum lado e liso comprido do outro encimado por malmequer. Maquilhagem feita de eyelyner e lápis e carmim nos lábios desenhados em coração. Susto tal – perdoe-me Estefânia -, que se o braço não sincronizasse o espelho a figura podia ser d’outra. À revelia do «conselheiro», óculos de lentes negras e armação branca a disfarçarem impressão digital: o olhar. Nem reclamou por saber do potenciado voltar costas.

 

Acabada a clausura nos bastidores e o desfile, fugi. Qual cocktail, qual festa, qual Indochina, qual quê! Num pulo, casa. Noite doce e manhã de praia. O oceano eliminou sobejos do maldito batom-cola.  

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

publicado por Maria Brojo às 16:45
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Domingo, 30 de Maio de 2010

MARGENS E BORDAS DE APETITES

Alberto Vargas, Gil Elvgren


Sob o fascínio de céu imaculado, a Teresa C. circunscreve a marcha de uma hora no parque maravilha quando a praia e a pele nua e cortar a soalheira mansidão das águas era melhor que SPA com estrelas muitas. Mas não - mergulho em trabalho é necessidade sem margem ou bordas disponíveis para outros apetites. Não lamuria. Enfrenta-o. Receberá sol no rosto quando o monitor a cansar. Regressa. Cumpre. Feliz por isso. Adia o que sabe obter graciosamente, assim a montanha de obrigações se dilua. Porque dia 2 está no virar da esquina das horas.

 

CAFÉ DA MANHà          

 

 

publicado por Maria Brojo às 11:18
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Quarta-feira, 10 de Março de 2010

GAIOLAS OU GRADES OU CELAS

Gil Elvgren

 

Apetite: «piquenicar». Cedo, sair dos lençóis. Desjejum tranquilo. Olhos cerrados a urgências profissionais que engasgam momentos arrolados como inúteis. Na cozinha, ousar petiscos. Mochilas que acondicionem merenda, toalha campestre, papel em guardanapos. Após a carícia da água na pele, rosto sem artifícios, cabelo molhado e seco na viagem. Botas coladas ao solo. Traje de acordo com a fruição do simples e bondoso, contrário à imagem. Esquecer menoridades e complicações, tantas vezes!, inventadas. Gaiolas ou grades ou celas. Portas que o «dentro» não encontra. Perdida a chave, os limites agigantam-se. Mas existe. Se procurada, o ouro que a faz encadeia. E o sol e o frio e a estrada e a floresta e o mar, prados e regatos alargam o círculo máximo da esfera que o olhar abrange. Que seja estendida a toalha. Que a manta/assento/mesa cubra o chão. Que o alimento alimente o sólido e o volátil. O diálogo. Risos. Que a tarde caia. Adormeçam os livros de estudo e prazer.

 

A produtividade exacerbada, ou imposta pela conjuntura, ameaça o equilíbrio de cada um submetido às normas globalmente reguladoras e aos superiores interesses que depositam salários e PECs. Abandonados ócios vitais. Avatar faz das almas engrenagens mecânicas pejadas de roldanas que chiam. Lamuriam. Queixam-se do atrito pela falta de cuidado na manutenção. Oleá-las é desprezado. E gemem. Com elas, a pessoa. Evito ser mais uma que frio arrepie. Quentura d'alma e corpo muito bem engaiolada na diferença com a insípida apatia perante o aventurar.

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

 

publicado por Maria Brojo às 06:47
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Olá. Posso falar consigo sobre a sua tia Irmã Mar...
Olá Tudo bem?Faço votos JS
Vim aqui só pra comentar que o cara da imagem pare...
Olá Teresa: Fico contente com a tua correção "frei...
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