Peter Axford Waldner
Até havia procurado informar-me. Até havia chegado a conclusão pessoal. Até botei «faladuras» escritas sobre o tema. Tendo em conta ser português o extremo atlântico oeste da Europa, ligá-lo com rapidez aos corações ricos europeus não me parecia mal. Fluidificar o trânsito entre povos da Comunidade é bem que une o separado, de facto, pela geografia e desenvolvimento.
Está uma ouvinte posta em sossego, quando alguém, membro do poder instituído, declara que, por via do TGV, Lisboa e orla marítima circundante podem vir a ser a praia de Madrid. Arrepio na «espinha» foi reflexo imediato e condicionado. Então não querem lá ver que, daqui a uns anos, teremos mais uma invasão espanhola? Não basta a discreta, mas real, que já monopoliza parte dos interesses económicos em Portugal? Ainda nos espera pior? Hordas de madrilenos empanturrando mais as compactas filas de latas para a Costa ou para a Linha ou para Alfarim e portinhos lindos da Arrábida? Pois se no estio sobram poucos metros quadrados para estender toalha nas areias, pior é, pelo agouro, possível!
Configurada seja a profecia: nem corpos dentro do oceano escaparão à tagarelice ininterrupta dos hermanos. Diminuírem o volume dos sons emitidos é impossibilidade. Cruzeiro pejado de espanhóis foi ensinadela e tanto! Para eles, silêncio só ao dormirem. Fala baixa não lhes sai das goelas. Desde cedo, espreguiçadeiras vazias frente ao oceano ou às piscinas «marcadas» por toalhas - quem vier a seguir que se remedeie. E, sendo limitado o espaço, sobreviver tranquilamente obriga a estratégias: buscar recanto menor, ler e contemplar com os ouvidos cheios de música ou tamponados. Refeições antes da invasão, Deo Gratias!, tardia. Aproveitar a siesta ressonada para «nico» de calma.
De adágio faço verdade: quando fatia de pão cai, a probabilidade da manteiga ficar virada para baixo é directamente proporcional ao valor da carpete.
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros