Mario Mariotti
Alavancar. Alavanca-se tudo e nada – a economia, o sistema financeiro, a cidadania, a poupança, o arrojo empresarial. Termo/moda em esperantos novos. Ida a época do ‘na medida em que’, a do ‘ruído social’ inaugurada por Jorge Sampaio, a do ‘paletes’, do ‘vai lá, vai’, do ‘bazar’ - as três últimas no linguajar que aportuguesa expressões da estranja, arremeda anúncios, momentos de «têvês». Hoje, é o tempo de alavancar sem alavancas interpotentes, inter-fixas, ou inter-resistentes. Presumo os «alavancadores» fartos de 'incentivar' ou de 'fomentar'. Deduzo fazerem ideia limitada do que seja uma alavanca e na categoria consagrem, sendo optimista, apenas o pé-de-cabra ou a pinça ou a tesoura – pranto dúvidas que delas conheçam, em detalhe, a ciência da função. Do Arquimedes devem ter ideia dum «gajo» redundante que estabeleceu o princípio de que um objecto mergulhado em água vai ao fundo. "Dêem-me uma alavanca e um ponto de apoio e levantarei o mundo” penso remeterem para o FMI ou para Angela Merkel.
Quando os ilustres que por tal se tomam ou são tomados, vêem banalizada a pretensa originalidade introduzida no discurso e julgam sua ou, no mínimo, à la page, a modernice, alteram-na copiando outra para, depois, serem copiados. «Impantes», presumem-se referências. Uns tristes a necessitarem de nadas que lhes confiram diferença superlativa.
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros