Sábado, 3 de Janeiro de 2015

ESTÁ LÁ? É DA GNR?

Kent Police Museum.jpg

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Kent Police Museum

 

 

_ Estou..., é da GNR?

_ É sim, diga!

_ Queria fazer quexa do mê vizinho Maneli. Ele esconde droga dentro dos troncos para a larêra.

_ Muito obrigado por nos ter avisado.

 

 

No dia seguinte, os guardas da GNR estavam em casa do Manel. Procuraram o sítio onde ele guardava a lenha e, usando machados, abriram ao meio todos os toros que lá havia, mas não encontraram droga nenhuma e foram-se embora.

 

 

Logo de seguida, toca o telefone em casa do Manel.

 

_ Maneli, já foram os tipos da GNR?

_ Já.

_ E racharam-te a lenha toda?

_ Sim.

_ Feliz Natal! Foi o mê presente deste ano!

 

 

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

Rui Reininho é o rei da música com letras sem sentido. Talvez por isso goste dos GNR em harmonia com este mundo louco.

 

 

publicado por Maria Brojo às 08:00
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Segunda-feira, 9 de Dezembro de 2013

O "GRANDE RÚSTICO" E A "GRANDE ALFACE"

 

  

Samuel Bak

 

Amar o Porto não é para qualquer um. Requer berço ou prolongado viver. Pressentir o aroma das bouças meada a distância de Aveiro para cima. Conhecer do Porto os verdes e azafamados arrabaldes rurais. Ter aprendido a gostar da exaltada frialdade marítima, do cheiro a maresia e da morrinha na face. Guardar o sabor das rabanadas degustadas em pleno estio na pensão anónima para as bandas de São Bento. Ler no granito a luz que ao céu parece fugir. Em cada pedaço de mica e feldspato ouvir o orgulhoso testemunho de por ali ter dealbado a nação que da cidade contêm o nome. Pressentir a luxúria no donaire das mulheres que nas calçadas tecem enredos com o pisar dos tacões. Saber ao lado a Lello, o Majestic e a Foz. Cidade com vinho a que emprestou o nome e pelo mundo afaga palatos.

 

Olhando de baixo para cima, que é como quem diz da “Grande Alface” para a Invicta, é estranhado o labor, a austeridade parda e o falar. Envaidecidos pela ausência de sotaque, garantem ser falado em Lisboa o português comum, enquanto no “Grande Rústico” – assim os «alfacistas»* veem o Porto – são trocadas letras entremeadas com palavrões. Sei de um lisboeta que pela profissão foi “desterrado” para o lugar onde li começar o Sul. Testemunhou: “Nunca me habituei ao falar à moda do Porto. Não padeço de snobeira, apenas em Lisboa não se fala assim. Enquanto andei lá em cima, todos os natais saiamos de carro, eu e o meu chefe de vendas, para presentear com cifrões os polícias-sinaleiros. Como ele falava com os polícias!... Indescritível. Em Lisboa, ia preso no início da primeira frase - Ó meu cab... toma lá uma prenda aqui do doutor; compra um casaco de peles à tua mulher pra ela não ter que sair à noite! O polícia respondia: «Oh seu Moreira, obrigado, muito obrigado e deixe lá que eu não tiro o olho daquela pu....!»”

 

Um lisboeta jamais entenderá a força do peculiar dizer: "vê se micas por aí o picheleiro e manda-o à loja das miudezas antes que desatine com este moinas que me perdeu a chave do aloquete!"

 

Havendo a precisada campanha eleitoral agora, importa a tendência do voto das peixeiras dos mercados do Bolhão e de Matosinhos. Sabendo-as capazes de rachar um cavaco ali mesmo, os políticos engomados e «branquelas» saídos dos gabinetes assépticos de onde olham o país, “vêem-se à brocha**” com elas. Temem o corpo-a-corpo e o bate-boca com mulheres aguerridas que o dia «alevanta» pela quatro da manhã. Tanto lhes podem estalar o esqueleto no aperto dos abraços, como atirar-lhes ao fato Boss o chicharro ensanguentado da véspera.

 

Os candidatos da «estranja» sabem lá o que é a dureza dumas eleições à portuguesa!... O Obama dividiria reações por ter interrompido a primeira campanha à presidência para visitar a avó doente no Havai. A mais provável seria: “Ai que o meu rico (...)

 

Nota: há minutos, texto publicado aqui.

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

publicado por Maria Brojo às 08:38
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Quarta-feira, 17 de Agosto de 2011

EM 1946, MARIA E SARIO

Donato Giancola e autor que não foi possível identificar

 

No concelho de Gouveia, como noutros das Beiras, década de quarenta e par das seguintes, acabada a instrução primária dos afortunados que ‘iam à escola’, as crianças ajudavam ao sustento da família por mor da pobreza extrema. Iniciadas na lavoura, na pastorícia, na lida da casa, na costura, carregavam cântaros de água sobre as cabecitas, alimentavam o porco e bichos de capoeira, do ferro de brasas sabiam o manejo na arte de engomar. Calejavam os pés andando descalças ou, arribado o frio, com sorte, talvez protegidos por tamancos e peúgas saídas de mãos laboriosas no tricô.

 

Porque Gouveia era centro importante no fabrico e exportação de lanifícios, quem podia trabalhava nas fábricas. Frequente, ‘meter pedido’ para conseguir admissão e combinar fábrica com agricultura de subsistência ou jorna ao serviço doutrem. Na indústria fabril, o trabalho era por turnos. Aos dez anos, fizesse neve ou sol, pela madrugada, saíam das camas ou do que dela fizesse as vezes para fazer a marmita e andarem quilómetros – pegavam às oito. No final do dia, a paga era dezena de tostões. Se no Inverno percorrer a distância era sofrimento indizível pelo frio de navalha da montanha, mãos e pés atiçados por frieiras, na fábrica continuava o Inferno: barulho ensurdecedor, homens negros pelos óleos, correias espalhadas, catraios empoleirados em bancos, não chegando aos teares. Ao meio-dia, estrondeava apito para o intervalo da bucha/almoço comida dentro da fábrica, em redor de bidons onde ardia lenha que (mal) disfarçava o gelo nos ossos.

 

Em 1946, na “Belino”, é iniciada paragem laboral – finalmente, acontecia greve devida às desumanas condições de trabalho e aos magros salários. “Nas Amarantes”, uma das fábricas mais importantes do país com setecentos trabalhadores, o mesmo. Mal passada era uma hora, a GNR cerca as unidades fabris, empurram para dentro dos jipes e prendem cerca duma quinzena de homens julgados cabecilhas. O pai da menina que com o filho do sacristão escondera os coxins dos prie-dieu na igreja das Aldeias trabalhava na “Sociedade Industrial”, comummente designada por “Amarantes”.

 

Estando no colégio a já adolescente, ouve contar o que acontecia. Juntamente com o Sario cujo pai era operário na mesma fábrica saem desvairados das aulas e, numa corrida, alcançam a praça de S. Pedro onde guardas, jipes com os presos e multidão se haviam ajuntado. Espreitavam os detidos temendo encontrarem os pais. Saberiam, então, que eles permaneciam dentro da fábrica - ao primeiro, um dos fundadores do sindicato na região que, de pronto, se identificou com a luta, salvara-o a ascendência familiar, isto descobriria mais tarde, ao segundo, a óbvia inocência.

 

Mais tranquilos, correram de volta ao colégio. À entrada, dão com o director que os esperava. Apopléctico de fúria, aos brados indaga porquê o desplante de faltarem a uma aula. O Sario adianta-se e explica a angústia que haviam passado. Sem delongas, o director dá sonora bofetada ao rapaz com dezasseis anos. A Maria, ferida pela incompreensão e violência, questiona-o:

_ “Porque não me bate também? Por ser mulher e sobrinha dum padre?”

 

Durante quinze dias, as fábricas mantiveram portas cerradas enquanto os patrões reuniam e ruminavam procedimentos. Aos poucos, chamaram operários. Admitidos os imprescindíveis pela função especializada e os considerados rebanho cordato.

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

publicado por Maria Brojo às 09:53
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