Quinta-feira, 30 de Outubro de 2014

“ATÉ QUE A MORTE NOS SEPARE”

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Mulher do século XXI – Bravo da Mata

 

Assassinam-nas quando a relação entorta. Maridos, companheiros, namorados estão incluídos nos 71% dos agressores. «Ex» são, entre eles, 19%. Somando as duas parcelas no quadro da violência doméstica, temos que em cada dez assassinos, nove estiveram afetiva e/ou emocionalmente envolvidos com as vítimas.

 

É frequentemente letal para mulher que negue continuar num relacionamento moribundo o síndroma da rejeição de que padecem alguns homens. Vieram a lume números inquietantes a partir da comunicação social. A violência doméstica mata mais mulheres que o cancro da mama. Nos dez meses deste ano, dezenas foram assassinadas e centenas estiveram à beira do mesmo fim ao decidirem retomar a vida sem aqueles com quem partilharam um amor. Nos dados obtidos, são notícia homens vitimados por razões semelhantes, todavia em número residual, mais os que decidem procurar tratamento clínico antes dos comportamentos agressivos surgirem.

 

Para alguns homens, “até que a morte nos separe” é literal. Mais fundamentalistas do que a Igreja Católica que no ritual do casamento a idêntica jura obriga nubentes. O perigo social destes machos violentos advém das crianças e familiares serem vítimas potenciais. Bombas-relógio que atingem, preponderantemente, mulheres na faixa etária dos 36 aos 50 anos, seguida pelas maiores de 51 anos. Quase todas, sujeitas a décadas de maus tratos. Nestas situações, é leviandade afirmar “quem está mal, muda-se”, como se num estalar de dedos a tragédia se evaporasse.

 

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

 

publicado por Maria Brojo às 09:52
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Quarta-feira, 11 de Dezembro de 2013

COMO SE ESTIVESSE MORTO

 

 

Henryk Fantazzos

 

É homem das letras. Ensaísta, crítico de arte e literatura, poeta, amante da vida e do que dela afirma melhor: as mulheres. Casa e descasa por paixões – estando uma moribunda, outra se alevanta. Farto dos registos burocratas que legitimam amores, altura houve em que decidiu levar a cabo empreitada diferente das comuns. Calcorreou repartições em busca de alguma que, destemida, carimbasse inédito compromisso entre um homem e uma mulher: pacto mutuamente consentido, de exclusiva prática adúltera. Não conseguiu. Há vinte e cinco anos que vive com a «mulher-amada-amante» nas condições fora-da-lei então definidas.

 

Num fim de tarde adoçado por réstia de sol, o lençol do Tejo em frente, afirmou: “nunca falhei a uma mulher”. Bailaram insinuações brejeiras. Amigos de tempos que foram e são aproveitaram a deixa magistralmente encenada pela voz grave, gestos largos e lestos olhos azuis. Garantiram que alguma falha, alguma negação à sorrelfa da vontade, terá cometido o pedaço do corpo que nas vulvas encontra deleite. Negou. Deu razão: “a uma mulher, ou mais, se ajuntamento delas acontece, sempre disse: façam-me tudo como se estivesse morto! Ora, de um defunto nada há a reclamar. É milagre a ressurreição da carne. Alegre acrescento ao nada que antecipei.” Voaram risos e contestações no crepúsculo de folhas caídas.

 

Remoí a frase. No respetivo contrário, me fixei. Sendo um homem dado à multiplicação das grutas femininas que lhe recolham o sémen acresce consideração nos machos congéneres. As legítimas são consideradas “devotas e amorosas almas” respeitadoras do ‘pater’ que, com elas, família gerou. Mulher que se declare aberta a múltiplos dadores de fluidos e prazeres gera repulsa nas pares. Talvez comiseração. Talvez rótulo de “perdida” ou paciente que a ninfomania vitimou. Os companheiros guindados ao altar da infelicidade pelos enfeites na testa.

 

Mas também eles são vítimas dos «pré-conceitos» sexuais. Abeirando-se dos cinquenta, é memória ou surpresa rara a generosidade das «duas» consecutivas. «Uma» incondicional é rara sendo a base diária. Cada vez mais longo o recobro e o regresso do sangue à guelra e a passagem de defunto sexual a vivaço capaz de débito que povoe lugarejo – perdida, tempo atrás, a capacidade de, numa assentada, preencher cidades com novos habitantes. E alguns homens «pintam» com benevolente pastel as mudanças. Dizem-se mais sábios. Mais atentos aos jogos que antecedem a prova que espera a carne pendente. Mais desejados por ninfas pela demorada entrega que dos homens próximos em idade não obtém. Esquecem que, passada a novidade, a demora cansa as “lolitas”. E correm, alegremente, o risco de serem chutados para fora da pequena área. Que outros façam goleada com eficácia e pundonor.

 

A partir dos cinquenta, rala certos homens saber das mulheres, pares na idade, a gloriosa fase de não temerem gravidez e da fruição aumentada dos jogos de pele e corpo. E temem-nas. Alguns renegam-nas. Encantam ninfetas com o erotismo advindo de outros poderes. Pelo seu lado, as mulheres ditas maduras deparam-se com a realidade de homens distantes, para menos, na idade atentarem no fascínio das balzaquianas a que a modernidade somou vinte anos. Se Honoré de Balzac por cá andasse, em vez do título “La femme de trente ans”, pela certa escolheria outro: “La femme de plus de quarante ans.”

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

publicado por Maria Brojo às 08:18
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Quinta-feira, 27 de Outubro de 2011

DA FRENTE PARA TRÁS

Shinichi Noda, Sorayama, Mel Ramos 


2011

Ao despojamento íntimo chegou a mulher actual. Na pele nada protege as margens que o rendilhado pequeno não cobre. Airosa sensação do nada que à própria tenta! Minimalistas por fora, mais complicadas que nunca por dentro. De tal modo elaboradas (baralhadas?) que 1/5 do bolo masculino lida mal com o desejo e a respectiva concretização. O Relatório sobre a Situação da População Mundial em 2011 constata que “Portugal tem a segunda taxa de fecundidade mais baixa do mundo, o que na prática significa que as mulheres portuguesas estão entre as que têm menos filhos.” Neste relatório, “as Nações Unidas admitem que «a falta de mão de obra ameaça bloquear as economias de alguns países industrializados». As baixas taxas de fecundidade significam menos pessoas a entrar no mercado de trabalho, numa tendência que põe em causa o crescimento económico e a viabilidade da segurança social. A ONU diz que em alguns países mais ricos, a falta de jovens «significa incerteza sobre quem vai cuidar dos idosos e sobre quem pagará os benefícios dos mais velhos».” Esta é uma perspectiva utilitária do homem e da mulher enquanto parideira sem atender às razões (texto publicado no SPNI a 24 de Outubro deste ano de 2011).

 

1991

À-vontade na sexualidade, prestígio do corpo, abordagem liberal das relações dos homens e das mulheres. Elas conquistando terreno social, eles surpresos com os avanços nos seus territórios tradicionais. Perdem nas universidades, na prestação de serviços diferenciados e no domínio familiar. Hesitam como prima-dona a quem a figurante ameaça roubar papel e protagonismo. Viram-se para a própria cas(c)a, aprendem a fruir de modo mais solto e gracioso dos afectos. Aventuram-se na ternura exposta. Chorar sim, se for esse o sentir.

 

1981

Elas tomam, maioritariamente, a iniciativa do divórcio, decidem quando, como e com quem geram filhos. Fazem amor e odeiam a guerra. Das flores nascera símbolo de paz, continuava o tempo de delírios comunitários induzidos por substâncias várias. O corpo tenta, seduz, arrebata, mas é contido por limites que a moral convencionada e os preceitos sociais injectaram como adição. A «roupa interior» diminui em tamanho, cobrindo, todavia, o suposto desdém pelo estabelecido. Lá por fora, houvera, década mais trio de anos antes, Woodstock num descarado 69; por cá, nos setenta e meio, a ilusão do «tasse bem».

 

Gil Elvgren, autor que não foi possível identificar

 

1951

Ousadas? Nunca, salvo as delambidas de intimidade descarada. Corpo impressivo, curvas exuberantes, cintura de vespa não isenta de similar do espartilho. Cinto de ligas, cintas, sutiãs inteiros, vestidos rodados e soquetes ou saias esticadas revelando desafiadoras nádegas. Para elas, as delambidas, aquelas que obliquavam o olhar aos maridos das «esposas modestas». Estas, aos trinta, pelo aspecto da «farda» eram velhas sensaboronas, passadas, mães de família com rolos na cabeça ou apressadas na rua com sacos de compras na mão. Ele saía pela manhã, ficando dela a retaguarda familiar. Pelo final da tarde, ele demiti-a da função no acto de meter a chave à porta. No dia seguinte, mais do mesmo. Pelo mundo, os fifties impavam no maravilhoso(?) mundo dos reactores nucleares.

 

Belle Époque

Espantoso período do avanço cultural e tecnológico europeu. Surge o telefone, o telégrafo, a primeira fábrica Ford e o primeiro dirigível de Santos-Dummont. Depois, a belle époque foi iluminada pela lâmpada eléctrica, pelos filósofos nietzschianos e pela sexualidade abordada por Freud. Conheceu a arte da imagem através do cinema, a arte do som através da rádio, a arte de fotografar através da fotografia colorida, a arte da pintura e da música através dos impressionistas. O espírito europeu estava elevado e com ele todos os sentidos que instigavam a produção cultural. À mulher é permitida a curiosidade e o acesso à formação intelectual superior. Tem espírito incendiado e corpo confinado a pouco mais que a procriação. A «roupa de baixo» é muita, grossa, grande e feita à mão.

 

Autor que não foi possível identificar

 

Intemporal

Arenga para comportamento antigo em tudo semelhante ao presente - dois seres humanos, o desejo, a união. Novo ser depois? Manda o acaso, a guerra e a paz, o bem estar económico, social e da família.

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

publicado por Maria Brojo às 08:44
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