Miró - Femme et Oiseaux Scott Holloway
Hoje, são os «Mirós» esvaídos de Portugal e com destino ao leilão desta tarde e de amanhã da “Christie’s Europa”. O dossiê Miró era já conhecido pela Direção Geral do Património há demasiado tempo para o súbito ‘aqui-d’el-rei’.
Ontem, anteontem, foi o malvado amianto que por incúria do Estado continua a pôr em risco a saúde dos trabalhadores que labutam nos edifícios que o contêm na estrutura, como se fora novidade a periculosidade do material.
Na semana passada, as praxes académicas deram que falar e ouvir. Noticiários, programas dedicados, de tudo houve muito. O assunto é grave e merece reflexões - quantas mais melhor. Mas há quanto tempo o assunto se arrasta perante o olhar bovino dos responsáveis?
Conclusão: apenas situações de gravidade extrema ou tragédias fazem levantar vozes e saídas precárias do chove-não-molha dos governantes, das instituições ou dos deputados. Provo.
Caso primeiro - entrou ontem o pedido de providência cautelar para impedir o leilão de 4 e 5 de Fevereiro da rara coleção pelo total e qualidade das obras de Miró em venda. Sobre ela, afirmou Oliver Camu, um diretor da leiloeira: "É possível ver Mirós em leilão com regularidade. Neste caso, as 85 obras causam um grande estrondo no mercado. Chamou a atenção de muitas pessoas por causa disso. Se tivesse sido repartido em partes menores perder-se-ia a magia da história e o fôlego da coleção". A peça/rainha do lote é "Femme et oiseaux". A coleção representa sete décadas da carreira de Joan Miró (1893-1983) e “o conjunto é considerado pela Christie's uma das mais extensas ofertas de trabalhos do artista a ir em leilão em várias décadas.”
Caso segundo – apenas numa instituição pública com amianto no edifício, dezanove funcionários atingidos por doença oncológica; um deles, morto por cancro fulminante e com a origem da doença apenas detetada no estrangeiro.
Caso terceiro – em meados de Dezembro, seis mortes de estudantes universitários que podem estar associadas a praxes.
Hoje, também notícia o jovem de vinte anos que após acidente de viação em Chaves,Trás-os-Montes, e diagnóstico de ‘neurotrauma’ não teve cabimento nos hospitais do Porto e de Coimbra por ausência de vagas. Após três horas de espera, percorreu em ambulância 400Km até Torres Novas. Dado o agravamento do estado clínico, seguiu depois de helicóptero até ao Hospital de Santa Maria. Inevitável preço da interioridade ou escândalo continuado por décadas?
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
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