Christina Papagianni
"Finalmente reencontro-a e posso, finalmente, dirigir-me a si, depois de um longo silêncio ditado pelo nosso comum amigo Paulo (da Capricci, parece que algo mais... disse-me a Deusa da Prudência), após se ter insinuado melifluamente, faturando a minha ausência, para mais encontrando-me eu, em mar alto ensaiando a reação do meu velho saveiro às fortes iras de Eolo.
Mas não pense que me sinto triste...a vós tudo perdoo... e quando me apercebi que a minha mais querida forista, andava em doces arrufos com o meu estimado companheiro de milhentas jornadas...senti-me feliz por a ver com esse brilhozinho nos olhos. Bom, quanto ao Paulo... confesso... ele bem sabia quanto eu a...a ... estimava e que até estava a preparar o saveiro para, nós os dois... enfim...olhe , também não interessa nada!
Mas sabe, nestas coisas, o excesso de solidão deixou-me embiocado e sem sentido de oportunidade e a ele, mais homem do mundo, (no bom sentido, entenda-se), lá atrevimento e "savoir faire" não lhe faltam, salvo seja...ganhou o melhor... Que os deuses vos guardem e Iemanjá, em particular, atente nos milhares de flores que em oferenda lhe deito ao mar em prol de todas as coisas lindas que clandestinamente possam partilhar. Com a riqueza da vossa imaginação e um rigoroso respeito pelos dons que a vida generosamente vos concede. Por que viver é preciso!
Porque no fim o que é um Capitão da Areia? É isso mesmo...Um sonho de aventuras...uma quimera juvenil...uma permanente provocação aos indecisos...a recusa de simplesmente estar...a vontade de partilhar...de construir...erguer mundos...amando e sonhando, sempre.
Capricci, deixe que desta vez lhe dê um beijo. Sentido. Da alma."
Capitão da Areia
CAFÉ DA MANHÃ
Rodolfo Redel- Iemanjá, Rainha do Mar Rodolfo Redel
Acordar para o início da semana. Enfiar trapo suave sobre a pele. Cumprir os rituais dos amanheceres: permitir que o ar fresco da manhã inunde a casa, ligar a rádio, chá verde frio, iogurte e um café. Ouvir noticiários. Porque estendo estes prazeres, hora e meia de fruição. Notícias de abertura: o Portugal- Alemanha de hoje, os malvados incêndios de Amarante, Sertã e Portimão que mais de Portugal comeram, a penhora de 189 casas por dia devido ao incumprimento das rendas, saber que em Março deste ano para cima de cento e cinquenta mil famílias deixou de reunir condições para continuar a paga mensal ao banco das paredes que as abrigam. Mediaticamente, assim começou esta lusa semana. Adrenalina e venenos. Esperança carregada pelo futebol como alívio das dores do povo.
Talvez os orixás, búzios, candomblé, orações e «simpatias» em honra de Iemanjá de que se encarregaram os portugueses no Brasil revelem préstimo no jogo de mais logo.
Talvez por hora e meia as famílias desalojadas troquem as mágoas por entusiamo no futebol.
Talvez os incêndios regridam sob a coragem e saber fazer dos bombeiros imersos nas margens das labaredas.
Talvez.
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros