Cecil Hayter
Conjugium satis est juvenem dominare ferocem - Casarás e amansarás
Outono coincide com o regresso ao lar e o desejo de nele renovar os dias. As obstinadas tentarão banir as resmas de roupa na cadeira do quarto. Eles, ardilosos se o dolce far niente está em causa, num resmoneio alegarão servir a cadeira para o arejamento das calças e casacos e cintos e gravatas aliás, ato higiénico ao evitar a contaminação do roupeiro pelo fato despido e, por isso, conspurcado de bactérias.
Elas ensaiarão levar à prática a antiga frase publicitária da TMN: “...de manhã também é bom...” dispensando o “...a minha mãe gosta de tomar banho primeiro”. Eles, após o ereto acordar mictório, murcharão atributos e energia. _ “Fica para logo, «quiduxa». Agora não há tempo.” E vão ao computador, vêm as primeiras na televisão, fumam um cigarro, depois, disparando para o despacho da saída. Com a pressa nem reparam no gelo do beijo delas.
Na ânsia de mudanças que se vejam, já que das sentidas foi diluída a esperança, elas desfolham catálogos do IKEA, obrigam-nos a entortar o rosto como quem presta atenção mas tem olhos de vidro fixos no ecrã. Eles dão de barato o acordo ao não-visto e somente na tarde de sábado, metaforicamente enfiados «nelas», percebem a ratoeira. Arrastam a infelicidade visível de «homem-vítima-de-maníaca». Uns tristes, uns sem-abrigo da determinação feminina. Confrangem, pobrezitos...
Para doce regresso à conjugalidade outonal, deixo receita de uma amiga: se o parceiro emudeceu, ficou frio, sofre de cegueira seletiva ou embarrigou para cima de uma arroba de quilos, há solução: fazê-lo caminhar cinco quilómetros por dia. Ao fim de duas semanas estará a setenta quilómetros de distância. Nada mau!
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros