Morreu com boa idade em 1933:101 anos. Engelhada, atributos caídos, sem descendência directa. Terá sido casada estéril ou, pelo advir mal-afamado porque despudorada segundo os usos do tempo, oficialmente solteir(on)a até ao final?
Alentejana de Arraiolos, foi mulher atrevida a par da família que autorizou servir de modelo para o busto da República. Se ao Francisco dos Santos ou ao Simões D’Almeida ou ao João da Nova, nada é certo, permanecendo a confusão acerca dos bustos/símbolos de cada um. Verdade foi o povo vibrar com o novo regime e com o ao léu dos seios e das formas redondas da Ilda Pulga. No conjunto, capitosa inspiradora.
Como outros esfomeados vindos das Beiras, de Trás-os-Montes, em geral do interior rural, para servirem como marçanos, paquetes, criadas de servir, putas ou costureiras ou capelistas ou moços de recados das mercearias de bairro que levavam às casas os frescos e o bacalhau, a Ilda, depois dos dez ou treze anos, viveu Lisboa ou Lisboa viveu com ela o que não é a mesma coisa.
Imitássemos os franceses e a Ilda Pulga seria destronada do busto oficial por outras consonantes com o estereótipo vigente de mulher em moda. Mas não. Apegámo-nos à nossa musa republicana e dela não abdicamos. Ao menos nisto acertámos – sabem os deuses e eu, perdoada seja a arrogância, o que faria um Cutileiro ou um Simões de beldade escolhida e actualizada para símbolo idêntico. Escultores como a Eduarda Filhó ou o Carlos Pé-Leve ou o Augusto Cid, deste o Carlos Oliveira como criador do molde, e acorreria num pé só para vislumbrar o novo busto. Mas, tendo falecido a modelo, cópias da genuína bastam. Viva na memória visual a Ilda destemida! Pulga é sobrenome que a história lembra.
CAFÉ DA MANHÃ
O Amigo Justo de novo me brindou com um vídeo que tem o SPNI, a Teresa C. no final, como leitmotif. Adorei este como todos os anteriores.
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros