O Infarmed anunciou não existirem medicamentos eficazes para a ressaca. Contra a que sobra das Festas ditas Felizes, ainda menos. Palavras acertadas.
Muitos projectam no banho de afectos que dura uma semana, compensação para o isolamento, decepções, auto-estima rasa e desesperança. Infeliz engano! O Ano Novo e o Natal não são xarope, anti-inflamatório ou pílula da felicidade. Passada a quadra de amor e alegria – simulada vezes demais -, regressa o quotidiano frio. Construído por quem não sabe aquecê-lo através da auto-crítica, gestos de dádiva, e pelo esculpir de boa vida íntima. Ressaca tanto maior quanto mais funda a crise pessoal.
Porque desde Janeiro se alinhavam férias outras, as grandes que, próximo o Verão, alegram ânimos, (re)começa a projecção interior, de novo, marcada (mandada?) pelo calendário. Para muitos remanesce desilusão semelhante àquela de agora. Fundamentos idênticos: afinal, as crianças adoecem, brigam, interrompem sonos parentais; quando gastos, os casais não apertam laços. O torpor do diferente não esconde ou remedeia, incluindo o do próprio pelo próprio, afectos roídos.
Quem do intervalo do tempo passado aproveita memórias únicas e doces, nelas alicerça património para horas más. Pode ressentir-se do cansaço atitudinal que a meta/construção traz, mas não sofre. Passa ao lado da ressaca emotiva. Entra no tempo que chega novo sem tristezas corrosivas. Assim é, assim será, escreve a Teresa C. que nada sabe de teorias «psis».
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros