Maria Picassó
Se o mundo fosse uma sala de aula, a Espanha e a Itália seriam as meninas tagarelas «tasse bem», a França a aluna coquette, a China a marrona sem ajuda cujo sucesso só o sacrifício explica. O Japão dava para «cromo» sentado na primeira fila, a Inglaterra para o snobe de serviço. A Alemanha cumpriria o papel do disciplinado exemplar, mochila pejada de manuais, encostado á porta da sala de aula antes do toque da campainha. O Irão não engana: aluno metido consigo e de olhar arrevesado. Em todas as turmas há o gorducho pateta e rico, os EUA, claro!, os meninos pobrezinhos com direito a merenda à borla e a livros em segunda mão, da África, no caso. O grupo dos rufias dados a fanar o alheio e a fumaças proibidas seria da América Latina, os de Leste já foram os remediados com roupa de marca comprada na candonga.
Não há classe sem alunos mandriões de boné às avessas que gozam os atentos e recebem as más notas mascando chicletes num riso descarado, sem perderem o ar gingão. Não desligam o telemóvel, menos ainda nos testes - iam lá perder a cara zonza da professora que os apanha a receberem por ‘sms’ as respostas às perguntas? Não fazem trabalhos de casa, faltam às aulas para fintas e danças com a bola em que são exímios, curtem com as colegas que desviam para o shopping e partilham as «bejecas». Chegam atrasados às aulas de História e, por isso, repetem erros antigos. Medíocres em Matemática, nunca acertam as contas internas com as externas e das línguas estrangeiras aprendem o mínimo que desenrasque turista e engate miúdas. Uma vergonha de alunos! Porém, no papel de papagaios de boatos e anedotas que ridicularizem os outros não há pai para eles. Estes somos nós.
CAFÉ DA MANHÃ
The Time Room
A aventura espacial portuguesa começou tarde, princípio dos noventa, mas deu fruto quando corria o 26 de Setembro de 1993. No Centro Espacial de Kourou, na Guiana Francesa, foi lançado para o espaço o PoSAT-1, o nosso primeiro satélite, à boleia no voo 59 do foguetão Ariane 4. Precisamente 20 minutos e 35 segundos depois do lançamento, a 807 quilómetros de altitude, o PoSAT-1 separou-se com sucesso do foguetão. Às 2h45, hora de Lisboa, entrou em órbita. Rejubilaram os respetivos pais e mães, conquanto o pai que a história recorda seja, o genial físico Fernando Carvalho Rodrigues.
O PoSAT-1 ia bem apetrechado. Prestou catorze anos de bons serviços – calou-se apenas em 2006, mais do que o tempo de diálogo previsto com Centro de Satélites de Sintra -, debitando informações dos e aos militares que operavam em territórios de guerra. Pertence à classe dos microssatélites e pesa cerca de 50 quilogramas. Para o nascimento no Surrey, Inglaterra, foi necessário consórcio de universidades e empresas portuguesas que custeassem os cerca de cinco milhões de euros necessários.
Com 20 anos, o satélite lusitano anda à deriva como caixote de lixo espacial em órbita descendente. Lá por cima, orbita lixeira constituída por muitos outros. Assim continuará até 2043, ano conjeturado para a morte física do PoSAT 1 e único na nossa caminhada aeroespacial.
CAFÉ DA MANHÃ
Gil Elvgren
Em idos, foi por aqui tratado o alívio a dor súbita que verbalizar palavrão constituía. A teoria fora obtida através de investigação conduzida pelos cientistas Richard Stephens e Claudia Umland, da instituição britânica, em Newcastle-Under-Lyme, Inglaterra. Mas, porque a ciência não estagna, os investigadores referidos prosseguiram o estudo.
“A nova investigação analisou um grupo de pessoas habituadas a pronunciar palavrões com mais frequência para perceber se sentem o mesmo alívio do que os que o fazem menos vezes. A tolerância foi medida com base na duração em que cada voluntário conseguia manter as mãos no balde de água gelada. Os resultados revelaram que os participantes que tinham o hábito de dizer palavrões com mais frequência conseguiram suportar menos tempo a dor.
O estudo mostra que se, por um lado, pode ser uma prática benéfica, também há evidências de que se o fizermos com muita frequência no dia-a-dia, esse poder não terá a mesma força. A equipa de investigadores acredita que o alívio da dor ocorre porque esta forma de expressão desencadeia no organismo a chamada reação de luta ou fuga, acelerando os batimentos cardíacos, uma resposta fisiológica associada ao comportamento agressivo.
Dizer palavrões produz para além de uma resposta emocional uma reação física. Esta prática já existe há séculos e assume-se como um fenómeno linguístico humano universal. Os palavrões são uma expressão que contrariam os códigos da linguagem e da educação em vigor, mas podem ser terapêuticos.”
Remate subjetivo: palavrão esporádico com justo motivo, sim; sendo habitual, não alivia e transforma o uso da língua portuguesa em linguajar.
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros