Segunda-feira, 28 de Julho de 2014

FEITIÇO INTEMPORAL: O EROTISMO

 

Gustave Courbet – “Woman in White-Stockings”, c_1861               “Victorian Girl on Beach” – William Bouguereau, c_1825-1905”

 

No mundo ocidental, o conceito de erotismo foi e é associada a tabus – constatação à risível maneira de Monsieur de La Palisse*. A nudez feminina domina a arte erótica ao ser, maioritariamente, executada por homens. Nu pictórico desapaixonado é raridade. A nudez total ou insinuada, quer em idos remotos quer na atualidade, incendeia os sentidos. Que assim seja até ao final dos tempos!

 

O fascínio pela arte erótica atemorizou a civilização dita «judaico-cristã»: censurou  a sexualidade explícita na arte e velou o respetivo poder erótico. Resultado antagónico: incrementou o interesse por esta categoria da pintura, ainda que condenado socialmente. Outras religiões consideraram o prazer sexual como parte importante do culto – são exemplo as aventuras sexuais dos deuses e deusas em textos sagrados. O cristianismo não é uma religião sexual. Jesus, compassivo perante a união dos sexos, foi derrotado pela poderosa intolerância de São Paulo.

 

O clero, enquanto importante patrono das artes até ao século XVIII ocidental, manifestou profundo afeto pela pintura e escultura; originou inconfundível tradição artística na qual o conteúdo erótico de muitas obras foi apresentado de forma implícita ou codificada. Igrejas de toda a Europa, na maioria destruídas por degradação ou refregas, expunham retábulos eróticos (…)

 

(…) *Historieta a propósito de Monsieur de La Palisse. É conto que os soldados de La Palisse, ao ilustraram o comprovado arrojo do marechal caído nos campos de Pavia (1525), engendraram  canção em memória do destemido oficial. Nela, constava a estrofe seguinte:

"Hélas, La Palice est mort,

Est mort devant Pavie;

Hélas, s’il n’était pas mort,

Il ferait encore envie."

 

Segundo a lenda(?), terá sido responsável pela deturpação (…)

 

Nota – Texto integral aqui.

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

publicado por Maria Brojo às 09:06
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Quinta-feira, 17 de Abril de 2014

"COSTURANDO MITOS E RELIGIÃO"

     

Frida Kahlo – “Meu Vestido Pendurado Ali”                               “Auto-retrato na Fronteira entre México e Estados Unidos”, 1932

 

Nem o título me pertence. Está incluído num ensaio de Claudio Carvalhaes sobre a tela de Frida Kahlo "Meu vestido pendurado ali". Por ser tela que sempre me intrigou, fui beber às fontes.

 

“A referência religiosa nas obras de Frida vinha de povos abandonados e marcados pela pobreza. Em seus quadros e fotos, seus vestidos e colares eram rodeados e mesmo marcados por aspetos religiosos presentes na cultura mexicana. Em seu quadro “Auto-Retrato na Fronteira entre México e Estados Unidos”, seu vestido está ao lado de elementos como o sol, lua, templo, caveira, sangue, o ciclo vida-morte azteca, e outros elementos da terra que servem para compor referências culturais, religiosas e teológicas do México.

 

Além das expressões religiosas pré-colombianas, a obra de Frida faz fortes referências ao catolicismo popular, como as coleções de milagres, os “retablos”, que Frida guardava. A Virgem Maria e os santos, Jesus Cristo, seu sofrimento e todo o imaginário católico são símbolos recorrentes na sua obra.”

 

Acerca da mesma tela escreveu também Carlos Drummond de Andrade

 

“Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos, mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.

Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,
não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela,
não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida,
não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins.

O tempo é a minha matéria,
o tempo presente,
os homens presentes,
a vida presente.”

 

De volta a Claudio Carvalhaes. (…)

 

Nota – texto publicado aqui.

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

publicado por Maria Brojo às 09:00
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Sexta-feira, 2 de Dezembro de 2011

C’EST LA VIE PUTAIN

Jack Vettriano

 

Para baixo, cansaço na bagagem; para cima, injustiças engendradas por «psis» sábias, pragmáticas, vítimas emotivas, uma delas irredutível.

 

Em vez da multiplicação dos peixes, narra São João a propósito das bodas na Galileia que a Virgem Mãe, por via dos servos, pediu a Jesus para transformar água em vinho à beira do fim o que desonraria os noivos.

“Como o vinho faltou, a mãe de Jesus disse-lhe:

_ Eles não têm mais vinho.

Jesus respondeu-lhe:

_ Mulher, por que dizes isto a mim? Minha hora ainda não chegou.

Sua mãe disse aos que estavam servindo:

_ Fazei o que ele vos disser.

Estavam seis talhas de pedra colocadas aí para a purificação que os judeus costumam fazer. Em cada uma delas cabiam mais ou menos cem litros. Jesus disse aos que estavam servindo:

_ Enchei as talhas de água.

Encheram-nas até a boca. Jesus disse:

_ Agora tirai e levai ao mestre-sala.

E eles levaram. O mestre-sala experimentou a água transformada em vinho. Ele não sabia donde vinha, mas os servidores sabiam, pois eram eles que tinham tirado a água. O mestre-sala chamou então o noivo e disse-lhe:

_ É servido primeiro o vinho melhor e, quando os convidados já estão embriagados, o vinho menos bom tem o momento. Mas tu guardaste o vinho bom até agora!"

 

 E foi o contrário. O vinho, mais rosé que tinto a partir de águas pantanosas, surgiria demasiado tarde para alegria de convivas embriagados. Alguém se ri neste momento, alguém indiferente, outra pessoa manietada por medo e dependência, a mulher última magoada inelutavelmente. C’est la vie putain!

 

(url) 

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

La Maman et la Putain, Jean Eustache

 

publicado por Maria Brojo às 10:54
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