Segunda-feira, 24 de Março de 2014

EVANGELIZAÇÃO DO ‘SANTO ZOMIG’

Que enxa­queca sis­te­má­tica não seja culpada

 

Fiéis devotos,

 

Dizem ter linhagem recuada sita em campos e florestas. Nasci em laboratório incerto rodeado de tubos de ensaio e gentes muitas em batas alvas e máscaras. Não me queixo de falta de assepsia no parto, conquanto, de tão prolongado, estivesse à beira de sufocar. Devo o nome de batismo à madrinha IUPAC* - (4S)-​4-​({3-​[2-​(dimethylamino)​ethyl]-​1H-​indol-​5-​yl}​methyl)-​1,3-​oxazolidin-​2-​one. Assim consta nos registos de nascimento. Tantos foram os pais e as mães candidatos a legítimos progenitores, que o estafado notário recusou todos. Declarou-me filho de pais incógnitos e foi para casa em paz. Sucederam-se inúmeras disputas pela minha paternidade que só por sorte não me esperou desamparo num balão esquecido e poeirento no orfanato dum laboratório ignoto. Tutores salvaram-me de tal fim. Por estarem em contenda com a madrinha, perita na atribuição de nomes impronunciáveis, optaram por petit-non, não se lhes entaramelassem as línguas: Zomig. Deixo-vos «santinho» que sempre deveis ter à cabeceira. Rezar ajoelhado é opção.

 

 

Assim que os meus prodígios na cura das enxaquecas foram conhecidos, logo detratores insinuaram não passarem de passageiras cefaleias os padecimentos sanados. Contraponho – enxaquecas são distintas das dores de cabeça rafeiras. Vede porquê:

 

 

Rejeito deixar à míngua de conhecimento os meus devotos. Pois saibam não terem sido detetados tumores revelantes após atuar que testemunham estudos de carcinogenicidade em murganhos e ratos. Nenhuma diferença no proveito (...)

 

Nota: texto publicado na íntegra no "Escrever é Triste"

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

publicado por Maria Brojo às 10:27
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Quinta-feira, 13 de Junho de 2013

SANTO ANTONHINHO ONDE TE POREI?

 

Painel cujo Autor que não foi possível identificar, Bottelho.

 

Completam-se hoje, dia de Santo António, os 125 anos do nascimento de Fernando Pessoa. Vários são os poemas que dedica a Santo António ou o menciona. Lá para baixo, um deles. 

 

Almada Negreiros - "Marcha Nocturna"

 

Santo António

 

“Nasci exactamente no teu dia —

Treze de Junho, quente de alegria,

Citadino, bucólico e humano,

Onde até esses cravos de papel

Que têm uma bandeira em pé quebrado

Sabem rir...

Santo dia profano

Cuja luz sabe a mel

Sobre o chão de bom vinho derramado!

Santo António, és portanto

O meu santo,

Se bem que nunca me pegasses

Teu franciscano sentir,

Católico, apostólico e romano. (...)

 

Texto integral aqui.

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

publicado por Maria Brojo às 09:21
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Sexta-feira, 10 de Maio de 2013

ESTRELA QUE PERDURA

 

Caricatura de João Villaret, por António na Estação do Metro Aeroporto, Lisboa

 

Hoje, João Villaret completaria cem anos. Homem da cultura, do teatro, divulgador da poesia nomeadamente de Fernando Pessoa, José Régio, António Botto e de outros grandes poetas. Declamava como ninguém ao fazer uso do seu talento de ator.

 

Quando alguns, não a maioria dos portugueses devido à atávica pobreza e ao atraso de Portugal, tiveram acesso à televisão, a sua presença assídua acompanhada ao piano por António Melo, tornou-o «estrela» admirada por todos. Tinha luz, sim. Própria, única, que continua a brilhar na história da nossa cultura e tradição.

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

publicado por Maria Brojo às 10:17
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Sábado, 4 de Maio de 2013

MILHÕES, MILHÕES, MILHÕES

 

Autor que não foi possível identificar, Manchu Edison

 

Acordar para o dia com mágoa. Alma de breu, coração apertado até ervilha. Nem a tepidez prevista suaviza o sentir. Ontem e nas vésperas, as novas medidas governamentais lograram outra terraplanagem numa já diminuída esperança no futuro próximo dos portugueses. Vozes credenciadas se alevantam contra o insano ataque aos idosos reformados, aos funcionários públicos, ao inevitável crescimento do desemprego. Vozes anónimas também. Nas famílias, o mesmo. Os cidadãos engoliram, a contragosto, a tirania daqueles que trocam pessoas por números. Desrespeito intolerável pela dignidade de todos e pelo direito de propriedade que as pensões constituem. E este não é o choradinho do costume, o atavismo da tristeza nacional que no fado encontrou expressão. É mais e pior. O povo sabe e amaldiçoa quem dele, há anos, faz marioneta num espetáculo encenado por contabilistas frios e calculistas. Insensíveis, portanto. Ignorantes de facto.

 

Milhões, milhões, milhões. De poupança, dizem. Objetivo: cumprir metas duma Europa débil que não se pensa nem reforma estruturas fundamentais da falsa comunidade de nações que regula. Que ignora as boas práticas vindas de outros lados do mundo. Que se auto fratura e fratura sociedades. Almas. Vidas. Sempre assim até à rutura final ensina a história.

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

publicado por Maria Brojo às 09:34
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