Quinta-feira, 25 de Julho de 2013

MERKEL, GNR, ALENTEJANO, UMA CARMEN E UMA NUDISTA

 

Alex Colville – Horse and train

 

Sou desprovida do minímo de jeito para reproduzir anedotas. Mas gosto e rio com vontade quando as ouço bem contadas. Algumas registo para mais tarde lembrar. E nesta silly season, apetecem como recompensa das muitas tragédias: o descarrilamento do comboio espanhol que matou 77 ocupantes e fez centena e meia de feridos é exemplo último. Que os vivos façam do riso alívio das mágoas que afligem.

 

Baseado numa obra de Goethe

 

"Angela Merkel decidiu descansar 2 dois, com o marido, num hotel rural, em França, próximo da fronteira alemã, onde na fronteira se registou o seguinte diálogo do guarda fronteiriço com a chanceler:
_ Nacionalidade?
_ Alemã.
_ Ocupação?
_ Não. Venho só passar o fim-de-semana."

 

Autor que não foi possível identificar

 

"Dois GNR na berma de uma estrada no distrito de Beja veem passar um carro a mais de 160 km/h.
Diz um para o outro:
_ Aquele não é o gajo a quem apreendemos a carta a semana passada por excesso de velocidade?
_ Era pois, respondeu o segundo. Vamos caçá-lo!
Quilómetros adiante, já com o carro parado, um dos GNR chega-se ao pé dele e pergunta-lhe :
_ A sua carta de condução?
_ Mau!, responde o alentejano. Perderam-na?!"

 

Georges Chicotot

"_ Carmen, estás doente?... Pergunto-te isto porque hoje de manhã vi um médico sair da tua casa.

_ Olha, minha amiga, ontem de manhã vi um militar sair da tua casa e não é por isso que estás em guerra, pois não?"

 

Emily Zasada – Beer

 

"Uma jovem rebelde e muito liberal entra num bar, completamente nua. Pára em frente do barman e diz:
_ Dê-me uma cerveja bem gelada!
O barman fica a olhar para ela sem se mexer.
_ O que  se passa?, diz ela. Nunca viu uma mulher nua?
_ Muitas vezes!
_ E então, está a olhar para onde?
_ Quero ver de onde é que vai tirar o dinheiro para pagar a cerveja!"

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

Na voz de Joaquin Sabina, homenagem às vítimas da tragédia em Santiago de Compostela.

As palavras denunciam absurdos da vida.

 

publicado por Maria Brojo às 09:43
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Segunda-feira, 29 de Abril de 2013

OUTRAS MEMÓRIAS DA VIDA OPERÁRIA EM CIDADE TÊXTIL - GOUVEIA

 

David R. Darrow

 

De tão bela mereceu alcunha: Emília Bonita. Rapariga viçosa, morena na pele e no cabelo sedoso. Para estudos além da quarta classe era curto o dinheiro dos pais. Duma fábrica têxtil na vila próxima, não escapou - antes isso que pés descalços enterrados na terra para a ceifa, apanha das batatas a troco de quase nada. Pela madrugada, dois quilómetros a pé se era de dia o turno. Sendo Inverno, neve e frio eram açoites. Aos poucos, cortavam rente a esperança de vida melhor. O passo era corrido, não ouvisse a sirene da fábrica antes de nela entrar. Acontecesse chuva torrencial e chegada mais tardia do que o hábito, em falta tempo para aquecer junto às brasas incandescentes; a roupa encharcada secava no corpo e os pés nos botins de gelo.


Patrões, empregados de escritório, debuxadores, responsáveis do fio, tecelões de primeira, segunda e terceira. Urdideiras e caneleiras. Masculinas as tarefas superiores ou criativas; às operárias esperava-as a repetição dos gestos que não carecessem de raciocínio. Suportadas as horas de trabalho sem limite definido, e, após a dureza do caminho de regresso, outros encargos esperavam: a lida da casa, os filhos para tratar, dar de comer às galinhas e ao porco. Os homens iam diretos para o cultivo do campo donde recolhiam alimentos de sobrevivência. A noite curta mal dava para aliviar os ossos da crueldade dos dias.


A Emília Bonita, como a Lurdes do Zé Cunha - rapariga loura, pele branca de cetim - e tantas outras como estas, pelos dezasseis anos, sofriam rito iniciático no mundo operário. Patrões experimentavam-lhes o corpo após a máquina que as prendia delas ter sentido os dedos. Assédio sexual prolongado não havia - iam direitos ao assunto sem mais. Elas perdiam a virgindade, cerravam os dentes e fechavam a boca após a agressão pelo temor do despedimento. Um momento de dor e mais nada, julgavam, por ser ato comum e sabido antes da entrada. Gostando da «primeira vez» (...)

 

Nota: texto publicado na íntegra aqui.

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

publicado por Maria Brojo às 08:31
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Terça-feira, 5 de Março de 2013

AMOR EM TERRA QUEIMADA

Antonella Cinelli - Segreti

 

Queria-o para sempre e não lhe dizia. Fora em Madrid, Picasso e Modgliani como patronos, que acendera a paixão. Ao telefone, ele no Porto, ela caminhando, cega, pelos danos da lonjura na cidade um dia renegada agora fermento de pão novo, nunca ázimo, descobria. E palmilhava quilómetros de frio, a pele e a vulva e a fisga do desejo esticada ao limite da mulher. Ele ficara, ela fora. Que não podia, que tinha ensaios e concertos em agenda. Talvez no granito, talvez viajante em pedras distantes. Mas era a fala que lhe trazia a rédea. Gostava. O sentimento de pertença definido por mais um vértice na geometria onde era.

 

No início, assombrara-a o elo intenso e contado e remetido a idos próximos. Ninguém faz o luto de um amor tão depressa, disse. Ele negara. Dela, abespinhara-o a oferta de ombro amigo. _ “Os amigos não fazem ninguém feliz. Só o amor na terra queimada e onde é majestade me interessa. O resto é deserto sem incluir oásis de breves deleites.”

 

Quisera-o, apesar da intransigência. (...)

 

Nota: publicado aqui.

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

publicado por Maria Brojo às 09:46
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Quarta-feira, 21 de Novembro de 2012

FRASES QUE IMPÕEM RESPEITO

 

Kenney Mencher 

- Ele manda-me um sms. Respondo, ao fim de algumas horas, por email. Ele protesta porque eu deveria ter usado idêntico meio de comunicação na minha resposta. Significa então, pergunto, que se amanhã receber um telegrama serei obrigado a responder também por telegrama? Exatamente, diz ele. Amigos, não são fáceis os amigos.”            Pedro Lomba

- "Não se pode exigir "demasiada" integridade aos deputados, ou não haveria nenhum"
Mendes Bota, presidente da Comissão de Ética da Assembleia da República          (Através de Telmo Vaz Pereira)

 - “Qual a diferença entre língua e linguagem?
- "Língua é o que fica na boca e linguagem é o que sai da boca".                (Através da Dobra do Grito e ocorrido em ambiente de aula)

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

publicado por Maria Brojo às 08:31
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Quarta-feira, 13 de Junho de 2012

VÍCIO BOM

Bruno di Maio

 

Não se lembrava dalguns; todavia, dos mais próximos, tinha a data presente. Chegada a véspera do dia, esperava a hora zero para desejar parabéns, fosse com beijo vivo, ou com virtual que antenas e cabos se encarregariam de fazer chegar ao destino. E era minuciosa no antes ao escolher a oferta e na escrita do cartão, no dealbar da manhã, ao longo das horas até surgir outra zero no relógio.

 

Mimar quem muito amava era vício consentido. Modo egoísta, talvez, de satisfazer a necessidade própria de volver ternura para que também não lhe faltasse. Podia, à mingua, acabar o mês bancário; podia restringir precisões; podia suportar distância geográfica, mantivesse em dia os afectos.

 

Quando amar e ser amado é alimento do ser, os quotidianos desfilam aconchegados, é sabido. Ventos de mágoas que abanam as tílias onde se aninha a saúde dos muito queridos ferem. Confiar no amanhã que não tem de ser maldoso, mais do que panaceia, é acto de fé, vício bom. E resulta. Alivia a dor própria e de quem sofre. Provável causa de entusiasmo tamanho com aniversários entendidos como mais um ano que “já cá canta” e conta o início do seguinte. Prova de vida estendida.

 

Pertencendo-lheb a comemoração, o (re)agir não mudava - por cada beijo recebido, carinho dobrado e devolvido. Importava-lhe, também, pensar a reunião familiar e amiga. Os detalhes. Presentear com a alma florida na face os amados. E por cada prenda recebida, fosse gesto ou coisa, guardava-as na arca alojada na memória do coração.

 

Para ti, que hoje entras em número redondo na idade, além do mais e porque nos encanta, de novo e à tona egoísmo meu, harmonia musicada. A voz, essa, é do Sabina.

 

CAFÉ DA TARDE

 

publicado por Maria Brojo às 17:31
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Quinta-feira, 21 de Julho de 2011

VÍCIO BOM

Bruno Di Maio

 

Não se lembrava dalguns; todavia, dos mais próximos, tinha a data presente. Chegada a véspera do dia, esperava a hora zero para desejar parabéns, fosse com beijo vivo, ou com um virtual que antenas e cabos se encarregariam de fazer chegar ao destino. E era minuciosa no antes ao escolher a oferta e na escrita do cartão, no dealbar da manhã, ao longo das horas até surgir outra zero no relógio.

 

Mimar quem muito amava era vício consentido. Modo egoísta, talvez, de satisfazer a necessidade própria de volver ternura para que também não lhe faltasse. Podia, à mingua, acabar o mês bancário; podia restringir precisões; podia suportar distância geográfica, mantivesse em dia os afectos.

 

Quando amar e ser amado é alimento do ser, os quotidianos desfilam aconchegados, é sabido. Ventos de mágoas que abanam as tílias onde se aninha a saúde dos muito queridos ferem. Confiar no amanhã que não tem de ser maldoso, mais do que panaceia, é acto de fé, vício bom. E resulta. Alivia a dor própria e de quem sofre. Provável causa de entusiasmo tamanho com aniversários entendidos como mais um ano que “já cá canta” e conta o início do seguinte. Prova de vida estendida.

 

Pertencendo-lhe a comemoração, o (re)agir não mudava - por cada beijo recebido, carinho dobrado e devolvido. Importava-lhe, também, pensar a reunião familiar e amiga. Os detalhes. Presentear com alma florida na face os amados. E por cada prenda recebida, fosse gesto ou coisa, guardava-as na arca alojada na memória do coração.

 

Para ti, que hoje entras em número redondo na idade, além do mais e porque nos encanta, de novo, à tona o egoísmo meu, verdades musicadas.

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

publicado por Maria Brojo às 11:11
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Terça-feira, 12 de Abril de 2011

ENTRE SÉS E «PSIS»

Autor que não foi possível identificar

 

Um ‘fórum’ comercial em Sintra, outro em Portimão. Previstos mais dois que entupiram a construção pela mal afamada e dolorosa crise. Até Março deste ano, o número de frequentadores das sés do consumo caiu numa percentagem de 5 a 6 %. Pequena? _ Não. Significativa. Ainda bem – em vez de parques verdes nos ócios, clausura entre montras cheias não é escolha assisada.

 

Após a catástrofe, os japoneses entristeceram, diminuíram consumo e despesas - canceladas festas que brindam a Primavera e cerejeiras em flor; opções compreensíveis pelo luto de milhares. Lá como cá, que malvada relação é esta entre alegria/prazer e adquirir? Porque vendemos o espírito a diabos expostos em lojas quando o bem-estar é sentimento iniludível? Porque não enchemos de afectos e risos e beijos e ternura os sacos que transportamos dentro e alimentam felicidades? Onde ficam as coisas pequenas/grandes inspiradoras?

 

Não sou socióloga, nada conheço da sabedoria e receitas dos «psis», em astrologia não creio. Mas sei não carecer de receituário consignado para alegrias - em mim reconheço alguma independência, disciplinadamente conquistada, do que ‘está a dar’. Prefiro o que e quem me arrasta para sentires desconhecidos - desejo-os em magotes! Requeiro deliciosa liberdade apenas condicionada a amores. E se desembaraçam o ser de mágoas enrugadas feitas de chumbo...

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

Vou mas é 'p'rá' praia caminhar enquanto douro a pele.

 

publicado por Maria Brojo às 09:28
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