Domingo, 25 de Agosto de 2013

LOGO APÓS ONDE O SUL COMEÇA

 

 

Deixando Lisboa, a ponte é o “lugar onde o Sul começa” jura amigo desde há par de décadas. É dado às letras, às pedras, à água no seu brincar, às madeiras que mima e restaura com saber, ao canto, à música que escuta e improvisa até com passos ritmados no cascalho. Coincide neste particular com Adriano Correia de Oliveira que conta ter sido este mesmo som vindo de bando de gentes que inspirou ao Zeca a cadência da “Grândola, Vila Morena”.

 

Porque não nos víamos há uma dezena de anos, combinado encontro para um domingo ainda Agosto estava antes do meio. A fala que um ao outro contou as novas pessoais e familiares foi sorriso multiplicado na descoberta de lugares e revisitação dos mais amados.

 

Para quem entra no Castelo de São Filipe, virando as costas à luz em frente, pedras e cerâmicas vetustas protegem o silêncio.

 

 

Encarando o azul certeza, outro arco e outra porta ancha.

 

 

Na subida da escadaria gasta pelos séculos, jogos de sombra e luz, ferros.

 

 

Quase a medo de rever o deslumbre dos horizontes longe e próximo, queda-se o olhar. 

 

 

 

Apetecem novos testemunhos de presença no belo ancestral.

 

 

 

 

É tempo do adeus à baía talvez mais linda de Portugal.

 

 

O mesmo oceano, o mesmo maciço da Arrábida, o mesmo azul, outro castelo - o de Palmela.

 

 

As serras do Louro e de São Luís sugerem enrugamento da Arrábida. A estrada da Cobra serpenteia entre elas.

 

 

CAFÉ DA MANHÃ

  

publicado por Maria Brojo às 09:49
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Terça-feira, 5 de Fevereiro de 2013

A MENTIRA

 

Amelies Welt

 

Acresce penas ao viver quem, descontando propósitos satíricos, não aprendeu a mentir. Com desenvoltura. Como segunda natureza do visível. Porfiadamente. Debitando asserções que sabe falsas e não hesita em difundir consciente do dolo que pode causar. Além desta Mentira de dicionário, outras há: as mentiras que muitos chamam verdades seletivas. A omissão, por exemplo. Menos grave – afirmam os manuais - do que a verdade maldosa, intencionalmente escancarada como arma de tortura ou burla. “Com a verdade me enganas” é ditado que a ética tem por sábio.

 

Na encruzilhada da mentira e da verdade, são tecidos enredos que capturam os puros – ainda os há! Excluídas as mentiras sociais como urgências compassivas, raras por definição e distintas da insuportável hipocrisia, há divisões na Mentira: a que atrás de si arrasta culpa e firme intento de evitar repetição, e a derramada pela boca como se fora água corrente deixando enxuto o lugar donde saiu. São os mentirosos compulsivos e os habitués pimpões que dela fazem lixívia para vícios privados. Penduram na corda pública vidas imaculadas.

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

publicado por Maria Brojo às 09:07
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Quinta-feira, 23 de Fevereiro de 2012

SOBRE BALIDOS, TUGIDOS E MUGIRES

John Reynolds, Henry Philipe Loustau

 

Foi divulgado na Animal Behaviour, estudo da Universidade de Londres* onde consta que dos cabritos os balidos evoluem com o crescimento e socialização com os pares. Eram apenas julgados os humanos, morcegos e cetáceos, algumas aves, capazes de imitar sons. Engano redondo – as cabras fazem semelhante e, tal como as crias adquirem sotaque próprio. Também as vacas regionalizam o mugir.

 

Regionalismos humanos, conhecemos, mas de animais sem ‘razão’? Alguns dos nossos deputados dão crédito ao sabido e à novidade. Que rugem e mugem sabíamos. Mas pensemos esta frase do deputado Agostinho Lopes a Álvaro Santos Pereira após escaldante troca de palavras acusatórias:

_ “Não diga asneiras, porra!”

 

Os animais ditos irracionais maravilham-nos, humanos nem tanto no que à fonética concerne. Excepção feita, e é cinéfila, a fabulosa Audrey Hepburn no papel de florista de rua, Eliza Doolittle, inicialmente às portas de Covent Garden antes de Rex Harrison, professor Henry Higgins, a transformar numa My Fair Lady como exemplo social.

 

* http://ecosfera.publico.pt/noticia.aspx?id=1534231

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

publicado por Maria Brojo às 12:04
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Terça-feira, 17 de Janeiro de 2012

PORQUE NÃO ADORNA A MÁFIA PORTUGUESA?

Autores que não foi possível identificar

 

Desapareceu a meia hora extra, ficaram reduzidas férias, punidas faltas que as «pontes» estimulam nos trabalhadores. Aplaudo estes pontos do projecto da nova “Lei Laboral” a bem do acréscimo da tal «coisa» chamada competitividade, conquanto outros de que dei conta en passant,
menor protecção do trabalho seja exemplo, entenda lesivos dos interesses dos assalariados. Serei naïff, mas as medidas citadas primeiro fazem sentido no navegar deste ‘Costa’ nacional com dez milhões de pessoas a bordo antes que adorne como o outro. Na história recente, alguns dos nossos comandantes eleitos também fugiram como ratos sempre que o navio se aprestava a ir ao fundo. Diferença fundamental com o comandante do ‘Costa’ é não terem espreitado o Sol entre grades devido às malfeitorias assassinas contra povo atavicamente indefeso.

 

Surpresa foi saber pronunciada por juiz do Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa a ex-Ministra da Educação. O caso insere-se num “ comunicado emitido há meses pelo Departamento de Investigação e Acção Penal de Lisboa, os quatro funcionários foram acusados por despacho datado de 15 de Junho do ano passado. “Os factos suficientemente indiciados são relativos à adjudicação directa de vários contratos nos anos de 2005, 2006 e 2007 ao arguido professor universitário, com violação das regras do regime da contratação pública para aquisição de bens e serviços”, lia-se na nota. “ Tais adjudicações”, acrescenta-se, “não tinham fundamento, traduzindo-se num meio ilícito de beneficiar patrimonialmente o arguido professor com prejuízo para o erário público, do que os arguidos estavam cientes”. A fonte refere ainda estar em causa “o facto de a ex-governante, actual presidente da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD), ter, no exercício das suas funções, estado envolvida na contratação do irmão de Paulo Pedroso para o “beneficiar patrimonialmente”, provocando desta forma um “prejuízo para o erário público. O crime é punido com pena de prisão entre dois e oito anos.” Foram também acusados de co-autores da prevaricação a antiga chefe de gabinete, Maria José Matos Morgado, e o então secretário-geral do ministério, João Silva Baptista.

 

A estes feios relatos do quotidiano português tenho, no que ao SPNI concerne, duas reacções: ou a escrita deambula por eles e denuncio, ou simulo ignorar sem tolher outras reflexões mais apetecíveis. Uma «seca» esta máfia portuguesa!

 

Razão tem o Rui Bebiano: "Na cerimónia de inauguração do 'Costa Concordia' a garrafa de champanhe não se partiu. Quando assim acontes, diz a voz do povo que o navio não vai ter sorte. Entretanto, no "Filme Socialismo do Godard, filmado  em grande parte no 'Costa', falava-se metaforicamente ndo fim do capitalismo e desta Europa política que se afunda. Pelos vistos anda tudo ligado! E que las hay..."

 

Esta outra de Joaquim Alexandre Rodrigues também está do melhor: _”O Prós e Prós está a debitar de Luanda. Caso para perguntar: quando vão a Angola, os vips portugueses vão ensinar mais do que aprender ou vão aprender mais do que ensinar?”

 

Para terminar, escreveu o estimado António Eça de Queiroz a propósito duma notícia da NASA sobre ‘UFOS’: _ “Os do Terreiro do Poço são Umanos Foleiros Ó... (UFÓ's).”

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

publicado por Maria Brojo às 09:55
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Sexta-feira, 6 de Janeiro de 2012

DAS ‘JANEIRAS’ E MAIS

                                                                                                                             Autor que não foi possível identificar

  

Podia ter sido pior. Todavia, cansada das desgraças e graças e graçolas da governação e da Assembleia propaladas pelos cabos e ondas, optei por indagar desde há quantas décadas o povo que me inclui continua globalmente pejado de «calimeros» e mexilhões. Saltitei no You Tube, jornais foram hipótese, mas dalguns conheço terços diários que não se limitam a Maio (mês dos rosários em honra de Maria). Então, usei a ferramenta banal da actualidade. Não me saí mal. Comecei pela publicidade d’antanho que retrata costumes e conceitos. Os anúncios doutras eras, excertos de programas televisivos são reveladores das regras sociais e dos desgostos que gerações anteriores experimentavam. E depois, quero lá saber da decoração insultuosa nos corredores por onde têm acesso as equipas contrárias que na erva de Alvalade disputam «futebóis»!

 

Mais: afundaram as vendas em Valença e Vila Real de Santo António para a celebração dos ‘Reis’ em Espanha. Alguém esperava outra coisa? _ Os bolsos de nuestros hermanos não estão melhores que os nossos. Sugestão: alegremo-nos com a beleza das Janeiras tradicionais e esqueçamos o «número» das cantadas em Belém. Havendo «pilim», que seja partida fatia de bolo-rei e a comamos, preferencialmente, com boca fechada para dispensarmos a outrem a tragédia das passas e amostras de nozes em rolo mastigado.

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

 

Lembrando Pedro Osório

 

publicado por Maria Brojo às 10:02
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Segunda-feira, 28 de Fevereiro de 2011

PAÍS DE FADAS, ELFOS E VAMPIROS

Autor que não foi possível identificar, Dylan Lisle, Andrew Potter

 

Somos povo adicto a escândalos e escandaleiras, estas, graus acima no apreço popular por serem pasto de publicações menores. Os quiosques enchem fracção importante da montra horizontal com títulos suculentos e rostos «larocas» de fadas e/ou de elfos que são notícia por nadas, mas lançam encantamentos sobre putativos compradores. Não estão à vista asas de libélulas nem varas de condão seguras nas mãos alongadas por unhas de gel sem verniz roído como acontece na vida real horas após a manicura ter executado pintura impecável na queratina que termina os dedos.

 

Escandaleira que dura há cinco séculos é a censura levada a cabo pelo Instituto dos Registos e Notariado quanto à livre escolha do nome dos neófitos pelos pais. Por tal somos a única democracia do ocidente que constrange a vontade paterna no prenome. Nem a China, nem o Irão, tão pouco a Turquia o fazem. Por cá, 2600 nomes proibidos, número a cada ano aumentado. Exemplos dos autorizados e dos banidos: “Abdénago, Irisalva, Kyara, Yuri, Yasmin, Joaninha, Cereja, Luna e Mar estão entre os nomes considerados legais. Ritinha, Camões, Adilson, Júnior ou Jade não são aceites.” Intriga o que tem a mais a Joaninha que a Ritinha não possui.

 

Escândalo sério é a acusação formal pelo Ministério Público, treze anos após o facto ter ocorrido, ao principal suspeito no desaparecimento do pequeno Rui Pedro. Bem pode Cândida Almeida esbanjar explicações para a demora. Nem uma valida a tragédia desde então vivida pelos pais do rapaz, na altura com onze anos. O desmoronar duma família, um menino esquecido obrigam a penalizar os responsáveis pela investigação que se convenientemente orientada desde início outros resultados seriam obtidos. É imoral e lesiva a incompetência dos serviços e seus responsáveis. Que punição os atinja e seja exemplar. Talvez o atávico laxismo das instituições públicas nacionais sofra revés definitivo.

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

publicado por Maria Brojo às 12:03
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Domingo, 7 de Novembro de 2010

ELAS, AS FATAIS

Colecção "Outono nos Parques de Lisboa - 2010"

 

Investem nos rubros sob a forma de bagas ou filamentos macios como seda. Desdobram-se numa euforia lasciva de recônditos expostos e, pudor descartado, reagem aos preliminares soalheiros do amanhecer outonal. Durando a noite, engoliram o suco abundante que o solo/membro ofertou. Até se diluírem nele. Até a noite amansar desejo por mais e mais. Acordadas, da brisa leve quiseram o tremor e ternura, evitando das gotas o sacrifício - pérolas de suor que não desdenharam porque a Oeste o frio só é quando lhe é permitido ser.

 

 

As que pendem, falsamente cansadas ou com vergonha, bebem a água da luz após noite de vela e cheia. E não brincam às pudicas ‘senhoras donas’ -  olham o chão que as penetra, donde se erguem; por ele levantadas e abertas e risonhas ao saudarem a madrugada cujos segredos dominam sem deles contarem minúcias. Voluptuosas, ainda dura a preguiça quando o dia é meio.

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

Cortesia de Veneno C.

 

publicado por Maria Brojo às 10:47
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