Sábado, 21 de Fevereiro de 2015

DIÁLOGOS DO ALÉM DE CÁ

justice_by_fabianomillani-d5qmmw7.jpg

TurkSanat Golden_Shot_of_Justice_by_alikasapoglu.j

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Justice by fabiano Millani            Golden Shot of Justice by Alikas Apoglu

 

 

 

Advogado : Qual é a data do seu aniversário?

Testemunha: 15 de Julho.

Advogado : Que ano?

 

 

Advogado: _ Essa doença, a ‘miastenia gravis’, afeta a sua memória?

Testemunha: _ Sim.

Advogado: _ E de que modo ela afeta a sua memória?

Testemunha: _ Eu esqueço-me das coisas.

Advogado: _ Esquece... Pode nos dar um exemplo de algo que tenha esquecido?

 

 

Advogado: _ Que idade tem o seu filho?

Testemunha: _ 38 ou 35, não me lembro.

Advogado: _ Há quanto tempo ele mora com você?

Testemunha: _ Há 45 anos.

 

 

 

Advogado: _ Qual foi a primeira coisa que o seu marido disse quando acordou aquela manhã?

Testemunha: _ Ele disse, 'Onde estou, Berta?'

Advogado: _ E por que é que a aborreceu?

Testemunha: _ O meu nome é Célia.

 

 

 

Advogado: _ Diga-me, doutor... Não é verdade que, ao morrer no sono, a pessoa só saberá que morreu na manhã seguinte?

 

 

 

Advogado: _ O seu filho mais novo, o de 20 anos...

Testemunha: _ Sim.

Advogado: _ Que idade é que ele tem?

 

 

 

 

Advogado: _ Sobre esta foto sua. O senhor estava presente quando ela foi tirada?

 

 

 

Advogado: _ Então, a data de conceção do seu bebé foi 8 de Agosto?

Testemunha: _ Sim, foi.

Advogado: _ E o que é que estava a fazer nesse dia?

 

 

 

Advogado: _ Ela tinha 3 filhos, certo?

Testemunha: _ Certo.

Advogado: _ Quantos meninos?

Testemunha: _ Nenhum.

Advogado: _ E quantas eram meninas?

 

 

 

Advogado: _ Sr. Marcos, por que acabou o seu primeiro casamento?

Testemunha: _ Por morte do cônjuge.

Advogado: _ E por morte de que cônjuge ele acabou?

 

 

 

 

Advogado: _ Poderia descrever o suspeito?

Testemunha: _ Ele tinha estatura mediana e usava barba.

Advogado: _ E era um homem ou uma mulher?

 

 

 

 

Advogado: _ Doutor, quantas autópsias já realizou em pessoas mortas?

Testemunha: _ Todas as autópsias que fiz foram em pessoas mortas...

 

 

 

 

 

Advogado : _ Aqui no tribunal, para cada pergunta que eu lhe fizer, a sua resposta

deve ser oral, está bem? Que escola frequenta?

Testemunha: _ Oral.

 

 

 

 

Advogado: _ Doutor, o senhor lembra-se da hora a que começou a examinar o corpo da vítima?

Testemunha: _ Sim, a autópsia começou às 20:30 h.

Advogado: _ E o sr. Décio já estava morto a essa hora?

Testemunha: _ Não... Ele estava sentado na maca, questionando-se por que razão eu estava a fazer-lhe aquela autópsia.

 

 

 

 

Advogado: O senhor está qualificado para nos fornecer uma amostra de urina?

 

 

 

 

Advogado: _ Doutor, antes de fazer a autópsia, o senhor verificou o pulso da vítima?

Testemunha: _ Não.

Advogado: _ O senhor verificou a pressão arterial?

Testemunha: _ Não.

Advogado: _ O senhor verificou a respiração?

Testemunha: _ Não.

Advogado: _ Então, é possível que a vítima estivesse viva quando a autópsia começou?

Testemunha: _ Não.

Advogado: _ Como é que o senhor pode ter a certeza?

Testemunha: _ Porque o cérebro do paciente estava num jarro sobre a mesa.

Advogado: _ Mas ele poderia estar vivo mesmo assim?

Testemunha: _ Sim, é possível que ele estivesse vivo e tirando o curso de Direito em algum lugar!

 

 

 

Piadas retiradas do livro 'Desordem no tribunal'. São frases realmente ditas e transcritas textualmente pelos taquígrafos que tiveram de permanecer calmos enquanto estes diálogos aconteciam à sua frente.

 

 

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

 

 

publicado por Maria Brojo às 08:00
link | Veneno ou Açúcar? | favorito
Terça-feira, 16 de Dezembro de 2014

CARÍSSIMO RUI

Wassily Kandinsky-964656.jpg

Wassily Kandinsky-Painting-033.jpg

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Wassily Kandinsky (É celebrado hoje o 148º aniversário de Wassily Kandinsky)

 

 

Política. Do grego politiké - a arte de governar a cidade. Ciência ou arte de governar. Conjunto dos princípios e dos objetivos que servem de guia a tomadas de decisão e que fornecem a base da planificação de atividades em determinado domínio. 

 

 

«Porque há tão poucas mulheres bloggers na blogosfera a ter "intervenção política" ou mesmo a fazer da opinião política tema relevante dos seus blogues? Quem diz bloggers diz não bloggers e fora dos blogues. Estarei enganado? Não é isto um facto? E tu Maria?»

 

Caríssimo Rui,

 

Respondo pela mesma ordem: sim, não e aqui me tens. Resumindo: quem da intervenção política faz substância de blogue são as mulheres. Ponto. E nem demora a justificação. Faz a fineza de descer ao parágrafo seguinte e seguir a rodilha do meu pensamento.

 

Os blogues femininos, como foi concluído no “Ciclo Falar de Blogues”, tratam de temas tão diversos como a técnica de bem aplicar uma tinta no cabelo, conjugalidades, férias - a verdadeira promoção de Portugal no estrangeiro é feita por nós, giríssimas, encantadoras, bronzeadas e muito, muito alinhadas -, segredos culinários, pedagogia, dicas de beleza e moda, saúde, poesia, lingerie, literatura, compras, logo economia!, teias sociais, pintura, cultura, segurança, como dar a volta ao parceiro sem ao encolher de ombros fazer guerra, o mesmo no emprego, com a funcionária, a sogra, a amiga e a vizinha do terceiro que empesta o elevador com fina mistura de essências de tabaco e ópio - não a mandar à ***** é diplomacia de primeira!

 

 

Depois, há a conhecida realidade da gestão dos sempre escassos recursos domésticos. Somas as primeiras a saber «de facto», e não por enganosas oratórias, a tragédia da economia, da falência dos valores, dos afetos, da educação (não descuidamos os filhos), da saúde (aguentamos filas acompanhando o sogro ou a Madalena ao centro de saúde), da justiça (para nos divorciarmos enrugamos como passas algarvias), das finanças, da conflitualidade na rua, no bairro e no mundo.

 

 

O que referi não é política? O que é então? Mas entendi, sim, Rui. Dessa política que a muitos encanta, a maioria de nós quer distância ou intervém com uma postura em muito diferente da vossa. A bissetriz é que importa. Dela se fazem os dias.

 

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

 

publicado por Maria Brojo às 09:53
link | Veneno ou Açúcar? | favorito
Segunda-feira, 27 de Outubro de 2014

TERRAMOTO NA EDUCAÇÃO

Jim Daly A.jpg

Jim Daly  (68).jpg

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Jim Daly

 

Quando me sinto provocada nas minhas convicções, quando a revolta me embarga o verbo, quando se trata de ultraje aos elementares direitos dos cidadãos, procuro distanciar-me até o racional ganhar à subjetividade. «Reações a quente» não se harmonizam com quem sou. Prefiro diálogo esclarecedor ou, na impossibilidade de acontecer, exercitar análise crítica isenta de emoções.

 

 

O direito à saúde, à educação, à justiça são áreas sensíveis das quais não me distraio. Pela omissão de escritos meus sobre os sucessivos escândalos do administrar governamental nas prioridades sociais atrás referidas, que não subjaza o meu alheamento. Estive, estou, estarei (se amanhã acordar) centrada no respeito aos direitos humanos no mundo, em Portugal especialmente. A não esquecer que na passada terça-feira o nosso país foi eleito membro do Conselho de Direitos Humanos (CDH) da ONU para o biénio 2015/2017 numa votação recorde - nunca qualquer país recebeu um tão elevado número de votos para uma organização das Nações Unidas. Foi bonito. Soube a mel.

 

 

Vai o ano letivo a meio do primeiro período de aulas, educandos e educadores continuam desesperados por começo invulgarmente tardio do ano escolar. Professores saltitam de uma colocação escolar para outra, alunos sem aulas ou que já conheceram três professores numa só disciplina ficando dias-a-fio sem nenhum. Terramoto na educação. Terramoto na estabilidade de crianças e jovens que carecem de confiança nas escolas para o estudar ser estímulo e não roleta russa. Terramoto nas famílias angustiadas perante sistema em descalabro.

 

 

Como acreditar na evolução de um povo quando o edifício educativo se alicerça em solo incompetente?

 

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

 

publicado por Maria Brojo às 11:22
link | Veneno ou Açúcar? | favorito
Terça-feira, 3 de Dezembro de 2013

CORRUPÇÃO E MAMAS ILEGAIS

 

    

 Autor que não foi possível identificar                                                   Giulio Romano                           

 

Relatado que Portugal desceu para o trigésimo terceiro lugar dos países menos corruptos do mundo. Ficámos a meio da tabela, descendo dez lugares relativamente ao ano passado. Atribuídas culpas ao incumprimento das leis, a uma Justiça ronceira e sem venda nos olhos. Quanto à vulnerabilidade dum povo cuja História conta ter inclinação para fugir por via de influências às seringas que lhe ameaçam o traseiro, nada foi dito. Polidos os avaliadores. De perto sei, que tendo uma jovem mulher morto à nascença o bebé, o putativo pai, homem de dinheiro e posição, manipulou com tal habilidade os cordéis da marioneta consubstanciada num juiz local, que a conheço livre de gaiola, conquanto muitos habitantes da cidade pequena tenham presenciado factos e detalhes incriminatórios.

 

Há uns anos, foram notícia implantes mamários nalgumas funcionárias do Hospital de São João. Por conta do erário público, nas vagas cirúrgicas, aumentaram a voluptuosidade das mamas – seios e peito são termos que remetem para pudores escusos. Segundo o Bastonário da Ordem dos Médicos da altura, as cirurgias estéticas  praticadas nos hospitais obedecem a regras precisas e devem merecer a classificação de imprescindíveis. Como o Serviço Nacional de Saúde não paga ou comparticipa centímetros de mamas ociosos, médicos e funcionárias fizeram a clássica vaquinha. Em alta, o nacional-porreirismo. A chaga do chico-esperto faz jus à tradição e continua infecta.

Enquanto mais oitenta funcionárias do referido hospital aguardavam mamas impantes, ao tempo, menina de oito anos foi morta por atravessar clandestinamente a fronteira entre o Paquistão e o Afeganistão. Transportava, ilegalmente, dois quilogramas de farinha. Guarda paquistanês empurrou-a para o rodar dum camião. É provável que no mesmo instante saísse do bloco cirúrgico do São João um par de mamas novas.

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

publicado por Maria Brojo às 09:40
link | Veneno ou Açúcar? | favorito
Quarta-feira, 10 de Abril de 2013

"AGARRA QUE É LADRÃO!"

 

Randis 

 

Em Lisboa e noutros lugares, tem parcos anos o novo modelo de reinstalação dos, ainda há pouco, habitantes de bairro da lata - condomínios fechados ao lado de construções semelhantes na fachada, mas destinados a habitação social. Os reinstalados partilham ruas, espaços de lazer público e comércio de bairro. Por imitação, dizem, a segunda geração terá evoluído por espontânea vontade. Não sei se neste modelo somos precursores, mas faz sentido. Mais ideias venham que pensem cidades afáveis.

 

Já havia rabiscado sobre os "feios, porcos e maus" (designação que desdenho) dos subúrbios flácidos das cidades, sobre os gemidos, ais e gritos por culpa dos bicos de papagaio, varizes e artroses que as malhas urbanas adquiriram com os anos. A maquilhagem sem banho tomado dá bons retratos nos postais ilustrados. Consumidas de perto, assestada a vista, o olhar do observador sai enojado com farrapos das cidades nos centros ou nas periferias. Nada desculpa, porém, a condescendência que pensa como vítimas delinquentes à solta, traficantes de droga e criminosos tão light como a filosofia do hoje.

Todos podemos optar – felizmente, está por fazer o luto do livre arbítrio. Mais apertado para alguns, ainda assim com possibilidade de vidas lisas e direitas no horizonte. Sem esperar que o país indemnize infância cruéis. Evitá-las sim, sustentar vícios posteriores, não. Qualquer sociedade que prefere condescender com desvios em vez de incentivar quem pelo esforço e vontade contribui para o bem comum, erra. É injusta. Discrimina. A conversa dos «coitadinhos» sempre me “tirou do sério” - frouxa a sociedade que nada faz por evitar a proliferação de «coitadinhos» entupidos com droga e/ou miséria.

A justiça tem de merecer o nome. Não pode ser puta velha de dentes ralos, pintura esborratada. E quem tem dívidas que as pague, quem rouba seja punido, quem é corrupto, lava capitais ou trafica droga ou incendeia ou estropia ou mata na estrada, seja julgado em tempo útil. E pague. Pague pelo que fez. Que sejam convertidos em trabalhos comunitários delitos mais leves - boa altura para aprender o que, em devido tempo, não quis ou não pôde adquirir. Nunca é tarde. Esta coisa morna de nem é crime, nem deixa de ser, tem remate na máxima comum "só é criminoso quem se deixa apanhar." Fugir é fácil: mudança de casa, de trabalho, de cidade, de mulher, de ramo. Pagar é que não. Só para tansos. A maioria dos cidadãos.

 

Nota: há instantes, publicado no "Escrever é Triste" "Onde são tratadas memórias da vida e luta operária em cidade têxtil - Gouveia". Texto que amanhã será tema no SPNI.

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

publicado por Maria Brojo às 08:45
link | Veneno ou Açúcar? | favorito
Sábado, 17 de Dezembro de 2011

NÃO É NOVIDADE, MAS PERGUNTA-SE

Randis

 

Recebi de leitor e comentador ocasional do SPNI:

1

"Iremos ter um governo mundial, quer queiramos quer não. 

A questão é saber se será conseguido pela conquista ou pelo consentimento”
-James Warburg, banqueiro e conselheiro financeiro de Franklin Roosevelt, 17 de Fevereiro de 1950.
2
Até que ponto foi a 'dinâmica' esquerda/direita um meio de manter os cidadãos divididos enquanto se preparava o sistema de dominação global e/ou! até que ponto, em presença disto, foi ou não a URSS um retardador?

  

Off-topic e vendo o assunto de trás p'a frente ie. nos seus antecedentes remotos, veja a discussão que o sr. Timothy Snyder faz em 'Bloodlands: Europe Between Hitler and Stalin'

(Basic Books ISBN-13: 9780465002399)

ou, em português, 

'Terra Sangrenta, a Europa entre Hitler e Stalin'

(Bertrand ISBN: 9789722523639)”

 

Dá-se o caso de ontem ter mantido conversa onde foi especulado o destino da Europa e de Portugal. O e-mail entrado na minha caixa de correio privada veio a propósito. Das reflexões limitar-me-ei aquelas que abrangeram este país que já foi nosso e hoje é de todos menos do povo que o habita. Nova ordem social é precisa e inevitável. Defendo que iremos de derrota em derrota até à derrota final. Paulatinamente, ou de supetão. O interlocutor aventou que ou os «taratas» - assim designa os militares – tomam conta do assunto como no Abril comemorado, ou é o naufrágio do rectângulo, outrora independente, mais ocidental da Europa. Um dos argumentos foi a inexperiência da ‘garotada’ que nos (des)orienta. Esgrimi outro: os militares em funções cresceram e formaram-se no estropiamento dos valores sociais que tem afectado as sucessivas gerações e governações. Somente armas deles fazem esperar diferente.

 

O sistema fede. Continuará a feder até ao insuportável. O despudor não tem limites: duas caixas multibanco, uma em Cascais, outra em Gaia passam a dispensar ouro e notas; o representante da polícia numa autarquia que entendi do Norte em vez de cartão natalício tropeçou num engano e enviou imagens de meninas pouco vestidas acompanhadas de legendas adequadas. A Saúde e a Justiça rastejam como lesma que deixa sinal pegajoso. Enquanto isto, a sopa dos pobres já não chega para encher a tigela dos necessitados cujo número é maior a cada dia. A nova Lei Laboral é mais flexível que junco na margem dum ribeiro. Protecção social? _ Nem vestígio de competência.

 

Portugal e a Europa e o mundo pela desgraça de milhões chegarão, fatalmente, a novo ciclo na história da humanidade. Terramoto maior que o de 1775.

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

Recolhido no Facebook via João Marques de Carvalho e achado pessoal.

 

publicado por Maria Brojo às 08:14
link | Veneno ou Açúcar? | ver comentários (8) | favorito
Segunda-feira, 31 de Outubro de 2011

“NÃO VENHAS TARDE!”

T J Verschaeren, Enzia Farrell

 

"Não venhas tarde!",
Dizes-me tu com carinho,
Sem nunca fazer alarde
Do que me pedes, baixinho

 

“Não venhas tarde” cantou Fernando Farinha, Carlos Ramos e outros. “Não venhas tarde Justiça!” diz o povo sem carinho, com alarde e brado.

 

"Não venhas tarde!",
E eu peço a deus que no fim
Teu coração ainda guarde
Um pouco de amor por mim.

 

Mas qual amor, qual respeito pode merecer a Justiça portuguesa que pela demora espezinha os cidadãos que dela carecem?

Tu sabes bem
Que eu vou p'ra outra mulher,
Que ela me prende também,
Que eu só faço o que ela quer,
Tu estás sentindo
Que te minto e sou cobarde,
Mas sabes dizer, sorrindo,
"meu amor, não venhas tarde!"

 

E a Justiça, traidora, não pune crimes contra o país de presumidos culpados, figurões mandantes deste e doutro tempo, que serve com desvelo e salamaleques. Perante mentiras e cobardias o povo não sorri, sofre.

 

"Não venhas tarde!",
Dizes-me sem azedume,
Quando o teu coração arde
Na fogueira do ciúme.

 

Mas sim, há azedume nas gentes e, em vez de ciúme, desespero. Em carreira, dias sofridos não perdoam o descaro daqueles que levaram (levam?) à pobreza quem era remediado, à mais porca miséria os pobres.

  
"Não venhas tarde!",
Dizes-me tu da janela,
E eu venho sempre mais tarde,
Porque não sei fugir dela

Tu sabes bem

 

De cada janela, de cada porta saia a bem ou fugindo a indignação e faça alarido proporcional aos muitos anos injustos.

 

Sem alegria,
Eu confesso, tenho medo,
Que tu me digas um dia,
"meu amor, não venhas cedo!"

 

O cedo da Justiça e da equidade social não existe. Vozes lúcidas se ergue(ra)m prevendo levantamentos populares. Também para estes o cedo escoou-se.


Por ironia,
Pois nunca sei onde vais,
Que eu chegue cedo algum dia,
E seja tarde demais!

 

E sem ironia, olhares duros nas faces, sabemos por onde vais Justiça! Não te multipliques em códigos que para nada servem excepto para atafulhar «papelões» e endrominar inegáveis direitos dos cidadãos.

 

CAFÉ  DA MANHÃ

 

publicado por Maria Brojo às 09:24
link | Veneno ou Açúcar? | favorito
Segunda-feira, 20 de Julho de 2009

JUSTIÇA, LA FONTAINE E A RÃ

Frank La Torre e Rafhael Ray

 

Fábula de La Fontaine revisitada. Fosse assim tão despachada a justiça em Portugal, e não seria a chaga que tantos faz penar.

 

"Decidi sair do trabalho mais cedo e ir jogar golfe. Quando escolhia o taco, notei que havia uma rã perto. Disse a rã:
_'Croc-croc! Taco de ferro, número nove.
Achei graça e resolvi provar que a rã errava. Peguei no taco sugerido e bati. Surpresa: a bola parou a um metro do buraco!
_ Uau! - gritei, virando-me para a rã.
_ Será que és a rã da sorte?
Resolvi levá-la comigo até o buraco.
_O que achas, rã da sorte?
_ Croc-croc! Taco de madeira, número três.
Utilizei o taco 3 e bati. Bum! Directo no buraco. Dali em diante, acertei todas as tacadas e fiz a maior pontuação da minha vida.

 

Levei a rã pra casa. No caminho, falou:
- Croc-croc! Las Vegas.
Mudei o caminho e fui directo para o aeroporto. Nem avisei a família.
Chegado a Las Vegas, disse a rã:
_ Croc-croc! Casino, roleta.
Sugeriu:
_ Croc-croc! 10 mil dólares, preto 21, três vezes seguidas.
A aposta era loucura, mas não hesitei. A rã conseguira a minha credibilidade.

 

Coloquei todas as fichas. Ganhei milhões. Peguei na «massa» e fui para a recepção do hotel. Exigi suite imperial. Tirei a rã do bolso, coloquei-a sobre os lençóis de cetim e disse:
_ Rãzinha querida! Não sei como pagar-te tantos favores. A minha gratidão é eterna.

Replicou:
_ Croc-croc! Beija-me na boca.

Tive nojo, mas fui coerente. No momento em que a beijei, transformou-se numa linda «barbarella» de 17 anos, nua, sentada sobre mim. Empurrou-me, devagarinho, para a banheira de espuma.
 

Houve denúncia, o caso chegou à Comissão de Ética e fui processado. Aleguei:

_ Juro por Deus que foi assim que consegui a minha fortuna. A menina, simplesmente, apareceu no meu quarto. - 

Não só o Presidente da Comissão de Ética acreditou, como todos os membros do Tribunal. Fui absolvido.”

 

Nota  - versão adaptada de um texto enviado pelo caríssimo António Eça de Queiroz.

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

publicado por Maria Brojo às 07:40
link | Veneno ou Açúcar? | ver comentários (16) | favorito

últ. comentários

Olá. Posso falar consigo sobre a sua tia Irmã Mar...
Olá Tudo bem?Faço votos JS
Vim aqui só pra comentar que o cara da imagem pare...
Olá Teresa: Fico contente com a tua correção "frei...
jotaeme desculpa a correcção, mas o rei freirático...
Lembrai os filhos do FUHRER, QUE NASCIAM NOS COLEG...
Esta narrativa, de contornos reais ou ficionais, t...
Olá!Como vai?Já passaram uns meses... sem saber de...
continuo a espera de voltar a ler-te
decidi ontem voltar a ser blogger, decidi voltar a...

Julho 2015

Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab
1
2
3
4
5
6
7
8
9
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31

pesquisa

links

arquivos

tags

todas as tags

subscrever feeds