Kamille Korry
Faltam tomates, alfaces, beringelas e pepinos. Mercados e o mercar têm dias difíceis. Os mercadores sobem cêntimos bojudos na transferência do produtor ao consumidor. Agricultores viram investimentos e produções desfeitas com a invernia rabugenta que parece ter-se instalado neste sofá velho da Europa. Maus tempos nos canais por onde se escoam os frescos. Mau tempo no canal que desce do céu para a lusa terra.
Bastava o bastante no continente. Desta feita, Açores e Madeira juntaram-se à desfeita meteorológica. Empinam-se vagas dum Atlântico zangado. Caem postes condutores da electricidade como ramos velhos de árvores centenárias. Casas destelhadas ou com soalho de água. Varetas dos «tapa chuva» dobram. Partem. Os desabrigados pela ocasião regressam ensopados. Espirros e tosses depois.
Nesta amálgama desgraçada, como soerguer os ânimos? Basta de cinza no além vidraça! Somos povo e país ameno, sofredores por hábito mandado pela tradição. Já tarda a luz do costume, o sol que fura nuvens e dilui tristezas e saudades a quem as deixa entrar. Resisto-lhes: luzes interiores faço por manter intactas. Mas que venha a frialdade soalheira e vá para banda nenhuma, antes se desfaça, este tempo enguiçado.
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros