Segunda-feira, 18 de Julho de 2011

RÃS, SAPOS E REALEZAS

Kim Parkhurst, Jennifer Janesko

 

Quando os irmãos Grimm escreveram o Príncipe Sapo, mais não fizeram que dar forma escrita a um dos mitos e ilusões humanos e, de caminho, desmenti-lo.

 

Consta as mulheres sonharem com um belo príncipe devotado e que possua merecimentos capazes de o tornar progenitor exemplar, os homens com princesas diáfanas, lindas, generosas, ternas e lábios de rubi. Um sapo como parceiro(a) está normalmente arredado do imaginário. A fealdade, a estranheza que comporta, não obedece às normas primárias da sedução. E na busca iludida dos príncipes e princesas se frustram expectativas, acontecem desencontros infelizes.  

 

Atentássemos nas rãs e princesas, nos sapos e príncipes que convivem no íntimo de cada um, menor seria, nos afectos, a teia de enganos. Nos dias e destes nas horas, alternam comportamentos individuais em que nos lábios de rubi, na pele macia espreita o batráquio que nos outros merecem condenação. Aceite a dicotomia luz/breu, a passagem de um estado a outro nas gentes, sairia desmentido o mito e melhorados os relacionamentos em geral, românticos em particular. A esta evolução da consciência é costume chamar amadurecimento e crescer harmonioso, sem parança, até ao fim.

 

Existem pessoas certas ou erradas para cada um de nós? _ Não e sim, o que é distinto do «nim». Profunda divergência nos valores contribui para o assentimento na resposta. Havendo alicerces comuns nas estruturas da matriz de cada um dos elementos do casal, as restantes variáveis perdem importância se compensado o momento sapo ou rã do outro com o surgir da princesa e do príncipe por parte de quem com ele partilha a vida. Como numa balança de dois pratos, o importante é o equilíbrio satisfatório na posição média do fiel.

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

publicado por Maria Brojo às 10:59
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Terça-feira, 13 de Julho de 2010

COM QUATRO PATAS E SEM

Jan Boallert, Kim Parkhurst

 

Importada como é fatal. Atenção ao conhecido, moda, condescendência empresarial que da benesse retira proveito dobrado? No imediato, está garantida publicidade gratuita da Nestlé Portuguesa.

 

Ali p’rós lados de Linda-a-Velha, foi autorizado aos funcionários levarem animais de estimação para o local de trabalho. Dos cães e gatos, houve notícia, da passarada, coelhos e répteis, nada foi dito. Presumo ter sido oferecida jornada rente aos donos somente aos felinos e canídeos. Dias alternados para uns e outros, não surjam rixas sérias que esgadanhem os serviços.

 

Enquanto nos States vai sendo comum pasta numa mão e trela na outra a caminho do emprego, por cá é novidade. Razões alegadas: diminui a ansiedade dos donos, satisfeitos trabalham melhor, facilitado o relacionamento laboral. E vêm à boca de cena dois queridos primos no encanto beneficiados pela fortuna que, malgré tout, levavam à praia dote extra: o cão amoroso, bem tratado, apetecível. Num ápice, asseguro, o bicho aumentava a corte de amigas e conhecidas. Vez só, ganho para todos: o bicho sem razão e eles com ela e elas. Antecipado vinte anos o que os «psis» reconheceriam.

 

Se um animal de estimação pode constituir novo elemento agregador da família quando partilhada a responsabilidade que acarreta, não raro gera quezílias: _ “hoje, não limpaste, não o passeaste, não compraste a paparoca”. Como bicho de companhia é inegável o merecimento pela alegria, por compensar falta de doçuras afectivas e apaziguar solidões. Problemático é o dono considerá-lo amigo único e isolar-se em cada rotação mais um pouco. Desabafar com ele e ser incapaz de procedimento semelhante com um humano.

 

Será que logo à noite, no hipódromo de Cascais, afectos com quatro patas serão espectadores autorizados da Norah Jones?

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

publicado por Maria Brojo às 07:39
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