David Scheirer, David W. Aranson
A depressão económica colectiva, além das depressões individuais que arrasta, além do desaparecimentode para parte incerta de adolescentes confrontados/humilhados com a súbita fundura da desigualdade social entre pares, além dos 30% de desempregados entre os mais jovens, além da imigração destes para longes menos desequilibrados financeiramente, além duma Cáritas, a portuguesa, à beira de ruptura dos stocks para auxílio do número crescente de necessitados, além do mais que não fica referido mas sabemos, tem algumas vantagens. Uma delas foi ter crescido em 25% (2010 como referência) o número de fumadores que abandonaram o vício. Razão essencial: os prés emagrecidos não suportam a «renda» do tabaco. Ganha a saúde de quem toma a decisão.
Outra vantagem: o desafio enfrentado pelos pais na educação das crianças e adolescentes. Tem se ser alterado o paradigma de os encharcar com inutilidades, marcas da moda desde o vestuário às mochilas - quantas vezes com sacrifícios dos pais -, excesso de saídas nocturnas para bares e discotecas, almoçar fora das escolas públicas quando a comida servida nas cantinas é saudável e a baixo custo para a maioria. Por outro lado, só faz bem anular hábitos despesistas dos adultos que ainda têm a felicidade dum salário mensal. Há muito, que analisar cuidadosamente gastos e assim, pelo exemplo, influenciar os filhos, devia ser regra. Curioso é algumas, poucas, famílias desafogadas terem esta prática, enquanto outras rasando a pobreza desperdiçam fracção importantes dos ordenados em guloseimas, sumos engarrafados, merendas embaladas, tudo prenhe de calorias e conservantes. O vero pão com manteiga ou compota e uma peça de fruta, evita ser da engalanada com verniz, contribuíram para o crescimento harmonioso de muita boa gente. Porque não seguir este e outros preceitos recomendados por especialistas? Maldita cocaína à guisa de bens e alimentos lustrosos nas prateleiras dos supermercados a que não sabemos resistir!
CAFÉ DA MANHÃ
Sugestão do ‘Cão Gastador’.
Fotografia de Teresa C., autor que não foi possível identificar, Fabian Perez
Neste Verão prestes a definhar, o apetite por esplanadas descobriu novas onde a paz acontece seja meada manhã ou tarde, cinza ou soalheiras as horas. Amplitude no horizonte diante para que a janela do olhar se levante das páginas e analise o lido, a perfeição duma frase, o momento interior, os silêncios de outros companheiros na sombra escolhida. Nesses instantes, a vida é série filmada, digerida por episódios. Flashbacks revelam subentendidos nas curvas do guião que se desenvolve no ecrã íntimo. É sempre assim nos lugares onde a leitura é objectivo. Se caseira, as paredes confinam deambulações ambiciosas, a falta do longe ao olhar entope a descodificação dos signos por o espírito tender a enredar-se em detalhes ociosos _ Aquele quadro está desalinhado, não posso esquecer ligar a máquina da roupa, tenho de organizar esta papelada. No regresso às letras impressas, ficou diluída a emoção. Já pela noitinha, quando o sono indicia para breve adormecer o corpo alongado na cama/esplanada e parece anular a força da gravidade, a metacognição está apurada. Expostas ficam impressões subjectivas.
Em lugares de perdição, andarilhei pelo México e Espanha sem do mesmo poiso sair. Partilhei bravuras, homens/desamores, traições, fidelidades, vidas corridas no fio da espada. Segui o tortuoso carreiro de duas mulheres, Teresa Mendoza uma delas. Decidida, arrojada, contida, é a que se pensa com lucidez, que pensa aqueles de quem é próxima, que pensa como (sobre)viver na lateralidade dum mundo mentiroso onde tudo e quase todos são comprados. Trafica “La Reina del Sur”. Será “La Reina del Sur”. Arturo Pérez-Reverte desenha realidades submersas, e, logo de início, coroa Teresa Mendoza. Com justiça a honra nas quinhentas e trinta e uma páginas que apetecem duplicar não seja perdido o feitiço de tão impressiva escrita.
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros