Por ser proibido captar imagens da belíssima e merecida homenagem a Lauro António no Luisa Todi, Setúbal, ficou a reportagem diminuída. A querida amiga Maria Eduarda Colares teve o privilégio de colmatar a omissão. A «je», em segundo plano, conversava alegremente com amigos.
Apresentação do convidado pelo Lauro António, o impulsionador das tertúlias "Vavadiando". A todos encantou o desfile de memórias do Vavá por Fernando Tordo. Fração da história da cultura portuguesa que foi pitéu saboroso e merecia livro a preceito por tão decisivo ter sido em tempo de breu o Vavá como ponto de encontro de personalidades nacionais.
A sempre atenta anfitriã, Maria Eduarda Colares.
Fernando Dacosta e a voz de Fernando Tordo no "O Café" cuja música composta pelo Tordo e com poema do Ary dos Santos, composição de José Calvário, foi inspirada na miscelânea de frequentadores do Vavá no final dos sessenta, princípios dos setenta.
Finda mais uma memorável sessão do Vavadiando, foi tempo de rumar ao lançamento do livro "Ana de Londres" escrito por Cristina Carvalho, filha do saudoso homem da ciência Rómulo de Carvalho. Não resisti a comprá-lo. Ilustrado pelo amigo de outras eras, Manuel San-Payo, que, finalmente, reencontrei.
No espaço original pela conceção e estrutura arquitetónica, foi tempo de dançar ao som dos "clássicos" da época referida na capa do livro: "Retrato de uma geração que teve a coragem de lutar".
CAFÉ DA MANHÃ
"O CAFÉ" (1973)
"Chegam uns meninos de mota,
Com a china na bota e o papá na algibeira
São pescada marmota que não vende na lota
Que apodrece no tempo e não cheira
Porque o tempo
É a derrota
Chegam criaturas fatais
Muito intelectuais tal como a fava-rica
Sabem sempre de mais,
Escrevem para os jornais com canetas molhadas na bica
E a inveja (sim, a inveja!)
É quanto fica
Como quem está num chá dançante
Duas velhas de penante depenicam uma intriga
Debicando bolinhos vários
Dizem mal dos operários que são a espécie inimiga
Chegam depois boas maneiras
Com anéis e pulseiras e sapatos de salto
São as bichas matreiras que só dizem asneiras
Sâo rapazes pescado do alto
E o que resta
É pó de talco
Chegam depois os vagabundos
Que por falta de fundos não ocupam a mesa
Têm olhos profundos,
Vão atrás de outros mundos que pagaram com sono e beleza
Mas o troco
É a pobreza
Chegam finalmente os cantores
Os que fazem as flores neste mundo de gente
São os modernos trovadores
Que adormecem as dores numa bica bem quente
Como quem está num chá dançante
Duas velhas de penante depenicam uma intriga
Debicando bolinhos vários
Dizem mal dos operários que são a espécie inimiga
Chegam depois boas maneiras
Com anéis e pulseiras e sapatos de salto
São raposas matreiras que só dizem asneiras
Sâo rapazes pescado do alto
E que resta
(Evidentemente que é) Pó de talco
Chegam depois os vagabundos
Que por falta de fundos não ocupam a mesa
Têm olhos profundos,
Vão atrás de outros mundos que pagaram com sono e beleza
Mas o troco
É sempre a pobreza
Chegam finalmente os cantores
Os que fazem as flores neste mundo de gente
São os modernos trovadores
Que adormecem as dores numa bica bem quente."
Em 2009, 25 anos depois da partida de Ary dos Santos, este tema foi relançado em disco comemorativo (segundo vídeo).
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