Mark Keller – An Old Friend Mark Keller – Bird Songs
Sem que atendam ao ciclo das estações, sem que atendam aos passantes, exceto quando alguém interrompe a azáfama e os escuta e deixe moeda pelo inesperado prazer, dão música às cidades. Quebram quotidianos cansados. Tédios. Correrias. Quebram a cinza nas ruas. A cacofonia dos escapes. São os amantes da harmonia em pautas invisíveis cujas páginas viram de cor. São a pausa oferecida. Havendo retorno de moedas depositadas no pano ou na caixa do instrumento sobre o asfalto, aceno, sorriso breve que a desfiladas dos sons para mais não dá.
Alguns tocam pelo amor à música, outros para ensaio ao ar livre, para serem «descobertos» por ouvidos atentos que lhes permitam gravar, quase todos por precisão. Raros os que têm atividade além daquela e arredondam proventos. Mais escassos ainda os “músicos de rua” que, apenas por hobby, liberam no ar sons até aí contidos. Mas todos ofertam música, senhores. Todos. Não recebem aplausos, holofotes, palcos, enfim. Fotografias talvez, cêntimos depois. Por isto, artistas menores? Alguns sim. Outros não.
O concerto “Lamiré”, a 29 deste mês no Teatro do Bairro, irá reunir cinco ou seis “músicos de rua”. A nata entre eles. Conceito subjetivo, que os gostos são tantos como as estrelas do céu. Mas terão direito a condições profissionais. Oportunidade copiada da «estranja». Merecida pela virtude. E qual o problema de adaptarmos iniciativas meritórias? Dos estapafúrdios do feito lá fora em «copy e siga» insanos, temos fartura.
CAFÉ DA MANHÃ
Aves à solta nas ruas das cidades. Trazem consigo sons de ventos longínquos em harmonias (re)inventadas. Chegam de África, América Latina ou do Norte, de qualquer parte do mundo atrás de sonhos e novas brisas.
Nos empedrados onde os passantes trotam vidas, são oásis. E, com eles, o dia serena, o betão é trocado por rios e bosques, por chilreada de aves saltitando de galho em galho.
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros