“The Reading Girl”, Theodore Roussel “Olympia” - Édouard Manet
Tem dois metros e meio quadrados. Chama-se “Rapariga a Ler”. Ao vê-lo exposto na nova casa de Roussel, um crítico da revista “Spectator” não se conteve e debitou texto impresso sobre a «arbitrariedade despudorada» que a partir dum belo tema o pintor malbaratara. O busílis da inquietação do crítico era o da mulher retratada não ser uma Vénus, logo, nudez injustificada, e ler obra pouco ou nada edificante – consta que ao perto o observador entende tratar-se de revista de mexericos com tiras de banda desenhada.
A provocatória indecência da leitora com revista em pousio no sexo foi pelos contemporâneos relacionada com o “Olympia” de Édouard Manet que, por sua vez, se inspirou numa obra de Ticiano (Venus of Urbino). Na lembrança, o ocorrido par de décadas antes quando a obra de um dos fundadores da Arte Moderna e impressionista, Manet, teve de ser protegida por polícias à bengalada dos indignados cidadãos visitantes da mostra onde era exibida. A polémica como resultado da nudez não versar figura mítica, antes prostituta na espera de cliente.
"Venus of Urbino" - Ticiano
Não em escândalo, mas em teimosia, (...)
Nota: texto publicado há instantes aqui.
CAFÉ DA MANHÃ
Jan Josef e recriação de obra de Manet
Fim-de-semana soalheiro com desfrute fora-de-portas. Contrariedade: gripe, virose ou menu completo duma constipação (pingo, corpo moído, tosse, arrepios e febre). Há um par de anos que me passeava sã e rija como pêro, espantando a Influenza sazonal. Ganho o recorrente desafio dos cabelos torcidos e derramados pelas costas ao sair do ginásio nos dias de briol, tinha por certas defesas eriçadas ou ruindade celular que os microrganismos saltitões recusavam como pasto. Quem na arrogância chafurda, mais cedo do que tarde recebe ensinadela de truz - garganta dorida, nariz arrolhado, latejos na cabeça como tambor rufando num tatoo militar, pela dores os ossos proclamando, um a um, a existência. Achando mal empregue a cama para imobilidade doente, conhecendo dos sofás o (des)conforto estimulante para jogos e várias brincadeiras, prefiro calmarias aconchegantes. Mais eficazes que Ben-u-ron, chutam para canto sintomas.
Diminuída a energia do físico, o paracetamol exponencia a do espírito corrosivo. Calhou à OK!TeleSeguro a vez. Na parte de um dia (in)útil, obriguei-me a tirar senha para uma Marta imprimir uma documento. Três mulheres aviavam duas freguesas – uma era manifesto caso de incontinência nas teclas. Tirei a senha vinte e oito, excedendo em seis a última em atendimento. Não me pareceu mal. Entretive a espera “limpando” o telemóvel. Nem saquei do livro por estar a leitura em “ponto de pérola” e não merecer a desfeita de interrupção abrupta. Dez minutos voaram. Esmiucei as funcionárias. Marta nem uma. Sorriso avaro, olhar mortiço, tédio na atitude e na fala. Duas horas depois, quatro clientes aviadas. Mau rácio. Por essa momento, na leitura chegara ao “ponto de estrada”. Homens só os que arribavam e sumiam vindos das entranhas da sede.
Duas horas de espera, para enfiar na pasta «papelucho» burocrático.
CAFÉ DA MANHÃ
Mariola Bogacki
“O avanço da tecnologia assusta gerações. Por ciclo terrestre, é sabida a cantilena de pais preocupados com os filhos que, cada vez mais cedo, se encantam com as novidades. Atrás dos pais, vêm os psicólogos apregoando os perigos que as crianças correm com as tecnologias. Pode não ter filhos, mas conhece alguém que tem criança pequena e fica espantado com a rapidez com que esses jovenzinhos se mostram habilidosos com as novas máquinas. O iPhone, como aparelho relativamente revolucionário e padrão perseguido por quase todas as fabricantes de telemóveis, é a bola da vez.
Crescendo nos anos oitenta, sou da geração em que a televisão e os videogames eram máquinas que destruiriam a infância transformando-nos em adultos incapazes de nos comunicarmos ativamente. A profecia não se cumpriu e, ironia do destino, acabei tornando-me jornalista.
O debate sobre os impactos da tecnologia na educação infantil existirá sempre. Claras as opções: os pais podem escolher deixar os filhos crescerem sem regras – e nesse caso o problema não vai acontecer apenas com o uso do iPhone ou videogames ou computadores - ou podem escolher apresentar as tecnologias de maneira responsável e aprender a impor limites para o seu uso.”*
*Fonte que não foi possível identificar
CAFÉ DA TARDE
Tecnologia ao serviço de uma obra de Manet.
David Ligare e adaptação de obra de Manet
É falada a felicidade. Sentir intermitente. Viver cada dia como se fosse último conduz a desmandos pessoais. Vivê-la como projecto obriga a esforço, a ordenar prioridades, ao gozo do instante em que surge inopinadamente. Depois, é fruição, porque, seja ingénua, concordo, o caminho calcorreado por cada um apenas tem esse objectivo. Se em cada amanhecer for objectivo último, é imediatismo. Como projecto de vida obriga a optar entre o fácil e a dificuldade. E nem sempre um obstáculo é entendido como degrau capaz de quem o ultrapassa ascender a paraísos. E surgem. E são memórias e presentes. Porque não aprendemos com passados? _ Por ser milimétrica a capacidade de reter experiências. Mas é necessário delas constituir acervo. Remirá-lo. Jamais remetê-lo ao esquecimento.
Recebo, diariamente, sugestões na minha caixa de correio/chaminé virtual propostas de uma qualquer Groupon para “jantar com show de striptease para duas ou quatro pessoas, desde 27 €”, “Lavagem automóvel: 1 ou 3 lavagens completas com limpeza interior e exterior, desde 12€”, “Corpo perfeito: 3 ou 6 sessões de endermologia, desde 29 €”, “Depilação caseira: 1, 3 ou 5 luvas depilatórias e esfoliantes Smooooth Legs, desde 16 €”, “Animais domésticos: puff canino de tamanho normal ou XXL disponível em 5 cores, desde 35 €” e outras sugestões de teor semelhante. Serão propostas de momentos e actos inolvidáveis? De atingir «felicidadezinhas» por encomenda?
Haja pudor em tentações(?) mesquinhas que têm o destinatário por incapaz racional.
CAFÉ DA MANHÃ
Por via de Mário de Carvalho, que não o escritor: _ "Orçamento é uma mulher honesta que se prostitui mais tarde."
Adaptação de Manet, Christopher Zacharow
Inocente criatura é informada de cada uma! Após largos meses sem entrar no Facebook, deu-me para aquilo nos dois últimos. Imagem, vídeo, estado d’alma contido, gosto ou indiferença e dali não passei nas semanas anteriores. Não sou tão lerda que não haja admitido Big Brother comandando aquilo. Mas, perante as ociosidades que me deu na «mona» publicar ali, optei por «caganisso». Aliás, os «caganissos» proliferam nas redes e sociedades.
Eis senão quando, como nas histórias infantis, recebo advertência de teclas amigas: “o estudante de direito em Viena, Max Schrems, iniciou um processo contra o Facebook, a maior rede social do mundo criada por Mark Zuckerberg. Após muitas dificuldades, o estudante de direito conseguiu um CD com toda a informação recolhida durante os três anos em que fez parte desta rede. Quando impresso, o conteúdo do CD formava uma pilha de 1.200 páginas. Todo o material - histórico de chats, pedidos de amizade, posição religiosa, etc. - era classificado em 57 categorias que possibilitam facilmente a listagem de dados, descobrindo qualquer informação que se deseja; vida pessoal, profissional, religiosa ou política. Além desse material, mesmo as mensagens, fotos e outros arquivos que ele havia «deletado» continuavam armazenados nos servidores do Facebook.
Quando questionado sobre isto, o Facebook afirmou que apenas "removia da página" e não "deletava". Isso significa que, quando uma informação é publicada no Facebook, jamais é excluída. Após descobrir que o Facebook possui servidores na Irlanda, entre agosto e setembro de 2011, Schrems abriu 22 queixas contra a rede social no Irish Data Protection Commissioner, um órgão deste país. Para acompanhar o caso, o estudante de direito criou o site "Europe versus Facebook"[http://europe-v-facebook.org/EN/en.html].
Por mim, a quem aprouver faça bom proveito encaixotar virtualmente arquivos idiotas que me convertam em protagonista duma menoridade 'filme B’. Auto-elogio, entenda-se. Admitindo alguma verdade no relato, de tal não tenho dúvida, pois agora é que do ‘Face’ não arredo. Uma ou duas tontices por dia e está feito. Os manga «d’alpaca» cibernéticos que esperem até encher mais um cabaz de «cêdês». Dos meus segredos sei eu e não os pespego ali. Quem o faz pode sempre seguir a estratégia dos espertos de serviço escondidos através de quarentenas e bloqueios para que inimigos/'amigos de conveniência, respectivos - incluo maridos e namorados e amigos muito coloridos (o mesmo no masculino) - não vislumbrem pistas indesejáveis. Fica registo catalogado? E depois? Quando muito, sendo o parceiro atento e cliente do mesmo lugar não irá engolir aquela do “deixei-me d’aquilo’ sabendo-o viciado utilizador.
Em ludibriar, o estado de Samoa rodeado pelas águas do Pacífico é perito. Mudança legal de fuso e saltou de quinta à noite para sábado adiantando o novo ano. Bofetada com luva branca aos Estados Unidos que deixou lhes interessar como referência principal nas trocas económicas. Austrália e Nova Zelândia são parceiros comerciais mais interessantes e Samoa preferiu o fuso horário que os regula. Sem dia de aniversário ficaram os nados nesta sexta do ano da graça de 2011. «Q’arrebentem» de alegria dobrada hoje, sábado deles.
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros