Sem Pénis Nem Inveja

Titanic, The Maiden Departure (Autor que não foi possível identificar)

No início de Julho, iceberg de dimensões semelhantes às de Manhattan flutua após separação duma língua do glaciar Pine Island (oeste da Antártida). À deriva desde há uma ou duas semanas, é vigiado por especialistas do Reino Unido. Não possuísse dimensões tamanhas, e passaria por impante bloco de gelo passeando nos mares. Mas não – iceberg assim pode vaguear durante um ano ou mais e aproximar-se das rotas navegáveis do oceano austral.

Os glaciares estão em constante movimento. Possuem dinâmicas próprias. As permanentes tensões a que estão sujeitos encontram-se, na sua vasta maioria, por descobrir. O desfazer do glaciar Pine Island pode estar relacionado com o aquecimento global. Todavia, é hipótese estar a velocidade de deslocação mais relacionada com as mudanças dos ventos do que com o aumento progressivo da temperatura.

Impossível não trazer à colação a tragédia do Titanic cujo centenário foi comemorado em 2012.

CAFÉ DA MANHÃ

E. Goetschel

Serão na véspera deste sábado. Pelo gosto em revisitar filmes de culto, escolhido “Manhattan”. Woody Allen dirige a fita de 1979. Interpreta o fabuloso Isaac Davis na busca incessante de um sentido para a vida, para o amor numa cidade em que o sexo é tão banal como um aperto de mão e a porta para o amor verdadeiro é giratória. A crença de poder alterar a personalidade do outro através da partilha dos dias. A sátira da racionalidade pura e da intelectualidade. Desvalorizada a pureza dos sentimentos tida como ingénua. Até um dia.

Elenco de luxo: Meryl Streep (Jill) como a ex-mulher de Isaac, lésbica, Mariel Hemingway é Tracy, a belíssima menina de 17 anos que ama genuinamente Isaac de 42, Diane Keaton como Mary, mulher sedutora com manto de pragmatismo que encobre sentir confuso nos amores. Uma Manhattan filmada com a magia que de facto possui para quem lhe reconhece o palpitar. A também mágica banda sonora de George Gershwin marca sequências e personagens.

Podia ser um filme datado, mas não. O cerne do argumento é intemporal ao traduzir a procura de todos - um amor como símbolo de felicidade - e os enganos dos caminhos individuais.

CAFÉ DA MANHÃ