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Não fora um Google atento a datas significativas e desconheceria esta efeméride que tanto me diz – na infância, chegado o tempo de Natal, era sabido assistir ao Quebra-Nozes ao vivo ou pela televisão. Penso que o meu amor pelo bailado terá começado com esta história mágica contada nos palcos também por artistas de nomeada a que não escaparam Margot Fonteyn e Rudolf Nureyev. O som dos passos bailados requer palco em frente e dele afastamento mínimo sem ir além da quinta fila. Em filme, também perdido o mover dos músculos, a precisão dos gestos. Pela ausência do essencial, muitos dizem, convictos, não gostar de bailado.
Selos comemorativos do 100º aniversário Olga Preobrajenskaya e Nikolai Legat
O Quebra-Nozes é baseado numa adaptação de Alexandre Dumas dum conto de Natal de Ernst Theodor Amadeus Hoffmann. Com a música sublime de Piotr Tchaikovskii, cenários e guarda-roupa suntuosos, coreografia de Marius Petipa e Lev Ivanov, bailarinos da célebre Academia de Dança de Vaganova, desde a estreia foi marco no bailado.
Fotografias de John Hall
O simbolismo está presente como fábula da passagem da infância à adolescência. Fundamenta-se no tema sem época do amor contra as forças do mal. Excelentes razões para divulgar Quebra-Nozes aos mais novos, seja ao vivo, em cartaz na cidade de Lisboa, ou através do filme produzido pela Disney (Fantasia).
CAFÉ DA MANHÃ
Rhoda Yanow, autor que não foi possível identificar, Rhoda Yanow
A noite pedia serão caseiro. Fora, a neblina, o brilho húmido do alcatrão e das calçadas, o frio desaconselhavam surtidas na cidade. Mas, em São Carlos, o tentador “Romeu e Julieta” pelo corpo de bailado da Companhia Nacional contrariava a conjugação dos elementos na atmosfera invernosa. O ingresso estava ao lado, veio o apetite e o fruir outro da noite tornou-se irresistível. Afinal, a neblina bailava com as luzes, tornava misteriosa e feérica a cidade, a casa oposta ao teatro respirava a magia de Pessoa.
Se tempos houve em que a Companhia Nacional de Bailado nem sempre adoçava a boca dos espectadores, ontem, casa cheia, a técnica impôs a diferença. A beleza da música de Prokofiev, a coreografia de John Cranko e o argumento que adaptou, a inspirada cenografia, os figurinos, a harmonia da Orquestra Sinfónica Portuguesa dirigida pelo talento e saber da maestrina Joana Carneiro deleitaram. E porque o lucro de bilheteira revertia a favor da “Casa do Artista”, ‘actores, actrizes e atrasados’ (por esta pago direitos ao autor) enxameavam a sala. Ante-estreia de solidariedade. Memorável, digo eu, como ‘atrasada’ que sou – o amor pelo bailado e os inúmeros espectáculos a que assisti não me concederam ainda saberes além do 'suficiente menos'.
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros