Autores que não foi possível identificar
Desapareceu a meia hora extra, ficaram reduzidas férias, punidas faltas que as «pontes» estimulam nos trabalhadores. Aplaudo estes pontos do projecto da nova “Lei Laboral” a bem do acréscimo da tal «coisa» chamada competitividade, conquanto outros de que dei conta en passant,
menor protecção do trabalho seja exemplo, entenda lesivos dos interesses dos assalariados. Serei naïff, mas as medidas citadas primeiro fazem sentido no navegar deste ‘Costa’ nacional com dez milhões de pessoas a bordo antes que adorne como o outro. Na história recente, alguns dos nossos comandantes eleitos também fugiram como ratos sempre que o navio se aprestava a ir ao fundo. Diferença fundamental com o comandante do ‘Costa’ é não terem espreitado o Sol entre grades devido às malfeitorias assassinas contra povo atavicamente indefeso.
Surpresa foi saber pronunciada por juiz do Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa a ex-Ministra da Educação. O caso insere-se num “ comunicado emitido há meses pelo Departamento de Investigação e Acção Penal de Lisboa, os quatro funcionários foram acusados por despacho datado de 15 de Junho do ano passado. “Os factos suficientemente indiciados são relativos à adjudicação directa de vários contratos nos anos de 2005, 2006 e 2007 ao arguido professor universitário, com violação das regras do regime da contratação pública para aquisição de bens e serviços”, lia-se na nota. “ Tais adjudicações”, acrescenta-se, “não tinham fundamento, traduzindo-se num meio ilícito de beneficiar patrimonialmente o arguido professor com prejuízo para o erário público, do que os arguidos estavam cientes”. A fonte refere ainda estar em causa “o facto de a ex-governante, actual presidente da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD), ter, no exercício das suas funções, estado envolvida na contratação do irmão de Paulo Pedroso para o “beneficiar patrimonialmente”, provocando desta forma um “prejuízo para o erário público. O crime é punido com pena de prisão entre dois e oito anos.” Foram também acusados de co-autores da prevaricação a antiga chefe de gabinete, Maria José Matos Morgado, e o então secretário-geral do ministério, João Silva Baptista.
A estes feios relatos do quotidiano português tenho, no que ao SPNI concerne, duas reacções: ou a escrita deambula por eles e denuncio, ou simulo ignorar sem tolher outras reflexões mais apetecíveis. Uma «seca» esta máfia portuguesa!
Razão tem o Rui Bebiano: "Na cerimónia de inauguração do 'Costa Concordia' a garrafa de champanhe não se partiu. Quando assim acontes, diz a voz do povo que o navio não vai ter sorte. Entretanto, no "Filme Socialismo do Godard, filmado em grande parte no 'Costa', falava-se metaforicamente ndo fim do capitalismo e desta Europa política que se afunda. Pelos vistos anda tudo ligado! E que las hay..."
Esta outra de Joaquim Alexandre Rodrigues também está do melhor: _”O Prós e Prós está a debitar de Luanda. Caso para perguntar: quando vão a Angola, os vips portugueses vão ensinar mais do que aprender ou vão aprender mais do que ensinar?”
Para terminar, escreveu o estimado António Eça de Queiroz a propósito duma notícia da NASA sobre ‘UFOS’: _ “Os do Terreiro do Poço são Umanos Foleiros Ó... (UFÓ's).”
CAFÉ DA MANHÃ
Claudia Eve, Blake Flynn
O descaro pode ser mostra de mau-gosto, desassombro louvável, lucidez diminuída raiando loucura ora boa, ora doentia, perversidade porque não? Frequentemente, os descarados em fase aguda provocam nos espectadores condescendência bem portuguesa do “diz tu que assim calo-me eu”. Em alternativa, suscitam troça ou irritação pelos dislates proferidos. Neste caso, a paciência em aturá-los esvai-se como a preciosa água em bilha rachada.
Quem ouviu Maria de Lurdes Rodrigues, anterior Ministra da Educação, pronunciar-se sobre a Geração Nem Nem só não pasmou por da senhora esperar conveniências desavergonhadas. Ao longo do exercício como a poderosa do Sistema Educativo, provou ser vulnerável à rudeza e usar amiúde o privado armazém repleto de postas de pescada. Ontem, não desmereceu, neste particular, os descréditos que lhe são reconhecidos. A propósito dos dados do INE que constataram haver 300 mil jovens sitos no intervalo etário entre os 15 e 30 anos afastados do ensino e não inseridos no mercado de trabalho, a Senhora Dona Maria de Lurdes Rodrigues imputou culpas à pouca atractividade da escola ao não lhes satisfazerem perspectivas de futuro. Tem parcela de razão, mas foi a dama que, nos últimos anos, conduziu o navio Educativo. Como os governantes actuais ou ex esquecem culpas próprias, é obra! É lata! É descaro!
Nota: Geração Nem Nem, copiado do castelhano Generatión Ni Ni (ni estudia ni trabaja), designa um conceito: "vazio de actividade no grupo etário que marca o arranque da idade activa."
CAFÉ DA MANHÃ
Autor que não foi possível identificar
Mário Lino, ex-Ministro das Obras Públicas, quer regressar ao trabalho. Como horizonte profissional, administração de uma empresa pública. Maria de Lurdes Rodrigues tem prometido cargo: a partir de 1 de Maio, preside à Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento. Pedro Santana Lopes foi condecorado com a Grã-Cruz da Ordem de Cristo. Acompanharam-no uma trindade de «notáveis» - receberam insígnias da Grã-Cruz da Ordem do Infante Dom Henrique. Razões alegadas pelo Presidente: “cumprir acto de justiça em relação a portugueses que serviram o país nos mais altos cargos de Governo da República, da magistratura portuguesa e dos órgãos próprios da Região Autónoma dos Açores".
Respeito pela tradição dizem ser acto bonito. Depende!, rabujo enquanto escrevo. No rosto, que procuro manter isento de réplicas ociosas, enruguei o sobrolho. Governantes e altos dignitários do país - qual colmeia (des)organizada que tudo e todos regula(ra)m -, jamais foram condenados por incompetência e dolos aos cidadãos. Muito povo sofre, ainda, os prejuízos.
Premiar é fácil, ser justo, atitude outra. Sentenciar desmandos na alta gestão pública é penoso. Preferível incensar defuntos-vivos. Saem ilesos e sem esquife. Julgam, julgo, os maiorais punir como motivo para desconfiança acrescida. Perigar a digestão nos governados que comem em silêncio. Quiçá insubordiná-los. O contrário da brandura nos costumes.
Muito devem aprender os eleitos por mor da democracia, durando a respectiva administração dos bens e leis comuns! Não lhes é conferido, por isso e com defesa pública, grau académico em rigor e «ades» - honestidade, objectividade e sensibilidade. Dá no mesmo, porém. É afiançado saírem com destaques e salários, pelo escândalo, incoerentes com a atávica pobreza lusa. Bem podem lamuriar pelo desinteresse geral no voto. Saberão, Vossas Senhorias, onde mora o exemplo?
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