Paritosh – “Duinpavers”
“Dia da Espiga” ou “Quinta-feira da Espiga” é uma celebração portuguesa que ocorre no dia da “Quinta-feira da Ascensão” com um passeio matinal, em que se colhem espigas de vários cereais, flores campestres e hastes de oliveira para formar um ramo, a que se chama de espiga. Segundo a tradição, o ramo deve ser colocado por detrás da porta de entrada e só deve ser substituído por um novo no dia da espiga do ano seguinte.
O dia da espiga era também o "dia da hora" e considerado "o dia mais santo do ano", um dia em que não se devia trabalhar. Era chamado o dia da hora porque havia uma hora, o meio-dia, em que tudo parava, "as águas dos ribeiros não correm, o leite não coalha, o pão não leveda e as folhas se cruzam". Era nessa hora que se colhiam as plantas para fazer o ramo da espiga e também se colhiam as ervas medicinais. Em dias de trovoadas queimava-se um pouco da espiga no fogo da lareira para afastar os raios.
A simbologia por detrás das plantas que formam o ramo de espiga:
CAFÉ DA MANHÃ
Jack Beal
Não apetece largar a cantoria dos grilos nem o Outono anunciado de subtis maneiras. Os primeiros indícios surgem no cobre das videiras, nas folhas que caem pelo tempo de vida cumprido, nos entardeceres a pedirem malha leve que proteja as costas, no corado dos pêssegos, nas nozes cuja carapaça, antes verde e lisa, engelha agora.
Por fechar a totalidade das portadas, breve passeio ao Café Arcadas, quase à despedida de Gouveia para quem sobe a Estrada da Serra. Esplanada e interior silenciosos que o Tó Zé e a mulher, Maria Helena, atendem. Ambos licenciados em Inglês, ele em Inglaterra, ela em Viseu, após terem decidido, já casal e pensando em filhos, não ser Londres cidade adequada para a serenidade que requer aumento da família. Regressaram a Gouveia, construíram moradia e, por circunstâncias várias, abriram no espaço inferior lugar tranquilo.
Nos dias serranos, pelas cinco horas, ocupava ali, a mesa mais recôndita, após duche e banho de sol num terraço escondido de olhares. Continuava leituras, a última do Arturo Pérez-Reverte, La Piel del Tambor, que não interrompe fascínio pelo talento, semântica e léxico. O castelhano bem servido encanta, como qualquer língua cuja ligação das palavras escritas seja genial.
Na despedida, ainda que por semanas curtas, das encostas da Estrela, a ruptura deve ser lenta. Pneus em movimento, para trás a Dona Ventura estendendo turcos e lençóis usados em último, janelas abertas para que a ventilação condicionada não abafasse dos pinhais e dos eucaliptos os aromas. Marcha lenta, dedicada ao entreter da memória com sítios e alturas conhecidas. Somente na A1 os 140/160 foram precisos, nuvens prometendo chuva copiosa. Seguindo à frente delas, enxuta a chegada.
Lisboa, cidade triste, sem oferta de distâncias onde o olhar se recreie até centena de quilómetros. O apartamento/gaiola postado em sossego e negrume – gelosias cerradas, verdes implorando luz e presença que chegou sem vontade ou graça. La Piel del Tambor e a mulher foram continuidade.
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros