Autores que não foi possível identificar
As partilhas quotidianas faltam quando não existe o 'ele-amor' ou família ou amigos que ouvem, analisam, dizem, criticam, dão bordoadas e ajudam a remediar desarranjos informáticos, emocionais e caseiros. Indiferente a proporcionalidade entre eles e elas que precisam da comunicação como fonte de onde corre o repensar/discurso, conquanto especialistas afirmem o género feminino mais dependente da verbalização. Todos apreciam e precisam d’almas abertas sem delas esperarem obrigatório afago nas costas. Constando por sistema o item, desconfiam – ou mentira, lá foi a verdade dar volta ao quintal, ou servilismo malquisto, amizade prezada dele não quer saber ou precisa.
Ido um ou dois ajuntamentos, carimbados ou não, ida a meta dos quarenta para procriar e ilusora de velhice rodeada de netos e doce manta sobre joelhos colados, dos almoços/reuniões de família em tempo de liberdade semanal, aceites barrigas e flacidez e envelhecimento comum, uma de três realidades: não existe casal nem paixão tresloucada como toda a paixão deve ser, nem vontade de permanente vida comum.
Eles e elas, antes dos quarenta, também depois, vão ficando num ‘vemo-nos quando a semana der’. Desejam amor império. Inexiste, logo, não casam. Não aspiram a procriar infantes loiros e belos, logo, adiam compromisso. Já procriaram, não querem mais querubins, acreditam num amor majestade que um dia chegará e não chegou, não se ajuntam – preferem partilha e o calor e a ternura e acompanhados os malvados ócios solitários, por muitos indesejados, requerem companhia de acordar, jantar e de cama nalguns dias da semana. ‘Vão ficando’ - limbo afectuoso que daí não cresce. Que não é um mal. Que pode ser germe de venturas muitas. De ligações com manta para o melhor e pior.
Amor em time-sharing com a individualidade? Talvez, ou sim altivo sem vergonhas encolhidas pelos ditames que foram e enformaram, pela assunção de moralidade que a vigente já não condena.
CAFÉ DA MANHÃ
Cortesia de 'Anónimo'
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros