Henryk Fantazos
Saudades do levantar de pano que abra a boca de cena. Saudades da expectativa no instante em que os atores iniciam transposição para outras vidas. Saudades de pantominas e teatro de rua. Saudades das emoções que a ópera transmite na maravilha de artes várias conjugadas. Saudades de um concerto, do cerrar de olhos para que somente música seja inspirada e vista dentro - porque a música também alimenta os olhos da consciência. Saudades de mais bailado. Saudades da tela branca no cavalete, do cheiro dos óleos e das misturas que entre si darão forma ao imaginado. Saudades de mais vida.
Mergulhar em quotidianos gastos é tentadoramente fácil. Não encontrar motivos pessoais para que o espírito beba de fontes diversas, também. E se os habitantes no interior do país lamentam a escassez de oferta cultural, nas duas grandes urbes que temos onde maioritariamente está concentrada, quem lá vive quantas vezes esquece a variedade do que pode fruir. Aferrolhada no trabalho, havendo, e na casa, na «crise» com cêntimos contados, lateraliza os espetáculos gratuitos oferecidos nestas e noutras cidades. Sobreviver é isto. Viver com alguma qualidade é coisa outra que passa por mais do que ficou dito.
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros