Terça-feira, 28 de Abril de 2015

SÉCULO XXI

Michele Del Campo 2005, los unos y los otros.jpg

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Michele Del Campo (2005) – “Los Unos y Los Otros”

 

Escrevi:

 

“Mais de duas centenas e meia de Bancos Alimentares Contra a Fome por essa Europa fora. O século é o XXI. Após dele ter fluido dúzia de anos, a miséria, a fome, não foram erradicadas duma zona do globo considerada de bem-estar. Os poderosos, se (duvido!) alguns passos deram no sentido da solidariedade e nos cuidados aos cidadãos desprotegidos, perderam-se na obscuridade de tortuosos caminhos. Esquecidos duma mera candeia cujo bruxulear os iluminasse e fossem evitadas incongruências sociais, neste tempo que as ficções d’antanho antecipavam com uma humanidade gloriosa em ‘tu cá, tu lá’ com a Lua, é vivida pobreza extrema também na “Boa Velha Europa”.

 

 

 

Desperdiçado o correr das horas em lutas intestinas pelo ‘mais ter e ser parecer’, a redistribuição do bolo económico por todos falhou. A promoção social dos necessitados de apoio falhou. O acesso à educação e saúde em condições igualitárias e eficazes falhou. O direito a uma Justiça eficiente falhou. A promoção ética falhou. Cultura acessível a todos falhou. E nesta Europa falhada, continuaremos até a revolta se impor.”

 

 

Comentário recebido:

 

“Alguns dedicam-se obsessivamente aos números e às estatísticas esquecendo que a sociedade é feita de pessoas. Recentemente, ficámos a saber, através do primeiro estudo epidemiológico nacional de Saúde Mental, que Portugal é o país da Europa com a maior prevalência de doenças mentais na população. No último ano, um em cada cinco portugueses sofreu de uma doença psiquiátrica (23%) e quase metade (43%) já teve uma destas perturbações durante a vida.

 

 

Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque assisto com impotência a uma sociedade perturbada e doente em que violência, urdida nos jogos e na televisão, faz parte da ração diária das crianças e adolescentes. Neste redil de insanidade, vejo jovens infantilizados incapazes de construírem um projeto de vida, escravos dos seus insaciáveis desejos e adulados por pais que satisfazem todos os seus caprichos, expiando uma culpa muitas vezes imaginária. Na escola, estes jovens adquiriram um estatuto de semideus, pois todos terão de fazer um esforço sobrenatural para lhes imprimirem a vontade de adquirir conhecimentos, ainda que estes não o desejem. É natural que assim seja, dado que a atual sociedade os inebria de direitos, criando-lhes a ilusão absurda de que podem ser mestres de si próprios.

 

 

 

Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque, nos últimos quinze anos, o divórcio quintuplicou, alcançando 60 divórcios por cada 100 casamentos (dados de 2008). As crises conjugais são também um reflexo das crises sociais. Se não houver vínculos estáveis entre seres humanos não existe uma sociedade forte, capaz de criar empresas sólidas e fomentar a prosperidade. Enquanto o legislador se entretém maquinalmente a produzir leis que entronizam o divórcio sem culpa, deparo-me com mulheres compungidas, reféns do estado de alma dos ex-cônjuges para lhes garantirem o pagamento da miserável pensão de alimentos.

 

 

Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque se torna cada vez mais difícil, para quem tem filhos, conciliar o trabalho e a família. Nas empresas, os diretores insanos consideram que a presença prolongada no trabalho é sinónimo de maior compromisso e produtividade. Portanto é fácil perceber que, para quem perde cerca de três horas nas deslocações diárias entre o trabalho, a escola e a casa, seja difícil ter tempo para os filhos. Recordo rosto de uma mãe marejado de lágrimas e com o coração dilacerado por andar tão cansada que quase se tornou impossível brincar com o seu filho de três anos.

 

 

 

Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque a taxa de desemprego em Portugal afeta mais de meio milhão de cidadãos. Tenho presenciado muitos casos de homens e mulheres que, humilhados pela falta de trabalho, se sentem rendidos e impotentes perante a maldição da pobreza. Observo as suas mãos, calejadas pelo trabalho manual, tornadas inúteis, segurando um papel encardido da Segurança Social.

 

 

 

Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque é difícil aceitar que alguém sobreviva dignamente com pouco mais de 600 euros por mês, enquanto outros, sem mérito e trabalho, se dedicam impunemente à atividade da pilhagem do erário público. Fito com assombro e complacência os olhos de revolta daqueles que estão cansados de escutar repetidamente que é necessário fazer mais sacrifícios quando já há muito foram dizimados pela praga da miséria.

 

 

 

Finalmente, interessa-me a saúde mental de alguns portugueses com responsabilidades governativas porque se dedicam obsessivamente aos números e às estatísticas esquecendo que a sociedade é feita de pessoas. Entretanto, com a sua displicência e inépcia, construíram um mecanismo oleado que vai inexoravelmente triturando as mentes sãs de um povo, criando condições sociais que favorecem uma decadência neuronal coletiva, multiplicando, deste modo, as doenças mentais.

 

 

 

E hesito em prescrever antidepressivos e ansiolíticos a quem tem o estômago vazio e a cabeça cheia de promessas de uma justiça que se há-de concretizar; e luto contra o demónio do desespero, mas sinto uma inquietação culposa diante destes rostos que me visitam diariamente.”

 

 

Pedro Afonso, médico psiquiatra no Hospital Júlio de Matos, publicado no Público

 

 

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

 

 

 

 

publicado por Maria Brojo às 08:00
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Quinta-feira, 14 de Novembro de 2013

IDO O VAZIO EM FRENTE

 

   

Autor que não foi possível identificar               Lew Loose Devotion                                         Michele del Campo

 

O Sr. Martins comprou apartamento em zona nova da cidade. Vistas desafogadas. A mulher revê-se na cozinha metalizada. Mira o pavimento lustroso. Sente cheiro a novo diferente do empestado pelos ácaros – membros outros da família – na habitação anterior. Pela mudança, eliminadas velharias sem préstimo – tachos com pegas omissas, roupas velhas, móveis, pratos e bibelôs lascados. Arrebicaram o novo espaço copiando ambientes de revistas e montras.

 

A D. Célia lastima a falta do estendal na janela vendida que lhe deixava a roupa seca pela conjugação do vento e sol. Desigual o cheiro dos turcos, cuecas e peúgas enxutos vidros adentro. Os filhos atafulham os quartos com vícios transitados. A sala é espaçosa. Chamam-lhe salão pelos metros quadrados a mais. Debruçados na varanda, olham a distante, cerca, olham a distante, cerca, linha de céu recortada pelas torres de Santo António dos Cavaleiros. Horizonte e tanto!

 

Num regresso do trabalho/sustento, olham o gradeado, surpresa, do vazio em frente. O outrora liso fica buraco imenso. Gruas, guindastes e trolhas afadigam construção. Quando meditaram a compra, pesou a garantia da igreja e do pavilhão gimnodesportivo na esquerda afastada do apartamento. Ocupação arquitetónica em superfície e altura a nível inferior do segundo andar.

_ Ótimo! Os miúdos empatam em desporto algum do tempo que lhes cola dedos às teclas ou dedicam a fumaças.

 

Durante meses suportam pó, escavadoras estridentes, a visão do aço empinado. A utilidade da Igreja _ “quando os teus pais vierem podem ir a pé à missa!” _ e do Pavilhão Desportivo confortam a impaciência. Estranham os ferros crescidos dia a dia. Redes azuis acima do terceiro andar. Condomínio de «tês». E desaparece a linha de céu, o sol passa a candeeiro atrasado que ilumina o amanhecer dos Martins.

 

Indagam. Querem saber do cúmulo em altura. Do espaço verde substituído por betão que circunscreve o «além-vidraças». Vozeiam condóminos inconformados pela fronteira. O bem comum, planeado pulmão vegetal, vale lentilhas de truz. Patos bravios, legitimados pela autarquia, recolhem mais-valias ciganas. Engenheiros e arquitetos, conhecidos pelos currículos espessos, a(ssa)ssinaram arejamento urbano. Cimento mal enjorcado diante dos Martins e por todo lado, erguido como suposta arte arquitetónica. Que não é, salvo para incautos.

 

Os Martins podem bramar. Safarem-se de viaduto a metros da sacada é jogo de sorte ou azar.

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

publicado por Maria Brojo às 08:11
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Quarta-feira, 17 de Julho de 2013

MENSAGEM DA JUVENTUDE BRASILEIRA POR LULA DA SILVA

 

Michele Del Campo

 

"Os jovens, dedos rápidos em seus celulares, tomaram as ruas ao redor do mundo.

 

Parece mais fácil explicar esses protestos quando ocorrem em países não democráticos, como no Egito e na Tunísia, em 2011, ou em países onde a crise econômica aumentou o número de jovens desempregados para marcas assustadoras, como na Espanha e na Grécia, do que quando eles surgem em países com governos democráticos populares - como o Brasil, onde atualmente gozamos das menores taxas de desemprego da nossa história e de uma expansão sem precedentes dos direitos econômicos e sociais.

 

Muitos analistas atribuem os recentes protestos a uma rejeição da política. Eu acho que é precisamente o oposto: Eles refletem um esforço para aumentar o alcance da democracia, para incentivar as pessoas a participar mais plenamente.

 

Eu só posso falar com autoridade sobre o meu país, o Brasil, onde acho que as manifestações são em grande parte o resultado de sucessos sociais, econômicos e políticos. Na última década, o Brasil dobrou o número de estudantes universitários, muitos de famílias pobres. Nós reduzimos drasticamente a pobreza e a desigualdade. Estas são conquistas importantes, mas é completamente natural que os jovens, especialmente aqueles que estão obtendo coisas que seus pais nunca tiveram, desejem mais.

 

Esses jovens não viveram a repressão da ditadura militar nas décadas de 1960 e 1970. Eles não convivem com a inflação dos anos 1980, quando a primeira coisa que fazíamos quando recebíamos nossos salários era correr para o supermercado e comprar tudo o possível antes de os preços subirem novamente no dia seguinte. Lembram-se muito pouco da década de 1990, quando a estagnação e o desemprego deprimiu nosso país. Eles querem mais.

 

É compreensível que assim seja. Eles querem que a qualidade dos serviços públicos melhore. Milhões de brasileiros, incluindo os da classe média emergente, compraram seus primeiros carros e começaram a viajar de avião. Agora, o transporte público deve ser eficiente, tornando a vida nas grandes cidades menos difícil.

 

As preocupações dos jovens não são apenas materiais. Eles querem maior acesso ao lazer e a atividades culturais. Mas, acima de tudo, eles exigem instituições políticas que mais limpas e mais transparentes, sem as distorções do sistema político e eleitoral anacrônico do Brasil, que recentemente se mostraram incapazes de gerir a reforma. A legitimidade dessas demandas não pode ser negada, mesmo que seja impossível atendê-las rapidamente. É preciso primeiro encontrar recursos, estabelecer metas e definir prazos.

 

A democracia não é um compromisso de silêncio. Uma sociedade democrática é sempre em fluxo, debater e definir as suas prioridades e desafios, em constante desejo por novas conquistas. Apenas em uma democracia um índio pode ser eleito presidente da Bolívia, e um afro-americano pode ser eleito presidente dos Estados Unidos. Apenas em uma democracia poderia, primeiro, um metalúrgico e umam depois, um mulher serem eleitos presidentes do Brasil.

 

A história mostra que, quando os partidos políticos são silenciados e as soluções são procuradas pela força, os resultados são desastrosos: guerras, ditaduras e perseguição das minorias. Sem partidos políticos não pode haver uma verdadeira democracia. Mas as pessoas simplesmente não querem votar a cada quatro anos. Eles querem interação diária com os governos locais e nacionais, e querem participar da definição de políticas públicas, oferecendo opiniões sobre as decisões que os afetam a cada dia.

 

Em suma, eles querem ser ouvidos. Isso cria um enorme desafio para os líderes políticos. Exige as melhores formas de engajamento, através da mídia social, nos espaços de trabalho e nos campi, reforçando a interação com grupos de trabalhadores e líderes da comunidade, mas também com os chamados setores desorganizados, cujos desejos e necessidades não devem ser menos respeitado por falta de organização.

 

Tem-se dito, e com razão, que enquanto a sociedade entrou na era digital, a política permaneceu analógica. Se as instituições democráticas utilizassem as novas tecnologias de comunicação como instrumentos de diálogo, e não para mera propaganda, eles iriam respirar ar fresco em suas operações. E seria mais eficaz trazê-los em sintonia com todas as partes da sociedade.

 

Mesmo o Partido dos Trabalhadores, que ajudei a fundar e que tem contribuído muito para modernizar e democratizar a política no Brasil, precisa de profunda renovação. É preciso recuperar suas ligações diárias com os movimentos sociais e oferecer novas soluções para novos problemas, e fazer as duas coisas sem tratar os jovens de forma paternalista.

 

A boa notícia é que os jovens não estão conformistas, apáticos ou indiferentes à vida pública. Mesmo aqueles que pensam que odeiam a política estão começando a participar. Quando eu tinha a idade deles, nunca imaginei que me tornaria um militante político. No entanto, acabamos criando um partido político quando descobrimos que o Congresso Nacional praticamente não tinha representantes da classe trabalhadora. Através da política conseguimos restaurar a democracia, consolidar a estabilidade econômica e criar milhões de empregos.

 

É evidente que ainda há muito a fazer. É uma boa notícia que os nossos jovens querem lutar para garantir que a mudança social continue em um ritmo mais intenso.

 

A outra boa notícia é que a presidente Dilma Rousseff propôs um plebiscito para realizar as reformas políticas que são tão necessárias. Ela também propôs um compromisso nacional para a educação, saúde e transporte público, em que o governo federal iria fornecer apoio técnico e financeiro substancial para estados e municípios.

 

Ao conversar com jovens líderes no Brasil e em outros lugares, eu gostaria de dizer-lhes o seguinte: Mesmo quando você está desanimado com tudo e com todos, não desista da política. Participe! Se você não encontrar em outros o político que você procura, você pode achá-la em si mesmo."

 

Lula da Silva aqui.

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

 

 

publicado por Maria Brojo às 07:43
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Segunda-feira, 17 de Junho de 2013

“DIA D” NA EDUCAÇÃO

 

Michele Del Campo

 

Na Escola Secundária Camões, em Lisboa, 28 salas, 5 onde decorrem exames. Em Faro e Tavira, nenhum. Escola de Cinfães coloca 118 alunos a fazer o exame de Português no refeitório. Outras escolas optaram pelos ginásios de modo a diminuir o número de professores vigilantes. Escolas com 100% de adesão, incluídos os diretores executivos. FENPROF e FNE anunciam que 90% dos professores fizeram greve ao primeiro exame de hoje.

 

Esta é a maior greve de sempre levada a cabo pelos professores, também pais de jovens afetados, em luta por uma escola pública de qualidade e manutenção dos postos de trabalho. O previsto aumento do número de alunos por turma, atualmente já excessivo, é exemplo. Infelizmente, muitos outros existem.

 

O Ministério da Educação constituiu reféns os alunos da falta de equidade pela teimosia em manter o calendário pré-estabelecido dos exames nacionais. Informado com antecedência da data da greve às avaliações - incluídas reuniões de Conselhos de Turma que ditam resultados finais dos alunos -, mais tinha que o modificar. De facto, muitos jovens respondem hoje à prova nacional ignorando as «notas» obtidas, se reprovaram ou foram admitidos à sequência de exames. O escândalo culmina com a falada alteração da lei de greve. A cada dia, o regime esmera-se em canibalizar os direitos dos cidadãos.

 

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publicado por Maria Brojo às 11:17
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Quarta-feira, 12 de Junho de 2013

EXAMES NACIONAIS, GREVE, ALUNOS E PROFESSORES

 

Michele Del Campo e autor que não foi possível identificar

 

Na Refer, na TAP, na Carris e Metro, na ANA fervem greves nas alturas decisivas das necessidades dos cidadãos. Não fora assim, quem notaria as revindicações dos trabalhadores abrangidos por aquelas entidades? Tendo sindicatos tão pobretanas quanto eles e o país – inexistentes fundos que remunerem grevistas inscritos nas fileiras sindicais -, perdido o salário dos trabalhadores à conta de nada? Não seria arguto, muito menos eficaz na força da greve como forma de luta contra as injustiças perpetradas, lesivas dos direitos laborais.

 

É inaceitável a prepotência do Ministro da Educação ao não acatar a diretiva do Colégio arbitral que rejeitou serviços mínimos na greve dos professores no dia 17 em que ocorre o exame nacional de Português abrangendo a quase totalidade dos alunos do 12º ano seja qual for a área frequentada (Humanidades, Ciências e Artes). Depende de Crato e seus acólitos remarcar o exame referido para outra data não abrangida pelo intervalo de tempo previsto na duração da greve. Talvez, quem sabe, aspira ao cognome de Iron Man. Imerecido, de facto, pela argila mal cozida das medidas até aqui tomadas que não retiraram a condição de reféns aos alunos, suas famílias e professores.

 

O Ministério continua a transmitir aos portugueses a ideia de serem os professores cambada de madraços. Desautoriza-os. Generaliza a ideia de privilégios incomuns como reduzida carga horária, férias a rodos e proventos a mais quando da profissão deviam fazer sacerdócio. Mentiras que colam na opinião pública. Soubesse esta da burocracia inenarrável às costas dos professores que lhes retira tempo para um serviço educativo de qualidade, das deploráveis condições de segurança nas escolas onde os pais deixam os filhos, outra seria a reação das famílias. Fazer dos professores bodes expiatórios é o rumo populista mais fácil. Desfoca o essencial.

 

Importa saber os exames nacionais como decisivos para discentes e docentes. Uns e outros consideram-nos momentos altos pela avaliação do trabalho desenvolvido anualmente. O caminho da greve é o último que os professores aceitam, salvo quando reconhecem em perigo a qualidade do ensino que prestam e os direitos dos alunos por via do autismo governamental.

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

publicado por Maria Brojo às 09:12
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Segunda-feira, 25 de Março de 2013

«PETER PANS» OU HERDEIROS DE MAQUIAVEL

 

Michele Del Campo

 

Podemos viver com eles, amá-los ou despedi-los sem pompa e na justa circunstância. Podemos cair na banalidade de os julgarmos meninos que em adultos preservam o bibe e são devotos dos jogos com a bola, a consola que os consola, e, até à idade do declínio, brincarem aos comboios – “pouca terra, pouca terra, muita gente, ú ú ú...” Não lhes entendermos motivos, atitudes e reações, tomando-os por «Peter Pans» ou herdeiros do florentino Maquiavel que enrolam no genoma a “Arte da Guerra”. Porque é de guerra (…)

 

Nota: texto completo aqui.

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

À laia de autocomentário/crítica do acima escrito.

 

publicado por Maria Brojo às 08:50
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Sexta-feira, 7 de Dezembro de 2012

OLHA À VOLTA E ENCONTRAS

 

Michele Del Campo

 

Mil milhões de pessoas com fome. Um sexto da população do mundo. Ouvido semelhante a isto: “é impossível preocuparmo-nos com todos: por tantos serem ficam invisíveis. Individualmente não é possível ajudar o conjunto. Mas podemos auxiliar um. Escolhamos esse. Porventura habita ao lado. Façamos dele, causa. A dispersão arruína a solidariedade.” Mistura do escutado e o ‘digo eu’.

 

Recado que parece fácil: “Olha à volta e encontras.” E volvi ao olhar que uso. De novo, absorvi imagens pobres de fatia importante das gentes do meu bairro. No minimercado, a um quarteirão distante, mãe obrigava petiz a repor na prateleira desejos simples que não podia pagar. De soslaio, eu escolhia fruta escandalosa no tamanho e preço.

 

Indecisões:
- ofereço-me para custear os desejos da criança e comporto-me como escuteira que cumpre a boa ação do dia?
- Até que ponto avilto o orgulho e a autoridade da mãe?

- Simulo não ter prestado conta ao porta-moedas vazio ao lado?
- Indago ao vendedor, que os conhecia, onde moram e ultrapasso a intimidade legítima?
- Vou para casa servir figos num jantar de afetos primordiais e passo esponja na imagem? Ou lembro e sublimo?


“Feios, Porcos e Maus” é filme e «pré-conceito». Onde cabe e como lidar com a vontade de ir além no mais fazer por quem precisa e vive próximo? Foi ontem o acontecido. Resposta por encontrar. Mas servi e comi figos. Enormes. Suculentos. Doces. Agravei o incómodo na minha consciência social já antes esburacada.

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

publicado por Maria Brojo às 08:01
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Terça-feira, 10 de Julho de 2012

‘NÚMERO DE DUMBAR’

Michele del Campo

 

"Nos anos 90, foi desenvolvida uma teoria antropológica batizada como "Número de Dunbar". Estabelece que o tamanho do neocortex humano - a parte do cérebro usada para o pensamento consciente e a linguagem - limita a capacidade de administrar círculos sociais até 150 amigos, independente do grau de sociabilidade do indivíduo. Foi baseada na observação de agrupamentos sociais em várias sociedades - de vilarejos do neolítico a ambientes de escritório contemporâneos. Segundo Dunbar, a definição de "amigo" é aquela pessoa com a qual outra se preocupa e com quem mantém contato pelo menos uma vez por ano. Ao questionar se o "efeito Facebook" teria aumentado o tamanho dos círculos sociais, percebeu que não.

_ "É interessante ver que uma pessoa pode ter 1,5 mil amigos, mas quando olhado o tráfego nesses sites, percebe que aquela pessoa mantém o mesmo círculo íntimo de cerca de 150 pessoas que observamos no mundo real" (…) As pessoas orgulham-se de ter centenas de amigos, mas a verdade é que os seus círculos são iguais aos dos outros."

 

Foram analisadas trezentas mil pessoas de todos os continentes.  "O efeito não é isolado em adultos mais velhos. Os relacionamentos fornecem um nível de proteção a todas as idades", afirmou Timothy Smith, outro pesquisador que participou do estudo. Smith alerta que a tecnologia pode levar algumas pessoas a pensarem que redes sociais face a face já não são necessárias. "Como humanos, encaramos os relacionamentos como algo garantido, somos como peixes que não notam a água. A interação constante não é apenas um benefício psicológico, mas influencia diretamente a nossa saúde física."

 

Uma pesquisa da Universidade Brigham Young, nos Estados Unidos, sugere que ter uma boa rede de amigos e vizinhos pode aumentar a sobrevivência humana em 50%. Para os pesquisadores americanos, ter poucos amigos pode ser tão prejudicial à sobrevivência de uma pessoa como fumar 15 cigarros por dia ou ser alcoólatra. Acreditam que tomar conta de outras pessoas nos leva a cuidar melhor de nós mesmos. Perder o apoio social pode diminuir ainda mais a probabilidade de sobrevivência do que a obesidade ou sedentarismo.”

 

Nota – fonte que não foi possível, neste momento, identificar.

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

publicado por Maria Brojo às 09:59
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