Marco Domanico
- Avariou minha senhora? Não, não podemos substituir a placa, não tem arranjo. Tem que comprar um novo. – Não quê minha senhora? Não ouve da coluna da esquerda? Qual é a marca do aparelho? Oh! Esse material não tem arranjo. A senhora tem que comprar um novo! – Minha senhora esses ratos já nem existem no mercado. A senhora tem que comprar um novo! – Para Espanha minha senhora. Sim, só lá é que talvez possa resolver o problema. Mas olhe que não damos garantia porque o mais certo é não ter arranjo.
Pois tem sido assim até descobrir o Sr. José António Pingo e a sua empresa de Porto Salvo. Tudo começou no dia em que um querido amigo me disse lá em cima no sotão : olha que estás sem baixos! Ninguém diria mas sou surda como uma porta aos baixos. Só há pouco tempo aprendi a ouvir para lá dos agudos, por isso fiquei tão espantada quando percebi que a minha aparelhagem “xpto” estava com problemas. Recomendaram-me a TV Zener de Porto Salvo e levei o peso pesado até ao Sr. José António que em pouco tempo percebeu onde a geringonça estava em falta.
O amplificador voltou para casa fino e na semana seguinte eu estava a levar-lhe o chip do aparelho que projectava pintinhas brancas no ecran. O chip não. O aparelho que tinha o chip por trás da lâmpada e debaixo de 32 parafusos. A marca, com representação em Portugal, não trocava chip’s. Ou comprava um projector novo ou então ficava a ver cinema às estrelinhas até o ecran ficar uma nuvem perfeita.
Arrisquei em mandar vir o chip de Espanha, caro para burro e esperar que o Sr. José António desmontasse o velho e esperasse para montar o novo sem termos a certeza que o problema era mesmo do chip. Era!
Depois foi o rato. Tenho um rato hiper qualquer coisa (sensível) que de um momento para o outro deixou de funcionar. Aliás a imagem mostra o rato e o trabalho que o Sr. José António teve para descobrir porque é que eu tinha que pressionar o botão do rato como se estivesse a garantir uma impressão digital no cartão de cidadão. Trouxe para casa o rato como novo depois de me terem garantido na loja que os ratos quando tinham este problema não tinham arranjo. Estou a olhar para o rato aqui ao meu lado que pisca de contente.
Mas a peça mais interessante que levou arranjo e aquela que criou um laço de amizade entre mim e o Sr. José António foi o circuito integrado da placa do motor que abre o portão da garagem. Esta placa que está integrada no motor é responsável pela sequência de ordens que a máquina faz ao abrir e fechar o portão. Faz não! Fazia … até as lesmas (malditas) resolverem assentar praça, com o calor que faz dentro da caixa, em cima das resistências. (…)
CAFÉ DA MANHÃ
Magritte, Ron English, autor que não foi possível identificar
Completou oitenta anos. Ausentes rugas, artroses, coluna dobrada, memória vazia do recente. Jovial, fino como lâmina de alho, agora, já ri, fala e continua sucesso entre a pequenada. Passou dos ‘quadradinhos’ estáticos da BD para a interacção com o cliente/alvo. Fez parte da infância de quase todos, da minha também. Lembro passeios com os pais em que, concentrada na leitura, colidia com troncos de árvores, derrubava bicicletas até o livro(?) me ser retirado das mãos antes de novos desastres. Parabéns Rato Mickey! Por ti tive os «galos» maiores de que me lembro.
Deslizaram vinte anos desde o primeiro anúncio dum telemóvel/ tijolo em Portugal. Num futuro próximo, confundir telemóvel com chiclete ainda vai trazer engulhos gástricos. Para já, os nossos adolescentes enviam, em média, centena de SMS diárias. Respeitando a teoria de Darwin, se a especulação chegar ao real, ainda veremos diminuir o tamanho das extremidades dos dedos humanos até igualarem os do Mickey. E, liliputianos nos dedos, olha se o resto do corpo mirra para condizer…
«Austeridade» foi a palavra do ano. “A Porto Editora revelou que mais de 12 mil pessoas participaram nesta eleição através da Internet. A «austeridade» seguiu-se «esperança» e, em terceiro lugar, ficou «troika». Em quarto lugar ficou «charter», uma palavra que passou a fazer parte de todas as conversas desde que o ex-futebolista Paulo Futre fez notícia com a expressão 'vai vir charters'. No quinto lugar classificou-se «fado» e, em sexto, «voluntariado». (…) Em sétimo, ficou «desemprego», em oitavo «Sushi», em nono «emigração» e, em último, «subsídio».” Pergunto-me o que faz a palavra sushi neste top ten. Será pelo aumento no custo da energia?
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros