Alain Aslan
‘Olha p’ra elas frescas e lindas! Venha, venha vê-las.’ Podia ser pregão gritado no Mercado da Ribeira se ainda fosse lugar de venda de sardinhas, garoupas inteiras ou em postas, ‘carapaus do gato’ para fritar, lombardos, cenouras, dióspiros de Outono e frescos mais. Mas não. Do mercado de outrora sobrou o espaço, a face lavada da renda em estrutura metálica enfeitada por folhagem _ ‘olha p’ra elas frescas e lindas’_ das lianas penduradas das luzes. Os peixes de olhos vivos e guerlas com cheiro a mar nestes dias foram substituído por «peixões» quanto mais excêntricos e chamativos melhor - cópias portuguesas e desbotadas da fauna que recheia lugares de moda em Paris, Roma ou Nova Iorque. Mas é a Moda Lisboa, senhores!
Em corredores esconsos, filas obesas p´ra olhar as ‘elas frescas e lindas’. Convites timbrados e com privilégios agregados do querido Nuno Baltazar deram acesso à entrada directa e lugares próximos do chão-passarela. Satisfeita a gula por registos efémeros do enxame de câmaras, ribomba o mar/espaço, sopra vento suão e desfilam encobertas por ondas assimétricas de sedas ou cetins ou musselinas ninfas camonianas, ninfetas que Stanley Kubrick não desdenharia.
Noutros corredores, mulheres brilham e sofrem. Nos da Europa a múltiplos, a eurodeputada socialista Edite Estrela, distinguida com o prémio da melhor parlamentar do ano na categoria Emprego e Assuntos Sociais, pugna por esbater diferenças laborais que atingem demasiadas mulheres. Assegurar novos direitos à maternidade e à paternidade também. Na Venezuela, misturada com assassinas, está prisioneira acerca de dez meses e por razões políticas a juíza Maria Lourdes Afiuni, agora candidata à Assembleia Nacional como estratégia para obter imunidade/libertação. Compreensível o aplauso de Hugo Chávez às declarações revoltadas da China pela atribuição do Nobel da Paz a Liu Xiaobo.
A quem entender tiranias frívolas ou sérias agradeço explicações à borla e à hora.
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros