Segunda-feira, 3 de Novembro de 2014

MULTAS DE TRÂNSITO E CARREIXEDE

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Will Enns                                                                                             Chris Palmen – “Retired Truck”

 

 

Receber notícia de multa é comum. Por via postal, arribam notícias maioritariamente dispensáveis: saque por via de faturas, finanças, autarquias e infrações de trânsito. Uma houve que me localizava no Porto, Rotunda da Boavista, estando à data pousada numa magnífica cidade europeia. Multa que paguei - evitar a canseira de provar que o veículo em questão dormia na garagem onde o encontrei intocado, valia, à época, os contos de réis.

 

 

História, quase simultânea com a minha, publicada num jornal sendo o veículo em causa um trator português que infringira o Código da Estrada nas “terras de sua majestade”. O trator jamais vira mundo para lá de Carreixede sob o olhar atento, suponho, do dono, agricultor honrado. Lido de revés o papel, o homem presumiu que algum dos filhos tivesse andado na maroteira. Mas não. Leu melhor. Os rapazes, ainda que pudessem ter escapulido para ir à vila montados no trator catrapiscar miúdas, beber uns copos, mostrar que se tinha mãos para aquilo para o resto não faltariam, à Inglaterra não chegavam na presumida sortida noturna. Dos moços, o testemunho: que não, nem à vila foram e da ilha não se lembrariam sabendo como água atasca motor num ai. Além do mais, por explicar regresso no alvorecer. O pai cofiou a barba, meditou, coçou a cabeça e concluiu: _ Aqui há caso!”

 

 

Este fait divers lembrou-me outro em que o envolvido foi amigo que prezo. Dobrando limites de velocidade na A1, foi lobrigado pelo radar. A multa veio pelo correio como a do outro e a minha. Nem pensou duas vezes: sabendo a multa pesada e a carta numa gaveta burocrata, afirmou que o carro era dele, sim, mas quem o conduzia fora um italiano como quem na altura negociava. E dormiu descansado na presunção da multa ocupada num vai-não-vai sem retorno. Meses passados, na demora do processo não se equivocara, recebeu convocatória para se deslocar à esquadra. Reviu pecadilhos recentes, nada de grande monta, e foi em relativo sossego, que nisto de polícia e fisco só a distância é segura. Ficou pasmo: a polícia italiana fora a casa do suposto condutor e o homem, boquiaberto, logo ali provou estar nessa altura em Itália. E o polícia para o meu amigo: _ Com que então era o outro? E o senhor onde estava? «A águas nas Caldas»?

 

 

Hoje, imagens razoavelmente certeiras permitem à polícia identificar o veículo e quem o conduz. Tempos houve, em que apenas servia de prova a matrícula. À conta disto, um colega interpelado por notificação de excesso de velocidade exibiu a carta da mãe, senhora de provecta idade. Na esquadra, exclamou:

_ Estou farto de dizer à minha mãe que não ande pra aí a assapar às 4 da manhã!

Risota geral. Preservou a carta deixando a da senhora que nem lembrava como manejar um volante.

 

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

 

publicado por Maria Brojo às 10:59
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Olá. Posso falar consigo sobre a sua tia Irmã Mar...
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