Que os “barra bravas” não arruínem a festa última deste campeonato do mundo.
A torcida dos “barra bravas” da Argentina é considerada perigosa. Carateriza-a o apoio incondicional ao futebol do seu país, cânticos mesmo quando está perdido o jogo. Contudo, é responsável pela violência antes, durante e depois dos confrontos futebolísticos, pelo narcotráfico e ilegalidades várias que afetam toda a Argentina. Desejo boa sorte à "Seleção das Pampas".
CAFÉ DA MANHÃ
A Clockwork Orange Self Portrait of the Artist, 1889, Orsay Like the Simpsons
Desde o início do Mundial de Futebol 2014 que desejava final entre um país da América Latina e um Europeu. Antes do Argentina/Holanda, a minha simpatia ia direta para a “Seleção das Pampas”. Não tinha reserva alguma, salvo a atrás referida, contra os da “Laranja Mecânica” nem contra o fabuloso filme de Kubrick estreado em 1971 nem contra os conterrâneos de Van-Gogh nem contra a pintura flamenga nem contra os grandes homens que deixaram impressivo legado ao mundo nem contra o povo dum país que amo e me fascinou. Bem pelo contrário, a Holanda encantou-me enquanto país de postal ilustrado que é semelhante a dizer pelos belos clichés que a publicitam: canais, moinhos de vento, campos e o mercado das flores em Amsterdão, os tamancos de madeira e a cerâmica de Delft a que não resisti, as vestimentas tradicionais, o queijo Edam. Mas houve mais. Senti-me próxima de Rembrandt, de Johanes Vermeer, de Piet Mondriam , de Vincent Van-Gogh no que à pintura concerne. No pensar o tempo, colei-me a Erasmo de Roterdão, Espinoza, René Descartes, aos escritores Harry Mulisch, Cees Nooteboom (“Os Distúrbios de Paris” e “Nas Montanhas dos Países Baixos”). Lembrei as vítimas da Segunda Guerra Mundial documentada por Anne Frank no seu diário e na casa onde se abrigou dos invasores alemães.
De regresso ao «mundo da bola» que, por ora, canibaliza notícias de importância maior, aguardo (in)tranquila a final domingueira.
CAFÉ DA MANHÃ
Argentina Holanda
Fernando Chamarelli
Foi o cântico que durante mais de uma hora após o jogo de ontem neste Mundial 2014 os adeptos alemães entoaram nas bancadas perante um Brasil em lágrimas, trucidado a 7-1 por uma divisão panzer. Mal haviam passado dez minutos de jogo, o descalabro: nos pés da seleção germânica, a bola penetrou quatro vezes na rede brasileira. O uso, antecipado como festivo, de máscaras de Neymar distribuídas pelos milhares de brasileiros presentes no estádio de Mineirão acabou como serventia para esconder mescla de tristeza, vergonha, fúria. Sentimentos opostos aos de 2002 quando, na final, os ‘canarinhos’ liderados por Ronaldo derrotaram a Alemanha e tiveram direito ao «caneco». Ontem, o segundo frente a frente destas seleções.
Uma nova palavra, retomando o significado de tragédia da seleção brasileira em mundiais, nasceu ontem - «Mineiraço». Lembrou a inventada no Mundial de 1950 – «Maracanaço», flutuavam ainda no ar cinzas, estavam quentes os canhões da Segunda Guerra Mundial. No congresso de 1946, a FIFA escolheu o Brasil como anfitrião do Mundial de Futebol de 1950. Nenhum país europeu foi candidato pelo envolvimento na reconstrução pós-guerra. Único quesitoimposto pelo anfitrião: adiar um ano o pontapé inicial para construir o Maracanã. Excluídos Alemanha e Japão tidos como responsáveis da guerra e das consequências brutais. .Excluiu-se a Argentina por razões políticas. O Reino Unido, a Escócia, Portugal e a Índia decidiram a não comparência, alegando os asiáticos a proibição de jogarem descalços. (…)
Nota - texto publicado na íntegra aqui.
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros