Ernan Tornea Pillerva – “Pope Francis” Dan Lacey – “Pope Francis”
Hoje, o Papa Francisco celebra 78 anos. Há três dias, visitou a paróquia de São José, na periferia de Roma. Durante a missa, eram ouvidos choros de crianças. O Papa Francisco afirmou: _ “O choro da criança é a voz de Deus. As crianças choram, fazem barulho em todos os lugares. Mas nunca podemos expulsar as crianças que choram na igreja”.
Assim, o Bispo de Roma respondeu à tão comum situação de constrangimento dos pais nas missas de domingo: se por um lado não querem perder a missa, por outro, não sabem com quem deixar os filhos pequenos; muitos acabam deixando de ir à igreja para não receber olhares acusadores de outros fiéis.
Falando de maneira improvisada, segundo o jornal romano “Il Messaggero”, o Papa recordou que, quando alguém se sente incomodado ao ver uma criança chorando na igreja e pede que ela seja retirada, está apagando a voz de Deus. Segundo Francisco, o choro das crianças “é a melhor pregação”.
Com a simplicidade de um pároco, o Papa recordou o que Jesus disse: “Deixai que as crianças venham a mim e não as impeçais, porque o Reino dos céus é daqueles que se assemelham a elas” (Mt 19, 14). O Papa Francisco recordou que o Natal é das crianças. E recordou aos adultos a alegria do significado profundo do nascimento de Jesus em um presépio. A glória do Natal não se reduz a uma ceia pomposa, recordou o Papa durante a visita à paróquia.
Sem um texto preparado, acrescentou: “Mas, padre, nós fazemos uma grande ceia... Isso é ótimo, mas esta não é a verdadeira alegria cristã. A Igreja quer fazer entender o que é a verdadeira glória. Não podemos chegar ao dia 24 de dezembro dizendo que falta isso, falta aquilo... Esta não é a verdadeira glória cristã”.
O Papa encontrou-se com crianças, jovens catequistas, ciganos e doentes. Nesta mesma visita, confessou 5 paroquianos. No final, celebrou a santa missa na paróquia romana sem apagar a voz de Deus: as crianças.
CAFÉ DA MANHÃ
Alberto Vargas
Eram cinco. Rostos erguidos, nariz praticamente na vertical. A isso os obrigava a pouca altura. Na curva do passeio, entre dois acessos a vias rápidas, destacavam-se. E olhavam. Miravam e comentavam. Remiravam, depois. Das alturas não arredavam os olhares. Parada no semáforo atrás deles, pertencia-lhes a minha atenção. O conjunto contemplativo interrompia a pressa urbana. Na tarde dormente, a implacável hora de ponta cadastrava quem não lhe cumpria o ritmo. Como eles. Como eu.
Cinco miúdos adolescentes: doze, treze anos, não mais. Gangas descaídas, polares com capuz, mochilas em corcunda incómoda. Entremeavam silêncio e fala. Embasbacados, comentavam o conteúdo do outdoor publicitário. Por isso esticavam a coluna e inclinavam para trás a cabeça. Lá em cima, como divina aparição, uma mulher reclinada com langor e sumária lingerie. Encarnado - cor voluptuosa sugerindo interditos, em hipótese última, Natal. O branco na grinalda enfeitava comprido e loiro cabelo, pompons nos chinelos provocadores. E os projetos de homens, cá em baixo, apreendiam a lascívia que da mulher emanava e fazia caldo ebuliente com as hormonas juvenis.
Inesperada imagem interrompendo a, dos outros, corrida tardia. Um outdoor revelando publicamente o fascínio de uma mulher. Sugerindo ideal adulto, desejo de aprender e crescer e ser homem que a tivesse nos braços, com ela aprendendo na quentura da carne a concretização do desejo sexual. Nos veículos parados, poucos se detinham na figura elevada - aos mitos urbanos estavam habituados e sabiam quanto deles a vida os afastava. Os miúdos não. Ali, num empedrado da cidade, possuíam a mulher, a tarde, o futuro.
CAFÉ DA MANHÃ
Respira o Natal. As mil luzes são homenagens dos terrenos a um tempo que a muitos faz sorrir, esquecer sortido de misérias onde milhões de gentes rebolam, perdida vida digna.
O design dos objetos inspira conforto e quentura nos corpos que dele se servem. Ali, à beira-rio, a neblina esconde o fluir do Tejo rabino pelo vento do dia, há tranquilidade. Silêncio como bem maior.
A pintura forro duma parede sugere alegria pelo colorido da paleta. Não fere porque inserida em recanto neutro nos tons. Do espetro das luzes visíveis, quase todas presentes na saudação a quem chega.
Na largueza do espaço, exposição. Perdida a fotografia onde figurava o nome do autor de tanta beleza e qualidade.
À saída, mural com dimensão impressiva. A Modern Pop Art como estilo pictórico, a cerâmica como suporte. Impossível não haver detença perante a extraordinária variedade cromática saída da mufla. O brilho do vidrado ilumina passantes. Moldura: neblina sebastiânica.
CAFÉ DA MANHÃ
Texto corrido
Respira o Natal. As mil luzes são homenagens dos terrenos a um tempo que a muitos faz sorrir, esquecer sortido de misérias onde milhões de gentes rebolam, perdida vida digna.
O design dos objetos inspira conforto e quentura nos corpos que dele se servem. Ali, à beira-rio, a neblina esconde o fluir do Tejo rabino pelo vento do dia, há tranquilidade. Silêncio como bem maior.
A pintura forro duma parede sugere alegria pelo colorido da paleta. Não fere porque inserida em recanto neutro nos tons. Do espetro das luzes visíveis, quase todas presentes na saudação a quem chega.
Na largueza do espaço, exposição. Perdida a fotografia onde figurava o nome do autor de tanta beleza e qualidade. À saída, mural com dimensão impressiva. A Modern Pop Art como estilo pictórico, a cerâmica como suporte. Impossível não haver detença perante a extraordinária variedade cromática saída da mufla. O brilho do vidrado ilumina passantes. Moldura: neblina sebastiânica.
Magritte e autor que não foi possível identificar
A Deloitte apresentou conclusões dum estudo sobre o valor previsível gasto por família em cada país da Zona Euro. Dos países constantes da análise, a Irlanda encabeça o rol, Portugal ocupa o meio da tabela, acima da Alemanha e com a Holanda em último lugar. A diminuição de 8% nos gastos quando comparada com a do ano anterior discorda do pessimismo e das reais condições económicas dos portugueses. Poder-se-á afirmar continuarmos despesistas - os que podem e são menos a cada dia - não hesitando em das magras bolsas alargar os cordões ao chegar o tempo natalício. Poder-se-á argumentar serem os países latinos predominantemente católicos e a festa do aniversário de Cristo a principal no calendário do catolicismo.
Se até há um ano os cartões custeavam excessos que em Janeiro seriam pagos e faziam do mês primeiro o mais pindérico dos doze, hoje, já os fundilhos foram virados ao contrário em busca de alguma moeda esquecida. Metade do subsídio de Natal mal chega para atrasados em dívida, para as peúgas destinadas ao avô, quanto mais para os ténis novos que faltam ao Joãozinho, cansado dos que diariamente calça e têm beiços da «sola» à vista. Mas não! Segundo a Deloitte, parece que o Joãozinho terá os ténis cobiçados, a Carlinha nova ‘barbie’, a tia Arminda o vistoso arranjo floral em garantido plástico que enfeita a montra do «chinês» próximo e nela faz um vistaço.
Ora, pensava esta escrevinhadora que neste annus horribilis pontificaria na mesa o bacalhau com todos, rabanadas caseiras e pouco mais; os presentes seriam sorrisos e gestos de afecto significativos como constitui um postal escrito com a alma nas palavras, lembranças para a criançada. Conjectura por tomar como bastante a ternura e o pensar amorosamente naqueles que nos enchem o coração. Havendo fundos extra, contribuir para ajudar família ou obra carenciada. Curto e simples: um Natal como os anteriores deviam ter sido. Deviam, mas não foram e participo do mea culpa. A verdade é que os portugueses aos quais ainda não falta pão e emprego optam por gozo à fartazana, mesmo que Janeiro e seguintes sejam enxaqueca continuada.
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros