Anthony A. Gonzale, Bob Cornelis
Nesta cidade de Lisboa onde já pinga Outono nos ventos que correm nuvens e bamboleiam plátanos jovens, foram abertos gavetões, gavetas e outras em ponto menor. Achados pertences em desuso, alguns nenhum ou pouco uso contabilizam por terem sido adquiridos ‘numa’ de just in case. A cautela trouxe-os, o case não aconteceu - jamais pernoitou, até agora, gentiaga amiga ou de família que justificasse estreia ou emprego consecutivo dos haveres armazenados. Como não há feitio para desperdiçar existências, repousam em sacos, prontos a marcha que termina na casa beirã em remodelação. Com a tarefa exaustiva de espiolhar arrecadação e armários veio sinal de alerta: coluna dorida. No entusiasmo e pressa, posta de lado a postura correcta para levantar pesos – abdómen contraído, costas aprumadas, dobrar os joelhos. Fica o aviso para a barrela do tecto ao chão que daqui a par de dias começa. Ver tudo reluzente dá gosto, mas, preferencialmente, com a mulher em condições de executar, sem parança, o necessário. E o Senhor Mário que se vá preparando para os socalcos e muros de granito que os sustêm bordejados por sebes de crescimento rápido porque as videiras, de tão antigas, orgulhosas sobreviventes, surgem aqui e ali desalentadas. O resguardo das prometedoras, havendo saber e cuidado, lembrará o esplendor rural de outrora, a azáfama das vindimas, a feitura do vinho no lagar da loja, o cheiro a mosto.
É o Outono que chega nos sinais da Terra, da atmosfera, das memórias, na malha sobre os ombros, na vontade de preparar «outonos» de algumas vidas que a boa Estrela acoita e acoitará.
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros