Destino traçado pelos pais: cursar letras ou farmácia. Renegou o gosto familiar, rejeitou a condição de herdeiro em exercício na gestão da farmácia dos ascendentes. Fosse hoje, teria desculpa fácil para justificar o desgosto infligido aos papás: _ Não tive dezassete de média na candidatura ao ensino superior, portanto a botica não me reterá. Fosse hoje, fosse jovem português, mesmo com nota negativa teria entrada em 38 cursos. Sendo difícil de torcer a exigência paterna de Claude Chabrol, para lograr papel que atestasse o estatuto de licenciado tinha à disposição 19 cursos vazios de alunos – Paisagismo e Design de Jardins, Engenharia de Madeiras, alguns. Teimasse o rebelde Claude no fascínio pelos ecrãs e acedesse à sedução de canudo guardado em gaveta esconsa, podia cursar Engenharia e Desenvolvimento de Jogos Digitais. Mas não, Chabrol quis de cinema saber mais. Muito como provaria até aos oitenta anos.
Claude Chabrol foi realizador inteligente, independente e irreverente. Amava prazeres lícitos e polémicos como a preguiça e a gula. Se da preguiça não existe prova cinéfila, sessenta filmes, média de dois por ano, já localidade com gastronomia de eleição podia determinar pernoitas durando filmagens. Gourmet também na tela, livros compilaram menus e receitas exibidas com minúcia. E se houve período em que a crítica desdenhou obras por ele assinadas... “Sempre filmei não importa o quê, mas nunca não importa como. O estilo é a chave, é o que faz a autoria.” Escassas palavras rejeitam a actual e nossa aposta de algumas instituições de ensino superior em cursos apertados na abrangência da especialização.
2010 levou Eric Rohmer e Claude Chabrol. Antes, partira François Truffaut. Golpes duros para os amantes da Nouvelle Vague que dos realizadores da geração de ouro no cinema francês conta nos vivos Jean-Luc Godard.
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros