Segunda-feira, 1 de Julho de 2013

NUA NO GOZO DO GOSTO

 

“Nude with a cat”. Balthus. Óleo sobre tela, 80,5 x 65,1. Nati­o­nal Gal­lery of Vic­to­ria. Melbourne

 

Em criança, prometia rebeldia e despudor. Não seguia as normas a que era obrigada. Se convencida com jeito, se o raciocínio aceitava a lógica das regras sociais que a mãe, mais do que o pai, incutiam, era possível que as acatasse. O ‘porque sim, como resposta dos adultos, era pavio inflamado que nela explodia a pólvora das emoções. Desconhecida a razão, sopa de genes que havia dado boas provas de obediência originara nitroglicerina com embalagem humana. Vá alguém saber o porquê, a pequena antecipava a cronologia de todas as etapas tradicionais do crescer.

 

Aos nove anos quase completos, o gato como testemunha, sangrara pela primeira vez. Por via de cochichos atrasados, entendeu e rejubilou com o rubro escorrido nas pernas. Tratou do assunto com despacho e sozinha. Lavou-se. Enfiou toalha de bidé dentro das cuecas. E foi trocando toalhas e cuecas até a fonte secar. As sujas foram para cova na quinta. Trindade de meses passados, as queixas domésticas pelo sumiço das cuecas da menina e das toalhas acabaram em culpa de ladrão por identificar. Um tarado!, tinha de ser. E ela, moita-carrasco, o mesmo é dizer nem chus nem bus.

 

Logo após, etapa em que foi como as outras meninas: revoada de prazer nascida no baixo-ventre deixou-a pasma. Invulgar o cenário do momento – em vez do estado dormido e sonhador comum, acontecera num dia de estio, o gato testemunha sempre perto. Daí em diante, nada foi como o precedente: queria mais e mais do mesmo. Sem sucesso, tentou lembrar-se do que pensara naquela tarde. Nua, espelho na mão, partiu à descoberta da fonte que ora sangrava ora a fazia estremecer. Viu boca com lábios túrgidos e o botão que protegiam. Manipulou-o. À terceira, ondulava no mar quente da fonte.

 

Já os seios se erguiam, duma só revoada de prazenteiros tremores mais vinham. Ajudava, racionalizou, imaginar-se observada. Ao oculto que a via atribuiu contornos do tio. Numa das tardes de canícula, dormia ele nu (…)

 

Nota: texto integral aqui no " Museu das Curtas".

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

publicado por Maria Brojo às 10:02
link | Veneno ou Açúcar? | favorito

últ. comentários

Olá. Posso falar consigo sobre a sua tia Irmã Mar...
Olá Tudo bem?Faço votos JS
Vim aqui só pra comentar que o cara da imagem pare...
Olá Teresa: Fico contente com a tua correção "frei...
jotaeme desculpa a correcção, mas o rei freirático...
Lembrai os filhos do FUHRER, QUE NASCIAM NOS COLEG...
Esta narrativa, de contornos reais ou ficionais, t...
Olá!Como vai?Já passaram uns meses... sem saber de...
continuo a espera de voltar a ler-te
decidi ontem voltar a ser blogger, decidi voltar a...

Julho 2015

Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab
1
2
3
4
5
6
7
8
9
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31

pesquisa

links

arquivos

tags

todas as tags

subscrever feeds