Quinta-feira, 16 de Outubro de 2014

NEGÓCIOS QUE AMOR CAMPEIA

José_Malhoa_-_O_Ateliê_do_Artista.jpg

José Malhoa - Conversa com o vizinho, 1932.jpg

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

José Malhoa – “O Ateliê do Artista”                                                                              José Malhoa – "Conversa com o vizinho", 1932

 

Em cada trinta segundos na União Europeia, por cada dois casamentos um acaba em divórcio. Em Portugal, um terço dos casamentos é dissolvido, setenta e cinco por cento dos quais a pedido da mulher. Não me pronuncio sobre a possível inquietude dos números - a rapidez das mutações sociais não ajuda ao distanciamento e à objetividade da análise. Tendo o meu leque de certezas duas varas - a vida e a morte -, o das convicções é mais abonado. Entre elas, a de subscrever reflexão dum amigo: “Nenhuma convivência prolongada se fundamenta e apoia em grandes amores! Nem preponderantemente nisso. Imagina o desconforto e o desconsolo que me causa o facto de estar repetidamente a constatar que centenas de pessoas que conheço ou de que tenho notícia, sofrerem do mesmo mal - a teimosia de confundir afetos com arranjos e a teimosia em apoiar as convivências nos amores sexuados, excluindo ou relegando, em importância, outras qualidades da pessoa próxima?

 

Porque as sociedades são dialéticas, a Áustria engendrou a primeira “Feira do Divórcio”. Há que responder a novas realidades, foi o entendimento, fosse pelo lucro ou pelo auxílio às gentes enrodilhadas em fraturas matrimoniais. Pelo que soube, aquilo esteve à pinha de advogados prestimosos, agências de viagens para os solitários, imobiliárias, detectives, laboratórios para testes de paternidade, organizadores de festas da libertação. Um delírio.

 

Longe vão os tempos em que um par casava sem pensar no rompimento do laço. Hoje, dizem profilática a prevenção de inúmeros detalhes. É o tempo do pragmatismo nos afetos. Louvo a racionalidade, dói a desesperança implícita. Ou talvez nem seja nada disto e apenas lixiviar as nódoas que podem conspurcar o contrato, que as da alma não há feiras ou detergente que eliminem.

 

Lembro frase ouvida: “Conheço pouca gente tão feliz como alguns recém-divorciados”. Acrescento: e antigos e solteiros e muitos casados e numerosos em uniões de facto. Porque a felicidade não começa nem acaba por num papel ficar assinatura prantada, recito improvisação d’alguém:

 

“A Leonor casadoira ficou sem o esposo e já não oira

É das que conheço muitas

são mulheres 'd'um homem só'

enquanto duram as paixões

ou não desfazem o nó

dedicadas mais qu'as demais

aos interesses qu'as norteiam

boas sócias

são leais até ao dia em qu'as coisas reais

fecham negócio! qu'amores campeia”

 

CAFÉ DA MANHà

 

 

publicado por Maria Brojo às 08:34
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